sexta-feira, dezembro 21, 2007

Asfalto, sapato e poça

A beleza da chuva é a paz. A torrente, trovoadas e poças d'água everywhere.

Cortinas visíveis nos separam do mundo, impedindo-nos do contato físico desejado por outrem, com punições a cada tentativa de mostrar algum tipo de educação.

Garanto sob o guarda-chuva a maravilha do asfalto, sapato e poça. Alternados.
Só meu.


segunda-feira, dezembro 10, 2007

VIII

É tudo cinza.
Meu companheiro de cela ficou admirando um desenho infantil. Talvez seja de filha, sobrinha ou neta. De menino não era. Muita cor, felicidade e bochechas coradas, um menino não desenharia aquilo.
Controlei o impulso à novidade, evitando a repulsa da felicidade, da inocência e liberdade.
De tanto ele admirar o desenho, o colocamos no lugar da ínfima janela do cárcere.
A partir de então, aquele desenho seria nossa paisagem.
As cores pareceram menos cinzas.


quinta-feira, novembro 29, 2007

quarta-feira, novembro 14, 2007

Água e Sabão

Quão profundas têm de ser as marcas?
Quais se formam ao se esfregar profundamente...
Insistentemente... incansavelmente...

Até que a alma saia limpa.
Se sair.
Se houver,
Alma ou sujeira,
Qual resiste muito mais?

A dor purifica. E basta.


segunda-feira, novembro 05, 2007

Chuva e Cabelos

Saudade da chuva infinitamente
Mais bela, e que fielmente
Sou devoto colunista,
Minha querida chuva na paulista.

Que de seus cabelos esvoaçantes
Os ventos o fizeram ser
A chuva como calmante,
Você eu posso ter.


quinta-feira, novembro 01, 2007

Coffee in Plastic Glass

Summer...actually spring. The hotness makes me wonder buying my own private iceberg. Of course I deserve it, and it'll be delightful scraped and mix with women sweet beverages... Forget it, I'm not a child anymore...instead...

Arrived early in the company, needed a wake-up drink. Knowing myself could imagine how fast I've decamped from the coffe machine even though it tried to confuse me, promising me a special better coffee...

Entered the restaurant, a twenty-two cents breakfast offer appeared me. Skipped bread and butter and ran directly to the coffee. For avoid burning my fingers, two plastic glasses.
Sugarless coffee, sweetener added.

Passed those tables and didn't feel like a good option to sit and enjoy my drink. Like those american movies, I walked drinking... and thinking...

"This strange feeling that everything is working properly, the future has been already planned and we're nothing but characters in a great play, seems the right speech for these days. It's just so full of reason, quite impossible to not believe in. Reason and purpose... Na ja, alles in Ordnung...

Well, now it's a good morning.


domingo, agosto 19, 2007

New Life

A new life is nothing but our predictable future beyond our past life(s). It's not a good option keeping in comparison past time with the probable future, because that will waste precious time for discover the taste of life.
Maquiavel would say that we prepare our future because we always develop a new person every single day and we can't runaway from our destiny, i.e., our achievements, whatever they are.
Will it be fair? Are you fair, at least to yourself? I am.

Actually, I don't mind. I took the time I needed.
I'm, definitely, rationally, for the first time, in love.


segunda-feira, julho 23, 2007

Despedida

Não havia planejado.
Nem no pesadelo mais íntimo,
Na tormenta mais voraz,
Ou no tropeço são.

A chuva corria na janela do carro,
Preocupando o taxista,
Fugia os meus olhos
Do que me lembraria.

A despedida esperava
Com esperança de volta,
A saudade dos tempos bons
Que se repetiriam depois.

Mas vi a porta em meu rosto,
Em que ambos fechávamos,
Não haveria outra vez
O afago de meu posto.

Para muito longe fui
Sem que ninguém soubesse
Que se arrependimento houvesse,
Tudo o mais ruiu.


sexta-feira, junho 01, 2007

O Pássaro e o Surdo

O egoísmo e a não-percepção do ambiente são dádivas muito bem utilizadas.
Ainda que o detentor delas não saiba disso.
A informação é para poucos.
Os avisos, menos ainda.


segunda-feira, maio 21, 2007

E a Metafísica

O sentimento de orgulho leva tempo para ser firmado, forjado. Um instante de luz faz questão de pôr em prova a realidade estúpida dos fatos.

