segunda-feira, dezembro 19, 2011

Registro

Começava sempre com uma sensação de tempo perdido. Diferente daquela de 'arrepender-se e querer voltar atrás', corria como uma busca incessante por justificativa que satisfizesse o dia. Não queria reescrever pois não possuía ideia nova, não tinha criatividade para tal. Queria passar a régua, poder começar novidades, algo que se justificasse por si só, sem precisar de lógica, explicação. Algo suficiente, dogma, sabe?

Caía sempre na discussão do que seria registro e controle. Se o relógio transcrevia fielmente as horas e os dias, era registro. Se se mirava os dizeres do relógio, era controle. E vinha carregado de vontade, u'a mentalização que o fizesse girar mais rápido ou devagar, parar, até. Mas, imbuído com a ideia de que era registro, passou a assinar acontecimentos com o tempo, o horário mesmo, tal que pudesse ser fiel à todas as mudanças, o que seu próprio nome nunca foi, ao menos ao se apresentar com frequência.

Ao observar todo esse registro, constante-mutável, achava que tinha o controle.

Mas, era apenas registro. Mesmo!


quinta-feira, dezembro 15, 2011

Chuva

As cortinas não impedem o contato visual mais.

Bastou abrir bem os olhos e não se restringir às primeiras ocorrências, desculpas falhas, suficientes para quem tem sede de se justificar. Ou quem não lida bem com a pluralidade de afazeres e anseia, angústia, um tempo ocioso regado a descontentamento.

Seria mais fácil encarar a chuva. É.
Que tudo é motivo para se aproximar e expandir o que se tem, tal a reduzir o efeito antigo às outras pessoas. Pois conhecimento deve ser partilhado, atitudes também.

Vai que contagie?

Contaminados com a ideia de um todo carente de participação, uma criança que apenas quer contato visual.

Chuva não atrapalha.


segunda-feira, dezembro 12, 2011


10

Não seriam dez anos se não houvesse o primeiro. Como qual, no noturno romantismo de mesa de bar ou, mais precisamente, num programa qualquer de comunicação eletrônica surgiu a ideia de escrever um "blog". Na época, nem era tão popular assim e por que não estar na vanguarda?

O mote era escrever, mas não para ser lido. Ou ao menos era essa a justificativa para não alardear os quatro cantos do mundo sua existência. Nossa existência. Desejos sinceros, ocorridos ou não, um desabafo de como a realidade tornava o sonho tão triste. Não o contrário. Dilema foi carregar sempre uma possibilidade distante, ainda que em órbita, tal a não precisar voltar atrás nunca! Estava sempre ali, uma estante com as estórias que queríamos ou deveríamos ter, em relatos que nos distanciassem do fato e nos permitisse vivê-los.

Não era possível prever dez anos. Nem um ano ou mês. Era algo elegante num sabor de novidade. Acabaria logo, certamente.

O que não se sabia era que, mesmo nascendo despretensiosamente, poderia representar tão bem. Tão forte, que seria uma violação retirá-lo de seu autor. Uma parte tão completa que, em seus silêncios, tornava reticente a própria página. Sempre foi reflexo de inquietude, expansão. Molde de uma realidade cabível, controlada para fornecer alguma reflexão útil.

Tanto parte do cotidiano que as reflexões continuarão a vir para cá. Ao menos é o que parece. Sem muito planejamento ou esperando que resolva a vida de cada um. Mas sabendo que, uma vez que não estamos sozinhos por aqui, haverá de retratar algum momento único, como uma foto, uma música, algo que se perderia sem relato. A voz que murmura quase silenciosa, mas com ouvidos; registro rápido de uma ideia que logo se foi.

E haverá sempre relato.

Sem dúvida.

..

O meu muito obrigado por tanto tempo de leitores e comentários. Seria mais difícil sem vocês...
Agradeço, também, ao vídeo (link aqui) idealizado por NMB que faz tudo ser tão gratificante!!


=) !


segunda-feira, dezembro 05, 2011

Braços

Não se trata das ideias cujos braços não abraçam. A questão reside na forma receptiva clássica: bem abertos.

