segunda-feira, novembro 29, 2004

Eu não pude.
Eu pegaria o carro e iria até você.


sexta-feira, novembro 26, 2004

María Tereza

Lê-se: /Ma/rí Te/rê/ssa. (É espanhol).

Fazendeira, do começo do século passado. Viúva desde os 20 anos, mulher de pulso firme.
Sentava na varanda da sede e apreciava o café de média torrefação, colhido e seco naquela terra que lhe dava todo o sustento. Também se não rendesse, viveria com toda a fortuna de seu falecido marido. Não havia se casado por causa disso, mas uma vez em seu cofre, não tinha intenção de se desfazer.
Não elevava seu tom de voz, sequer batia os dedos na mesa, sinal de nervosismo em alguma disputa tensa. Nem ainda suas expressões faciais se alteravam fim a dar alguma repreensão ou veredicto sobre assunto qualquer. O que tocava e causava o respeito de outrem, era justamente a frieza de agir.
Diziam que era dessa forma por causa d'um assunto mal resolvido, muito comum naquela época [se bem que, nos dias de hoje, também o é]. E, para que continuasse a se situar no mundo dos vivos, deveria deixar de lado o que sentiu no divisor de águas.
Dito e feito.
Uns a amavam, outros nada disso.
Odiar, talvez pela imparcialidade.
Não sobrou auto-biografia ou qualquer forma escrita de próprio punho.
No fim, um retrato fantástico de superação e forma viva de encarar o mundo.


terça-feira, novembro 16, 2004

Chega.
Oras, oras. Chegou a minha vez de fechar pra balanço.
Cansei de tudo isso. A hipocrisia do gostar, a futilidade das pessoas etc.
Puro o suficiente para parecer pura invenção e fingimento.
Cansei.
Cansei.

Quero que se explodam.


segunda-feira, novembro 15, 2004

Ó mar, quanto do teu sal
São lágrimas d'ódio desse mundo infernal!


Baile de Máscaras

Recebera o convite pela manhã, logo cedo. Parecia exclusivo: papel, escrito e dizeres muito refinados. Descrevia hora e local para um baile de máscaras. Embasbacado com tal convite - aquela manhã oferecia tão-somente o cinza chocho, marasmo tão trívio naqueles dias de outubro - e apressou-se em terminar o desjejum pragmático. Teria que pensar em qual carapaça se esconderia.
Eram modelos de formas e cores infinitas, fanstasias que saciavam vidas de vasta, mas também as de fútil imaginação. O céu na terra, uma paraíso para o então recém retirado do poço: Sr. K. De nada adintaria vesti-la se não a incorporasse de fato. Pôs-se então a meditar qual pessoa gostaria de ser ou, ao menos, que tipo de pessoa o faria interatuar melhor com esse mundo que odiava tanto. Ainda sim não era bem dessa forma que refletia, tentava, como fim, anular suas diferenças perante todos aqueles que viu pisar em seus pés, ou mesmo aqueles que um dia bateram palmas num de seus dicursos filosóficos. Queria ser um desses inócuos que estavam, atualmente, com as pessoas que desejava. Idiota, mas sábio.
Começou a viabilizar sua nova identidade com as perguntas existenciais que havia feito anteriormente, mas agora teriam respostas. Outras respostas.

Quem sou eu: Mais um desses que se encontra em meio à multidão, estuda e trabalha.
Disse logo em seguida:
- Muito Filosófico.
E refletiu por sobre os punhos cerrados:
- Sou uma pessoa normal. É isso!

Romantismo: Perda de tempo. Vou logo pra onde interessa.

Voltou a ter com o espelho:
- Acho que isso já me é suficiente. Sim, é pouco, mas acho que...está exagerado.
Disse cessando o ímpeto das descobertas.
- Talvez não seja exatamente isso.
Voltou às idéias.

Esfregava polegar-indicador em sua sobrancelhas e nada tinha como resposta. Mas ainda sim, novas idéias.

Se perguntasse quem era, responderia que não havia pensado muito no assunto e não tinha opinião formada. E perguntaria ao interlocutor a versão dele sobre isso.
Afinal, soava mais natural, e mais comum também.

E, sobre romances e o amor, não seria radical. Diria achar que ama-se deveras somente uma pessoa, uma vez na vida. E na ausência desse, viveria a vida como ela viesse. Deveria aproveitar, pois é curta. Estava assim resolvido o último percalço.

Estava agora um pouco mais satisfeito, pois pensava como se tivesse anos a menos. Alvorada de anular quem era hoje. Jogar fora os três sofríveis anos anteriores. E o melhor de tudo, o desenlace para com as premissas da semana passada, e todas as noites mal dormidas que, como início, jamais teria um fim.
Pedras à parte, estava pronto um começo.
Quem sabe um fim.
Quem sabe uma ida,
Sem volta.



quarta-feira, novembro 10, 2004

Façamos da seguinte forma então:

Eu finjo que esqueci e você finge que acredita que eu esqueci.
Ou prefere que mudemos de assunto?


terça-feira, novembro 09, 2004

Estou

Saudosista,
Romântico e
Platônico.

Enfim, amando todo o câncer de minha existência.


quinta-feira, novembro 04, 2004

Sou estranho a tudo e a todos.
Se num dia me conhece,
No seguinte já sou outro.

Se reclama disso,
Peço desculpas.
Não te conheço.

Fechou os olhos e disse Adeus.