Porque ansiar a fugacidade é a maior certeza que a reza surreal pode oferecer.

É saber justificado, com receio de reprovação e indúbito medo que nos faz engolir as próprias palavras. Sim, e daí? Porque nada disso me vale e, no momento fraco em que ser outrem é solução, essa parece ser boa saída.

Sinto-me sem borbulhar geniais, mas lembro Álvaro de Campos, contestando a metafísica. Ele tinha certeza de que não existia, e tinha pavor disso. Haverá algum meio termo entre saber que existe mas não ser visto ou ter certeza de que os dedos tocam tudo o que as idéias afastam. Será um misto disso tudo?

Porque minha voz é calma, difícil de ser escutada. Porque as coisas são assim mesmo. Porque o jardim do vizinho é mais verde e o abraço infreqüente é muito mais gostoso. Não sabemos por quanto tempo nos adaptamos a nós mesmos.

Não sei quanto tempo mais posso observar o mundo.


segunda-feira, abril 23, 2007

O Esquecível

Quanta pressão é necessária para que o ácido e amargo fique infantil e doce? Quão mal é preciso se viver para começar a se sentir feliz, seja por excesso de irrealidade ou falsa esperança?

Quanto é preciso viver para que o sabor não seja importante?

Ou ainda, quanto é preciso viver para aprender a fingir que não existe o lado negativo do mundo. Quão cansado é preciso estar para perder parte da vista?

O que é preciso para que as conquistas não sejam pedestais, que a altura não crie vertigem e que as maiorias não sejam supressoras?

Como abrir os olhos depois de fechá-los?


terça-feira, abril 03, 2007

Consumo

Sentei aqui para escrever um pouco.
Não como a obrigação do café preto já na xícara, ou o prato servido e possível desfeita aos valores sociais.
Com a sensação de que simplesmente havia de tomar o café, sem exigir muito do meu instinto ou do hábito, sem que houvesse grande questão a respeito disso. Tomei o café porque tive vontade, assim como almocei e aqui escrevo.

E o fiz talvez pra dizer que exista algum magnetismo estranho em todas as órbitas possíveis, e fica díficil de entender porque tantas coisas se atraem e tantas fazem questão de se distanciar. E isso não é novidade. Também não o é o termo "problemas familiares" e textos batidos e filosofias rasas e provérbios e ditados de infinitas conclusões, muitas opostas. Preciso citar quantas pessoas os repetem por força do hábito?

Porque de parábolas se fazem hipócritas. Pois as já prontas eximem os exemplares de exemplar ao próximo ou ao outro. Sabendo que a sabedoria infantil só atinge os idosos em filmes e séries, sinto que acabo de consumir o meu "sentar e escrever".

Sincero, sem muita responsabilidade.


terça-feira, março 27, 2007

quinta-feira, março 22, 2007

Irresistível

Não evitei o espelho. Ao menos hoje não. Usei por dias a desculpa de que não havia tempo para tal luxo, ou ainda que não enxergava muito bem de longe ou de perto logo após acordar ou antes de dormir.

Saudoso, cumprimentou-me com fervor:

- E aí, tudo bom?

Entre as paredes de azulejo, nada poderia mais ecoar do que a voz do espelho. Reparei como tudo estava arrumado, subterfúgio necessário quando se quer outro assunto. Voltamos sempre a nós mesmos ao perder o controle do que estamos fugindo, isto é, não conseguimos por muito tempo.... Nem tudo ia bem, mas o que ia bem ia bem demais, o que não ia bem não ia de jeito nenhum.
Pelo balanço as coisas iam bem. Se bem que não havia bem ou mal, já que era tudo muito novo e expectativas são apenas os pesos necessários para rotular os acontecidos . O dia estava nublado, os pesos estariam errados.

Um tanto impaciente, o espelho insistiu:

- Quanto tempo, hein?