Estendidos ao horizonte como apaixonado, pronto, incólume! Mas susceptível a hordas de sensações. Em verdade, nunca tão pronto estaria. Pois o ímpeto, a valentia, é sempre baseado em fatos passados, nunca alinhados com as novidades. Um adulto confiante em assuntos infantis... mas, enfim, resolvidos. Se não se ater a tal possibilidade, ainda que tardia, viveria sempre incompleto?

Oras, mas não é exatamente esse o ponto. É apenas saber que não se consegue manter os braços abertos por muito tempo. É necessário pausa, abraçar o mundo bem próximo, um universo inteiro, para então poder traçar estratégia de como permanecer em tal estado por mais tempo, sem máscara qualquer.

Por enquanto, talvez eu me deite um pouco.

Cada vez por menos tempo.

Até pleno.


quarta-feira, novembro 09, 2011

Como

Um começo de massagem circular nas têmporas. Para, quem sabe, soltar o nanofio que faz questão de lembrar sua presença em tal momento conturbado, mantendo a tensão de um estado triste de guerra.

A pouca sinceridade confronta a inocência de tantos românticos. Cegado pelo volume das vozes díspares e tão surreais. Excesso de realidade, talvez. Um branco esvoaçado mostra o excesso e ainda que os olhos lutem, se veem semicerrados, prontos a desistir de tantos excessos.

Dorme. Mais que o usual, de forma a conseguir manter alguma faculdade, plena. Que ainda lembre dos tempos calmos e de como tudo poderia funcionar, como no sonho.

Onde havia energia para transformar a bagunça em equilíbrio, já que energia externa é necessária.

E o sonho! Que lembra do sorriso, que é bem real e melhor que imaginação qualquer, do brilho dos olhos e o coração desenfreado do estudante.

Do romântico. Que acredita sabe, que há mais do que se pode ver. E a solução será imprevisível, e boa!

Nuvens irão embora e o que é sombrio, também.

Que seja profético!


segunda-feira, outubro 03, 2011

Mãos dadas

- Ei... olha só...!


O mar enevoado.  Das ondas que vem e vão, em espumas de uma neblina etérea, surreal, banhando como praia o belo e extenso vale do Paraopeba, serra da Moeda.

- Olha! Juro... é incrível...


Donde estrelas e lua brincavam de cintilar tal a testar a veracidade do que era visto.

A cada abrir e fechar de olhos, pôr em cheque a crença de que os tais caminhos de outrora eram capazes de convergir em harmonia e cumplicidade infinitas. Sem razão e cômicos. Voluntariamente comparar olhos fechados e a visão à frente, tão próximos! Esse sonhos... tão pouco detalhados!

Havia de concluir após longo descanso, de mãos dadas e repousadas em seu colo.

Há a volta, oras. De volta ao medo de que se perdesse em tamanha cidade a grande mágica que enlaça os nossos dias. O cotidiano que intoxicaria os olhos e prenderia a respiração. Asmático, ofegante, trôpego! Não. Se tal receio de se perder em caminhos conhecidos for forte o bastante, encontrem-se juntos, onde nunca estiveram.

Caminhando...

De mãos dadas.


sexta-feira, setembro 16, 2011

Algo


A história corre sempre no mesmo lugar. Palcos presenciam diferentes necessários espetáculos! A bagagem a torna outra, sincera, num gozo de se permitir às conclusões de novas reflexões. De se ater ao que o sonho não foi capaz de criar: a realidade imprevista e recíproca. Manhosa e brincalhona! Cúmplice, no olhar rápido a um lado e outro, certo de que não se é observado. Pronto, é permitido ser e sentir.

Que sentidos novos são estonteantes, algum idoso deve ter bradado alegremente. O que a juventude pouco entende é o que esteve adormecido, guardado, respirando o encanto ressonante d'outra alma. Aguardando o transbordar de uma janela aberta com vontade, deixando o ar, luz e calor entrar. Que a insistência em descrever é a certeza de nunca achar a correta forma, que tudo o que se sente é mais e que vale a pena curtir o silêncio e a leitura daquele olhar. Dessas expressões puras e mais profundas do que o limite de nossa razão e controle, que angústia alguma é capaz de exprimir palavra.

Por tempo qualquer. E para sempre.

Há um novo senso, sentido.

Estende a preguiça de ter sono. Até se esquecer o motivo.
E essas projeções de faróis de carros, rápidos... Fazem do teto do meu quarto um... Retrato?

