quinta-feira, outubro 31, 2002

Matar-se ou Morrer

Suicídio não é morte. Confesso que já pedi p'rá morar em outro lugar senão este, mas nunca pensei em mudar por vontade própria.
Calmamente olhando as pedras do chão, em pleno movimento, atravesso as ruas sem olhar, justo no momento em que puis o pé na faixa de pedestres fecha o sinal. Como de praxe, nada acontece. A chuva, tão adorada por românticos, nada conseguiu além de me molhar. As abstinências não pertubaram quando era madrugada, e o fim não vinha por mais que eu insistisse muito. As perguntas não tiveram respostas, porquanto não foram ouvidas, não mesmo. Esbarrava na multidão e sentia-me estranho por não tocar ninguém. Estava com todos mas não ouviam.
Café estava quente, e os pães-de-queijo frios. Não era sonho. As sombras eram idênticas, mas o reflexo das coisas fez sentido.


Extraordinária

A sucessão aos acontecimentos foi óbvia, sabia bem que não chegaria no alto da montanha, cheguei aos pés, mas incapaz, nada fiz além de observar.
Mas a grandeza do Olimpo se dá por ser inescalável, daí vejo o Olimpo em minha montanha.
Se soubesse que poderia tê-la jamais a teria amado, dito que gostaria de tê-la em meus braços.
Gostaria porque eu não gosto. Amaria como se fosse a primeira, morreria de amor pois não morro nunca.
A ordinária escolha dos dias e sóis fez uma magnificante tranquilidade, sequer a burrice se fez por sabida.
Se houvesse amor em algum lugar, outros não existiriam.


terça-feira, outubro 22, 2002

Há chão!

Devo desculpas a mim, e somente a mim.
Os nomes farão partes de placas de bronze, citações, listas de contatos, listas.
As desculpas são para o erro de crer em outrem romanticamente o correto, não que não estivessem, mas que seus erros humanóides fizeram destruir suas próprias imagens.
Neve, sol, chuva, frio. Vejo de novo, tudo de novo.
A tática de guerra do inimigo era parecida com a que eu tinha, tanto que não vi necessidade alguma de roubá-la. Mas descri em meu exército nefasto, problemático, desrespeitoso e descrente de qualquer possível permanência em vida.
Antes de morrer devemos, pois, pôr nosso papo em dia. As fofocas devem espalhar-se antes do fim.
Devia ter poupado minhas malditas palavras, tenho eu culpa se a existência dos outros não me pertence, e se são estúpidas, porquanto de nada seguem o que elas próprias dizem. Que eu seria? Exemplo???? Que maldito exemplo, não é ouvido. Ótimo exemplo não ser ouvido, prova pela negridão das nuvens que os exemplos não são seguidos. Mais um caso que a ignorância alta prevalece sobre a voz baixa de cultos.
Falem! Cansem e repitam.


quinta-feira, outubro 17, 2002

Sem Título, Sem Lógica, Sem Motivo, Sequer Emotivo

Já não bastasse a neura intermitente que insiste em indicar o futuro sem ter base, não há motivo p'rá viver o dia.
Pára de pensar, imaginar como devia ser.
Chora ao saber que esteve errado esse tempo todo, e como se adiantasse os dizeres insiste inda em derramar lágrimas como se destruissem os erros de antes.
Ri da idiotice estupefata e lamenta ter braços curtos.
Tem medo, e anseia um locus amenus. Finge estar ótimo longe do caos urbano. Acredita em suas próprias mentiras, erro grave.
Os remédios d'antes não mais funcionam. Encara a maldita realidade e finja que é a cura.
Para o desejo romântico compra antibióticos.
Usa a chuva e quebra o pacto, causa impacto.


sexta-feira, outubro 11, 2002

Keep Walking

Não foi humilhante. Apenas as portas do fundo estavam escancaradas. Mais bem-ido pelos fundos do que pela frente.
Mas a volta é gloriosa. Fale o que quiser, mas fale sobre.
Idolatre o que acredita ser o melhor, ser o bom, o ser único. Abre os olhos e vê o novo, vê o que não queria, vê o que não teve olhos p'rá ver.
Imagino já enfeitados todos os muros e mentes desenganadas. Imagino, imagino. Imagina! não dão o braço a torcer.
Sorria, o mundo novo é mais belo que o antigo. O é por ser o atual, o que não é e não tem nada de imposto. Sem antigas instituições.
Curte o momento que é somente seu.



terça-feira, outubro 08, 2002

Penso, Logo Sofro

A vida que quis ser e que não foi.
Resistir ao oásis chamativo, em pleno deserto. Mais vale a sombra da palmeira do que a água refrescante. Sabe-se muito bem que não é real. É molhada, refresca, mas não é real. Não toque. Não mexa. Alguém deve ter esquecido por aqui, e por isso parece só.
Nunca esteve na sua frente, é apenas miragem. Miragem. Mira e vê que não é, que não pode ser. Vê que acorda quando sai da sombra.
Sai, vê a lua.


Wie Nana Di

Tenho não amores e sim dores,
Cãibras e choro.
Tenho ainda amigos verdadeiros,
Aqueles que não conheço,
Sinceros e confiáveis.
São reais, bem como eram pra ser os amores.
Oferecem abrigo da chuva,
Dizem as verdades do mundo,
Desenham o que se quer,
São o que se quer,
São reais.


Mente Limpa

A vida não pode ser isso.
Não pode ser isso.
Não pode!

Por quê?
Porque é estúpido, é infantil.
É egoísmo.
É idiotice.
É a burrice encarnada.
Sou eu.