Pensei um pouco. Brasileiros são otimistas. Eu deveria ser otimista.

Logo em seguida, sem suspiro algum, disse:

-Pois é, faz tempo mesmo. Mais ou menos o tempo em que não vejo todos vocês. Tudo vai bem, caminhando para o que terá de ser...

Ares enigmáticos e uma breve respiração presa. Sobrancelhas levemente erguidas. Olhei para o lado direito e sabia que não havia mentido.

Estava satisfeito comigo mesmo. Apaguei a luz e saí.


sexta-feira, março 02, 2007

Dos Pontos

Determinado assunto está plenamente resolvido ao se definir os pontos que o caracterizam e, a partir disso, entendê-los a fundo.

Em geral a dificuldade está em determinar as características e peculiaridades do assunto, o que impossibilita a reflexão sobre os papéis dessas no todo.

Depois de definidos os pontos, a franqueza talvez seja o maior empecilho à resolução do problema há pouco criado. É difícil criar situações onde se encontre somente a resposta de um ponto a partir de um determinado estímulo, i.e., isolar as sensações e, posteriormente, descobrir a influência delas, tanto no contexto geral, como com as outras sensações. Antes fosse apenas multiplicar sensações por padrões de comportamento, como se faria com sistemas de coordenadas e matrizes de sensações. Felizmente os sistemas pessoais são mais interessantes...

Voltando à franqueza... Ainda acho que seja a chave para que o procedimento dê certo. Basta esquecer do problema completo, imaginando que para verdades menores bastam fatos esquecíveis. E, por o serem, custa pouco pensar na influência de muitos desses menores fatos num mar de muitos pontos.

O que preocupa, em geral, não é o que impede. No fim das contas, não importa o peso da cada ponto. O que acontece é que a resolução parcial de pouco adianta. Se adianta ao processo de decisões futuras, mas pouco sacia a dissecação moral necessária para muitos de nós.

Cada ponto com sua função. Sem invenções, talvez descobertas tardias.
Franqueza.



sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Hoje acordei bege.
Antes azul estava,
Um rei ainda reinava.
Agora não mais rege.


quinta-feira, janeiro 18, 2007

Do desconcerto, só mais um pouco...

De tudo largo mão a planejar.
Assim será a vida apenas plano,
Longe de terminar em engano.
Capaz assim de todos os males curar.

Que pequeno fosse o mundo,
Sem paisagens a descobrir,
Ou sonhos por perseguir,
Quereria vivê-lo a fundo?

Do desconcerto há certeza,
Aceito de cabeça baixa,
Não importa o que acha,
Pois em desistir não há beleza.

Terá grand finale inusitado,
Ainda que, no fundo, crente.
Como explicar a toda gente,
Que o sonho está terminado?


quarta-feira, janeiro 10, 2007

Do Conjunto das Pessoas Complexas/Imaginárias

Certamente algo que fascina na matemática é a oportunidade de encontrar correspondentes no cotidiano para entidades próprias.

Abstração por ela mesma, por que não tamborilar os dedos e gravar alguns trechos de voz?

Pessoas são compostas por uma parte real e outra imaginária. Devemos tratar a imaginária como sendo perpendicular àquela real, i.e., caso imagine alguma característica que seja, de fato, real, esta é, por definição, real e não imaginária, portanto. Em outras palavras, não existirá idealismo que corresponda à realidade das pessoas.

De outra forma, cada pessoa, que uma primeira conheça, pode ser pano de fundo para uma projeção de idealismos. Ainda, podem existir as pessoas que são inteiras idealismos, inteiras reais ou uma combinação das duas coisas.

Interessantes são aquelas com a parte imaginária nula. Seja pelo método de acabar encontrando quem corresponda aos idealismos ou à simples ausência destes. Pessoas sem a parte imaginária não são encontradas se pensando no assunto, já que pela lógica, elas seriam imaginárias.

Por fim, no caso da vida, não misture o conceito complexo/imaginário... possuem significados diferentes e certamente qualquer forma de defini-los ocasionaria má interpretação. Barroco à parte, termino por aqui. Sem a definição da complexo/imaginário.