Amanhã é outro dia!

Quem sabe posso vê-los novamente.
Saciar essa vontade de ser parte de mistério.
Parte de história.

De reflexo.
De mim mesmo.


sexta-feira, setembro 02, 2011

Num Ponto

A pausa é tempo infinito. De respirá-la quanto se faça necessário a iniciar um novo tempo, que pede tal pausa. Encontra em novo espaço o conjunto de doutrinas aceitáveis ao novo, uma correção entre palavras de um longo texto já escrito.

O manuscrito, rascunho rabiscado e adicionado de uma porção de orações tal a tornar outro o que já estava escrito. Intensificado, pontuado e reafirmando os eventos que estão porvir. Quase sem espaço, comprimida entre duas palavras, dias, um "v", aditivo, um funil, vale, que concentra tudo num só ponto, para que assim comece a fazer, ser, o correto sentido, mais completo.

São inserções necessárias, retificações que incluem novos modelos de percepção numa igualitária e bem-vinda troca de formas, iluminadas insistentemente. As antigas silhuetas permaneceriam a cobrir as imagens que surgiriam a seguir. E se movem, deixando entre danças prazerosas o sabor e cor das novas luzes. Da fumaça que torna a luz visível no espaço, se enforma do sensual e inebriante movimento, do movimento, movimiento!

Ah! E se move!!

Como toda a fluidez natural desejada, antes e temporária, represada por fim algum, sem razão, tocada pelos ventos rápidos que pouco causam. A não ser o desejo de ser liberto. Sim. Assim como nas últimas semanas foi, em que águas fluidas como o próprio vento, sonha ter peso algum, e se permitir levar ao longe, mais do que si própria, os sabores de tudo que já tocou.

Liberto, não só.


domingo, agosto 14, 2011

Depois da Chuva

Aperta o peito. Ofega a respiração, acelera os batimentos para fazer o tempo correr. Em vão, já que o tempo é senhor dele mesmo. Tempo que nos mede, sorri e faz a seu julgo o nosso entendimento.

Porque o tempo corre diferente com essa distância. Ao que meia tarde são dias e a chegada da noite, um ano inteiro. Longe da cumplicidade do crescer responsável, sincero, apaixonado. Tolerante, amor. Que pudesse caber palavras à difícil retaliação das mudanças, que vingam e apunhalam a beleza, felicidade, dos novos costumes.

Que silencia à busca de alguma razão justificável, uma certeza, ponto de partida para algo maior. Ah!! Como se fosse necessário! Já começara.

Afinal, estar pronto é bobagem burocrática. Ser pronto e ponto! Para uma única... e somente. Pois não há algo maior.

Na verdade, há sim... O que houver entre nós, amanhã.

E depois.

E depois.

E depois...


sexta-feira, agosto 12, 2011

Todo, parte

Em afluências intensas e duradouras.

Por tempo, muito. É desejo.

Após e quando se pôde observar o mundo escrito na história das folhas, registro de quem esteve sob tal sombra, acompanhado de novos intensos amores!! Amarelos, roxos, vermelhos. Verde difuso, etéreo. Um céu limpo e claro de fundo. Um eterno novo.

De ser parte e todo, a assunção pública de querer bem, após reter irracionalmente os mais belos sentidos. 'Parte' por ser capaz de distinguir alguns traços, de toda a reforma necessária para a completude. 'Todo' após sentir-se pleno.

Todo e parte. Um só, não sendo claro os papéis, porém, certos de que os traços são inconfundíveis... risonhamente. Há mais tempo do que se pode assumir, suficiente para rir baixinho, escrever a história e contar depois...

Parte e todo, todo e parte.

Completo.


sexta-feira, julho 22, 2011

Ecos Recentes

Cidades não nos respondem a essa hora.

O necessário automóvel, veloz no dever de chegar a algum outro lugar, cria caminhos próprios, violando as linhas e regras que a luz do dia impede! Ah!! O bom-senso...

Isto também não rege as vivências da madrugada, onde o sentido é mais abstrato e os desejos, mais intensos - ainda que mais justificáveis sob olhares diurnos. Sabido é que a noite mal-dormida influencia mais o exterior do que o oposto. São todas essas projeções, das luzes que refletem inúmeros úmidos planos antes de desaparecer em algum rosto desconhecido.

