segunda-feira, junho 15, 2015

Requinte

A esperança é um toque de crueldade para o sofrente. É o sopro de vida almejado que insiste em dar o ar da graça, vestido de ilusão e cantarolando os futuros tempos bons. Curioso notar que o excesso dela é chamado de "desesperança".

Passa a fazer mais sentido agora.

Esperança pura é bobagem. O que mantém tudo promissor é a fé. Essa sim. Um misto de senso de propósito, intuição, um pacote divino de inconsciente coletivo e, por fim, uma pitadinha de esperança.

Propósito. A propósito não muito claro, é difícil convencer alguém sobre algo. Remar contra a maré é requinte de quem está bem situado. Quem trilha o próprio caminho às vezes não sabe de onde vem a correnteza ou se haverá algum vento. Por vezes o céu está nublado e nem por astronomia ou bússola se nota direção. Estar à deriva é diferente, é ser levado exausto de reagir. Não é isso. É convencimento de voz baixa, débil, contra multidão ruidosa e pouco atenta.

É queda de braço com a força fraca de ter algum tipo de senso. Mais que a intuição, algo que tenderia a proporcionar a maior tranquilidade. Confiança. Aquele misto de fé e outra coisa.

Tudo é requinte. Principalmente a esperança, requinte de crueldade.