segunda-feira, setembro 26, 2005

Eterno

Por que deveríamos nos limitar aos significados das palavras? Livro-me da necessidade de continuar sendo escravo das interpretações de dicionário.
Ah! Quisera eu viver passeando pelos novos sentidos das antigas palavras, a vontade recente de criar um novo mote para a velha estória de caminhar pelas ruas, pela garoa.
Da vida que já foi vivida e que com certeza será nova a alguns passos a frente, mesmo que tudo isso não exista e um lapso de tempo distancie o portal dos sonhos da realidade.
Talvez isso também não exista, pois não houve caminho algum percorrido que fez elo entre essas duas possibilidades.

Que parte disso tudo não existiu?
Ou melhor, que parte disso tudo existiu?

Necessário, em tais circustâncias, criar um meio termo entre existir. De certa forma é um pouco incômodo questionar-se sobre a realidade, mas também não se pode excluir a vivência limítrofe da vivência real. Se vivemos um sonho, como podemos dizer que não vivemos, ou que é sonho? E se lutamos pelo sonho, quem dirá que não o viveremos?

Que eterna seja a dúvida.


domingo, setembro 25, 2005

Da Trindade

Bom estado geral, corado e hidratado.
Orientado no tempo e no espaço.


terça-feira, setembro 13, 2005

Do movimento Sindical e Socialista

Antiquado. Não digo a idéia, mas a atitude, pois não existem idéias velhas ou novas, o que existe é a busca por soluções para os problemas e as idéias são parte dos meios para tal atividade.

Digo destes pois presencio - com os olhares e rumores dos que de fora estão - as ações de grupos sindicais (o Sintusp) no caso. Antes que eu seja alvejado com calúnias típicas [apolítico, direita, dentre outras] é preciso e conveniente dizer que compartilho das mesmos idéias, mas não da forma e do meio.

Em primeiro lugar, acredito que não sejam necessários piquetes, o megafone a importunação para adquirir adeptos. Isso mais se parece com um golpe ao governo do que a busca de difusão dos ideais compartilhados. Por esse meio, mais fácil é encontrar pessoas que fiquem contra, do que pessoas dispostas a conversar e compartilhar idéias. O movimento grevista pode ser tratado com um movimento iluminista (por causa da troca de idéias) e a busca pelos meios de atingir um bem comum e, portanto, deveria ser menos ditatorial e muito, mas muito mais democrático.

Discordo também com a atitude extremamente simpática à necessidade de parecer frágil ou vítima de opressão da "aristocracia". Em momento algum digo que isso não exista, apenas discordo dos meios com os quais se luta. Um exemplo polêmico é que a melhor forma de combater o preconceito não é ficar trancado dentro de casa ou sair gritando na rua que tem valores, confinar-se em grupos de pessoas de mesma situação e criar um mundo à parte... mas sim criar valores e demonstrar a importância e o papel dessas partes no todo [sociedade]. Isso posto, não acredito que a melhor forma de combater a desigualdade social, a dívida externa, a saúde ineficiente, a educação para poucos...seja a mesma que se utilizava durante o regime militar. Pois parece inflamado demais um discurso que pede liberdade de expressão, um tanto fora de contexto.

Por fim, caso o movimento grevista queira que as pessoas de fato participem em suas empreitadas, é necessário um bem comum, não de uma minoria:

- No caso de greve para melhores condições na educação, aumento de verba e número de vagas, não deverá ser inclusas as exigências de aumento de salário ou benefícios para os funcionários. Pois isso com certeza tira o foco dos grevistas. Não é possível agradar a grego e a troianos: não acho que a filosofia de igualdade e melhoria na educação se encaixe nas exigências do sindicato que certamente dará por encerrada a greve assim que houver o famigerado aumento de salário.

- Não misturar filosofias durante pautas de greve. Se quiser aumentar o número de adeptos, tenha um filosofia forte - não AMPLA - e tente convencer que seus valores são dignos de uma paralisação. Um exemplo estapafúrdio: Traficantes do morro fazendo campanha contra o uso de drogas. Um tanto estranho.