Isso faz esquecer a insistente dúvida e desconsolo. Temporariamente.

O iluminado semblante quase infantil de adrenalina, selvagem. Em paz. Há um novo molhado cinzento dia, onde há média em tudo. Apaziguados ânimos.

Sossega.

Que pausa de silêncio é boa quando se pode curtir os ecos de sons recentes.


quarta-feira, julho 20, 2011

A Música

Ou as músicas. Em verdade, toda vez que a ouvia percebia outras gravações se sobrepondo, criando uma versão única, só dele. Como diferentes vivências ocorridas em um mesmo conhecido lugar.

Camadas e camadas de inúmeros acontecimentos no estático plano de fundo.

Um êxtase.

Enquanto numa corriam os instrumentos a seguir a batuta, noutra se admirava o eco e o valor do silêncio. Camadas. E alternavam, entre uma e outra, as vozes que contemplavam tais distintas formas e paixões. Ditavam os passos inesperados e a imprevisibilidade, um improviso planejado na cadência de cada um dos ritmos intercalados, harmoniosos, intermitentes.

Era musicada, composição do dia-a-dia.


domingo, julho 17, 2011



Ponto

Entre as confusões de ideias da nossa cabeça, o mundo.

Inteiro, a ser observado, retratado, admirado.

Pois há o que é preciso enxergar fora para somente depois entender e justificar o que há dentro.

A vida interna é um reflexo do que somos capazes de assumir que gostamos e que queremos... os conflitos, fruto da instabilidade de mover-se mais rápido do que se conseguiria, senão estivesse impulsionado pelo anseios dos prazeres dos novos estados. A ideia de um novo retrato que nos represente melhor do que antes.

Isso, o novo ponto de partida.


quinta-feira, julho 07, 2011

Eu

Silencio.
Para ouvir as vozes ressonantes e
Os ecos
Insistentes, dissonantes.
De preocupações e razão.
Todos corretos,
Sinceros,
Exagerados.

Dramáticos.

Preces que rezam o futuro.
Nada mais.
Desdobramentos da rivalidade de ser,
Dia após dia,
Diferente.


segunda-feira, julho 04, 2011

Recorre

Nas minúcias do imaginar preenchidas lacunas. Costura de retalhos, excertos e pequenas estórias na sequência fictícia, de personagens projetados e torcida para a convergência esperada! Conspiração a favor! Belas cenas, meticulosamente previstas!

Mas, planejar é viver.

Vivas cada lembrança dos toques e aromas, tímidos. Do vento e das pálpebras envergonhadas inclinadas ao chão, os fios de cabelos ajuntados, sempre oscilantes. Planejar é como recordar. Da mesma forma que os planos se confundem na hora de contar os ocorridos, com a correção das intensidades únicas e certos exageros. O tempo se dilata! Cabe muito mais coisa!! A narrativa se comprime na intenção de passar por diversas marcas e assegurar a completude!

De fora, é a mesma coisa - planejar, lembrar.

O mesmo narrar.

E planejar é viver...
Não insista em repetir, pois.


segunda-feira, junho 27, 2011

Passo Curto

Um pé e depois o outro, sucessivamente.
É assim, mais ou menos, o silencioso murmurar de quem acaba de acordar e precisa descer escadas. Por mais tempo que se conheça, é sempre diferente.

Surpresas.
Mesmo, e até, em conhecidos caminhos.
Como o bater de asas de um aflito beija-flor abrigado da cinza e fina chuva paulistana.

Em permissão por uma fresta à janela se foi, contente.
Aliviado, tranqüilo.

Não foi o primeiro pássaro a aparecer por essas bandas, não o último também, em mais de uma visita. A liberdade é o sorriso mais belo que pode existir, lógica sempre de abrir as janelas.

Passo curto, de olhos fechados ou pouco abertos.
Outros sentidos...
Olhar para o que está perto, lado, não ao longe.


sexta-feira, junho 24, 2011

Eco do Tempo

Há relógios derretidos por aí.

Revolta clara ao registro dos fatos e tempo. Um confronto, comparativo, desumano de vivências face-a-face. As negativas pendulares ecoando no tic-tac do novo relógio, o mesmo som que insistia em reger a tragicomédia de outros tempos.