- Estudantes e Professores tem uma filosofia. Trabalhadores e seus sindicatos são outros. Se não for para lutarem por um bem comum, esqueçam movimento grevista. ex: Diretas-já, Anistia...

- É necessário evoluir, o discurso repetitivo condena a essência das palavras pela sonoridade exaustiva.

Por fim, devo dizer que estou aberto para discussões pois essa dissertação não é estática. Como ser em formação, vejo importante o debate para amadurecimento de idéias e soluções. Espero que inflamados concordem no ponto seguinte: eu também quero mudanças, mas podemos evoluir um pouco.


quinta-feira, setembro 08, 2005

Dos Dias e das Noites

Antes que os atropelos façam parte irremediável da corriqueira vida, tenho pedido por colheres de chá. Melhor estas do que xícaras inteiras que esfriam enquanto se espera o tempo passar.
As atuações das noites certamente nos remetem a vivências escusas, um mal necessário para a formação de um nosso bem-estar maior. O problema nisso está na falta de capacidade que temos de, alcoolizados, controlar nossos instintos e anseios por respostas... Provavelmente, sem as perguntas devidas. Aliás, quanto às perguntas, saibam que elas nem sempre são efetuadas, é sabida a necessidade de ter respostas dos nossos instintos em detrimento daquelas racionalmente propostas.
Respostas ruins, quase sempre. Ou, ao menos, aquelas já conhecidas. Ninguém consegue inovar nessa terra de comunidades, de pessoas invariavelmente repletas de frases perfeitamente já utilizadas, sem a criatividade de copiar frases boas nunca ouvidas.

Tratemos dos personagens noturnos. Estes são de fato charmosos, mesmo que se retenham em sua ínfima capacidade de sedução. Aliás, deve-se ter como principal qualidade o mistério que ronda as pessoas intocáveis. Ainda, é possível acreditar que nesse mundo misterioso haja simplesmente nada, mas o fato de interesse é que o mistério é fundamental para qualquer jogo de sedução.

É melhor acreditar que atrás das nuvens estão as estelas do que se conformar que não é possível vê-las.


terça-feira, setembro 06, 2005

Existe

- A chuva.
- Não é muito boa quando nos molha.
- Depende, se estiver indo pra casa, convenhamos, é prazerosa.
- Sim, mas só quando se volta para casa.

[Olhares...]

- Vê as pessoas, parecem mais calmas que o habitual. Eu as observo...
- O que acha delas?
- Serenas. Tranqüilas, pouco cansadas.
- É verdade.

[Sorrisos]

- Elas parecem mais calmas do que quando passamos observando-as.
- Nunca tinha pensado nisso.

[Tranqüilidade, olhares voltados levemente pra cima]

- Eu adoro esse lugar, esses jardins, traz uma paz...
- Eu também gosto do jardim, tanto verde... Viu que tem um pé de café?
- Jura?
- É, fica a esquerda.
- Eu amo café, todos os tipos, parece que o tempo pára, como agora...
- Gosto de capuccino... mas o melhor café, mesmo, que eu tomo é minha mãe que faz, quando vou pra minha casa.

[suspiros]

- Bem que poderia ter bancos nesse jardim, poderíamos ficar a conversar debaixo dessas árvores...
- Imagina se fossem redes, mais confortáveis que os bancos... não daria certo, ninguém assistiria aula. [risos]
- Seria preciso mais de um, assim a gente falaria sobre o outro banco, que teria um sol avermelhado e o balanço das sombras das árvores.
- Casais de namorados...
- Namorados, não. Eles não existem. Eu não os vejo.
- ...
- ...
- Está na hora de ir pra aula...

[Sorriso quase infinito, retido na expressão limitada de felicidade]

Esboçado em 18/maio/2004, revisado hoje.