De outros tempos, que o repetir crê ditar o rumo, nessa revivência, naquele e nesse mesmo passo.

Não!

Crer que as constantes de outrora permanecem é tolice! Há diferentes bases formadas, novas descrições e estória. Todo um novo passo, cujas imagens não sobrepõem antigas!

São outras, sim!
E não há relação!
Nunca houve!

São apenas trôpegos ecos,
Incomodam por incertos,
Influentes.

Onde mais longe terão de refletir para se extinguirem?
Quão longe?
Para que ninguém ouça?


segunda-feira, junho 20, 2011

Busca

Guardava o rosto para alguma outra ocasião. Sorria, apenas. Pois intrigava menos do que o peso de tantas lembranças, escondia o reflexo disso nas profundas marcas de expressão.

Sorria com os olhos também, contagiaria o mundo de tal sorte que se esqueceria das cartas e escritos contrários, enfim daquilo tudo. Do desejo simples. Da confusão e papeis atribuídos, da incerteza do prazer de sê-los.

Fascínio era um pouco longe demais. E assim mantinha o redor à vista hipermétrope, aliada à segurança da ilha-fortaleza. Estável, como o indesejado e confortável estado. Como o vício de recair em loops de lembranças, dos nomes distintos da última década! Falsos! Do prazer de esquecer desse vício e se permitir o regozijo das limitações impostas e aceitas sem contragosto, mas contraproposta. É estar certo novamente, ainda que haja significado algum em tal afirmação.

O equilíbrio dinâmico difere muito. São passagens medidas, transições estreitas que sufocam menos, mas ainda prendem. A felicidade alheia inebria os que prendem a visão a outra coisa. Qualquer coisa. Fato é que a vista começa a borrar quando se anda rápido e molda tudo, como o vento, aparando arestas apenas com o capricho fluido.

Há pontos ótimos que não serão encontrados jamais.
A menos que se mude a forma de busca.


quinta-feira, junho 16, 2011

Se é passageiro

Preso. Confinado em ver um só rosto de várias formas em tantas outras pessoas. Variações, afiliadas ou não, de tempo e espaço, a quem tentava percorrer outro confuso caminho - fuga necessária e poética, resultando em imprevisibilidades admiráveis.

Pois se é passageiro! Oras! A estória é escrita em todos os detalhes, cabendo aos personagens o comportamento de livre-arbítrio, com todas as saídas arranjadas para que cheguemos ao correto ponto, determinístico, divisor de águas de caráter e imagens!!

Mas se é passageiro, é fluido. Corre rápido a ponto de não permitir adequado registro da cena; retorna atores às posições diversas vezes para garantir as passagens e continuidade da película. Tudo é estória, afinal.

Sente-se dessa vez. Curta o infinito tempo improvável, desejado fato que povoou a imaginação costurada em sketchs desses olhos brilhantes!

Cenas novas hão de surgir de tempos em tempos. No fundo, evitar o som da alegre claquete é limitar-se à memórias de não-ocorridos, julgando desprezíveis as sensações incontroláveis diferentes em cada repetições. Ah! Insistir na reescrita é ater-se a uma perfeição inócua! É inevitável, pois! Que venha o novo!

Diferenças serão sutis aos mais atentos.
Que seja passageiro, passageiro.


terça-feira, junho 07, 2011

Só Isso

Cinza é a perfeição aos olhos de um fotômetro. O equilíbrio em todo o meio contínuo. Em cada ponto não há distinção entre yin e yang; sem contraste. O brilho neutro.

Representa nada. Ou melhor, distingue nada, embora represente tudo.

Serve como um céu de dia nublado, pano de fundo para retratos dramáticos, origem da luz natural difusa. Sem sombras, etéreo.

Mas, hoje, falta algo.

Pois há céu azul, lembro-me de paredes verdes e olhos e sorrisos que são mais do que isso. Excessos que não são comportados em tal gama!

Há mais.

E o preto-e-branco de outros tempos?

Continua. Creio. Mas.

Sinto que...
Não é só isso.


segunda-feira, maio 30, 2011

Da estaticidade dos lugares

Não mudei o caminho que faria, ao menos na ida. Imaginar o improvável, duas vezes, seria - simplesmente - excessiva exceção. Corria paralelo aos deveres a dúvida de verificar as mesas daquele lugar. Onde o controle de passar o tempo sobre uma esvoaçante infusão, virara uma correira desconfortável, envergonhada, incrédula. Olhos baixos, uma das mãos estrangulando nervosamente um cachecol, enrolado como atadura a uma ferida na palma.

Entretido com a ironia de um destino já não improvável, perdi o ponto de referência, nem percebendo que não havia corrido fachada alguma em meus olhos.

Há lugares que não existem quando não precisamos deles.

Na volta, fiz outro caminho.


segunda-feira, maio 23, 2011

P&B

Na maioria dos dias não há cores. O mundo é apenas um paraíso de contrastes, de céus difusos e luzes perdidas. O trabalho é separar a mesmice dos cinzas das belas formas, brilhos e leveza dos sorrisos e olhos e cabelos. Ah! As formas femininas!

Noutros me rendo ao que a tintura reflete nas outras pessoas. Como extensão d'um esforço de compreender, fatigado e fascinado pelo despertar da confusão de uma paleta extensa, transformando o mesmo contraste n'algo distinto.

Me quedo a achar cores na interação grandiosa entre cidade e humanidade, no que foi escondido ou passou despercebido, largado pela pressa e descuido. Na proteção de uma sombra cotidiana, a vergonha escondida de permanecer embora não pertença mais ao lugar.

E são mudanças. Como as cores interferem no contraste de um preto-e-branco, afetam a percepção do mundo cinza, trivial. A sensação de frio e calor são apenas temperaturas ajustáveis, controláveis.

Assim, o caminhar pelas mesmas ruas fica diferente.
Um mundo paralelo de cores na escala de contraste.
E as lentes enxergam um mundo novo, sob controle.


terça-feira, maio 17, 2011

Encare a Chuva

Encare a chuva, pois!
Não com a bravura repentina,
Dos novos covardes heróis,
Mas por que lhe ensina.

Encare a chuva, ora!
Se foge à garoa dura e fria,
Perde o fôlego e valentia,
É mais uma chance, fora.

Cair da chuva irá continuar,
Até que possa perceber,
Que deve insistente encarar,
Sem nunca desvanecer.


sábado, maio 07, 2011

Duas Margens

De um rio pequeno. Riacho-córrego, arroio donde a liberdade fora decretada um bom tempo atrás.
Vejo, além do jardim do meu quintal, cujo verde da grama é comparável ao do lado de lá. As suntuosas formas das construções, da esplêndida vegetação cuidada, das roupas bem vestidas em mulheres de salto alto, cabelos brilhantes ao vento. A respiração ofegante e olhar centrado.

Não me recordo de observar o meu redor quando estive do outro lado. Mas, devo ter feito. Afinal, o olhar ficava perdido evitando a margem oposta, restando um borrão das cores das quais se esvaem, hoje. Se estive desse lado antes? Sim.

É certo que existem mais significados do que naquela época. A crença de que há um rio separando ambos estados é forçada; ainda que haja água, há pontes. Como os filmes retratam as distorções poéticas da vida cotidiana com maestria, julgo a vida ausentar os devaneios por causa deles almejado.

Não se engane. Fora dito diversas vezes para se tornar a nova realidade, um fracasso - ato falho. Existe a possibilidade de estórias reais. Como a já vivida e relatada de forma poética, quase surreal.
Existirá em qualquer das margens.

Cedo ou tarde, serão uma coisa só.


terça-feira, abril 05, 2011

Na Nuvem

O abrir de janelas revelou nuvem. Paisagem de vista cega-branca, inebriante aos imaginativos olhos. Verdes, de difícil compreensão, de ordem dos jardins bagunçados, do emaranhado das folhas de retorcidas árvores. Apaixonadas pelo simples fato de voltarem a si mesmas, periodicamente.

Certo deveria ter estarrecido, não que fosse a intenção, mas o resultado simples de incompreensão e respeitosa distância. Observador afastado, veria apenas o movimento, reativo ao vento, tão forte na última semana.

Consciência de que há honestidade na razão dos atos, ainda que incrédulos por violar o próprio pedido. Invariavelmente, sincero.

Não influirá, pode chover ou fazer sol.
Não mais.


quarta-feira, março 30, 2011

Retiro

Do excesso de ocorrências e sensações difusas, pausa.

Para respirar e afinar o discurso que ecoa, se explicando, torturando justificativas da ausência nos últimos dias. Razões que quase transbordam mas, por um fio, ainda permanecem sob um frágil controle.

E se servir, o retiro, apenas para confundir, ao invés de reduzir o efeito das má interpretações? Seja por intensificar tudo o que penaliza o lapso de sentir-se apto ou trazer temerosas inquirições e mirabolantes suposições ao invés de respostas! Ah, condutas ou falta de escrúpulos!

E se a verdade não for mais secreta? E se a plateia aguarda apenas um único diálogo para continuar a cena? Distanciar-se neutralizaria a confusão de papéis, sendo respirar fundo, a dica para [apenas] continuar?

Mas, as reviravoltas virarão história... Da correta decisão de seguir com os preceitos.

Cabe apenas costurar o antes com o depois.

E quando tudo o mais não importar,
O tempo resolverá o restante,
Confirmando nossos papéis.


quinta-feira, março 24, 2011

Desse Silêncio

Fato persistente esse silêncio!

Das e nas vozes que ecoam insistentemente, que arrastam para longe o impulso de romper com a razão. De dizer as inúmeras palavras criadas recentemente. Não aquelas mantidas da admiração de amores escritos, copiadas de vidas de outrem, ou imaginadas de personagens criativos. Novas! Sinceras! Sem máscaras.

Ouvinte algum saberia diferenciar, porquanto julga inexistente o belo real. Pretere viver algo parcialmente conhecido a se arriscar em mil novidades. Ainda que as peças mudem conforme o jogo, e não conhece o quanto crê.
Por razão fica, insistentemente, o silenciar.

Porém, evita a má e qualquer interpretação.
Pois a vida não é conservativa. E mudar o que foi interpretado erroneamente é desgaste em excesso. É tolice. É perder a desejada sintonia imediata, a completude! É o fim antes do começo... Ah!

Se as palavras não serão ouvidas ou lidas, contemple o silêncio, pois.
E contemple o silêncio.
De ambos.
Sem imaginar, sem supor.

Apenas o silêncio.


segunda-feira, março 21, 2011

Condução

Não nos dizem o que nos incomoda. Ou o que julgamos que precisaríamos. Que transparece na irritação diária e não tem clara razão.

A imagem pronta é a utilizada, típica, construída pelas nossas vivências e faria pouco sentido informar a alguém que, suas características, podem ser mudadas.

Compreendo.

Talvez a má interpretação do aceite completo. Ou que estamos rumo à perfeição, ao viver dia após dia, nas vírgulas construídas de análises entre quatro paredes.

Revelações demoram para serem aceitas. Pois é preciso fechar os inúmeros pontos dantes não compreendidos. Resta muito ainda.


- Moço!? Desço no anterior... Obrigado.


sábado, março 05, 2011

Interroga

Apreciaram minha inspiração onde pouco fui capaz de criar ou imaginar tudo o que era usual. Entre linhas nas quais os personagens de hoje eram apenas os mesmos protagonistas de outrora, com suas vivências e lembranças um tanto difusas. Que sofreram algumas reviravoltas, indas e vindas, mas sendo sempre dois, em distintos caminhos. De cacos juntados para criarem as belas distintas formas de ambos. Ainda que velada a parte que deseja comum: arriscada e incerta.

O tempo apagaria falsas grandes afinidades. Como o excesso de afetações poéticas possuem curta duração e se esvaem quando se perde as sensações, tempo depois de esquecer a fonte e motivo.

As reais retornam num estalo, com a enxurrada de memórias e poesia. O momento de êxtase inicial dá lugar à ausência das criações de outrora. Encanta mais, surpreendemente. Atos se dissociam da escrita e fala, ainda.

Há um certo controle, cuja explicação não convence.


quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Afinidade

Voltava à casa pela belíssima, a avenida de minha terra. Donde muitos maquiados comemoravam um grande feito, iluminados de nova forma e cor especial. É de se prezar a falta de estima posta na maquiagem mas, aparentemente, não parecia relevante. Afinal, pode ser feito o que se quiser de alguém que conquista os objetivos, com a conivência plena. Talvez fosse esse o mote.

Mas não era essa a atração principal. Encolhida entre os prédios, num dos poucos momentos em estava farta, cheia de toda a existência reprimida. (Deveria ser dito que a periodicidade desse estado é bastante característica, mas não gosta de ser lembrada disso). Oras, era a Lua.

A representante confidente, tão compreensiva! Sabe que vez ou outra precisa observar alguns aflitos, ser solidária, ouvir, admirar e deixar ser admirada. Pois o que é visto é reflexo interno. Se amores, será ela a razão perfeita para escrever o brilho radiante de olhos tão formosos e seu destaque e proximidade dentre tantos outros astros. Poderia ser solitária também, como se vê.

Hoje possui afinidade, simplesmente. Sendo essa a característica mais importante. Posto que é compreensiva, caminha no deleite de todas as lindas manifestações antagônicas e explosivas, lado-a-lado.

Sentindo-se parte e todo.
Afim.


segunda-feira, fevereiro 14, 2011

De Sabores

Haveria de ser moderado. Sabores pronunciados e intensos poderiam apenas ocorrer com a anuência do suave paladar receptivo que, inicialmente, divide águas, embora tenda quase sempre ao mesmo lado.
O que deveria ocorrer para que se permitisse? Que passado carrega tão pesado fardo que não possa ser compreendido, estudado, relevado ou superado! Ainda que houvesse alguma razão que contornasse tais enormes dissabores, que se permitisse alguma outra forma não usual, alguma regra maior que torne claro e necessário. Todo um simples processo!

Talvez não queria entender. Que seja apenas um grande erro atribuir tais possibilidades a algo que não possui lógica para existir, que mais impressiona pela incredulidade que com a natureza dos fatos e das sensações tão perplexas e surreais.

Na distância ou silêncio.
Ater-se ao que é permitido. E se permitir a isso, somente.


sábado, fevereiro 05, 2011

The Moon

Partly cloudy skies may cause blue on average people. Unless a fuzzy light from a Moon can be seen. In fact, when the Moon appears, nothing else matters. Her light makes everything so 'ordinary'...

We may feel comfortable and sometimes pleased with all other stars, when a clear night is gifted. Within, deep inside, we know that millions stars' small light dance is a preamble. From time to time, what we really need, want and wait for is the Moonlight.

Sincerely.


domingo, janeiro 30, 2011

O que há, afinal?

Se em todas oscilações, de maré e ventos, resta sempre o líquido de toda aquela bagunça de não se saber onde se fica, ou se está? E demora até instaurar a razão, para saber o que realmente aconteceu em tanto tempo. Enfim, o que é fato, dentre tantos pesos exagerados.

É concentrar-se em tudo o que foi déficit, ausente à vida inteira. De uma forma leve e cega de fugir de tudo o que já fizera com habilidade. Hoje, com nenhuma razão para acreditar, quando se engana em prol de novas faculdades e tudo o que é moderno. Insistir é aumentar o peso inconsciente e destruir a certeza do que antes era o correto, seguro.

E se perde, perde. Num papel que faz pouco sentido. A meio caminho do que já se quis, a muitos passos do que se julga necessário.

A ausência de relógio ajuda. Menos difícil não ter ideia do que era consumido quando o tempo corria, enquanto sentado em qualquer daqueles lugares.


domingo, janeiro 16, 2011

Da Vida

Cujos personagens não muito conhecem o roteiro, embora seus papéis sejam facilmente compreendidos pelos espectadores. Nessas inúmeras cenas montadas, os atores são os que mais demoram a perceber suas limitações, visto que os críticos se estreitam à ocasião e não vêem produtiva correção à novos espetáculos.

Pois, aqui, nada se repete. Não?

Não há improviso que não esteja escrito! Se fogem ao roteiro e respeitam o espetáculo mas não os papéis, deixam o silêncio d'uma conversa unidirecional, desconfortável, suplicante... Haveria de ser coletivo, recíproco, e sem ensaio!

Seria expor-se ao julgo de estranhos, íntima e profundamente. Ao papel de que se quer fazer parte, do sentir do dever, não o da exigência. Ao que pouco importa o redor e o mundo, mas se deseja não ser dissonante, agradar naturalmente, para fazer parte de algo além de monólogos.

Respeito de críticos? Nunca!