domingo, maio 30, 2004

Presságio

O café caiu sobre a mesa.
Será um motivo pra levantar-se e tomar atitudes?...



sexta-feira, maio 28, 2004

"Dying is an art,
like everything else.
I do it exceptionally well."
(Sylvia Plath)

A realidade tem dessas coisas, cria romantismo e necessidade de torturas físicas, e não mais morais. A criação nos fez assim, paciente de nossa própria vida e ao mesmo tempo Deus dela mesma.


As pás do ventilador...
A música ambiente...
A câmera, da estante, apontada para o quadro abstrato.
Os pés, em primeiro plano, o armário em segundo.
Eu, deitado na cama.

As canecas de café, repousando sobre os livros.
Os relógios parados a me observar.
A sombra do abajur clássico no criado-mudo.
Este último, me dizendo alguns conselhos e palavras de apoio.
O telefone, que outrora inundava o recinto de luz, estava ocioso.
A tartaruga-deusa a pôr suas nadadeiras sobre o mundo e transmitir a calmaria.
Os livros românticos e exatas na estante. Empoeirados.

Minhas penas estão sem tinta, de tanto tentar escrever-te.

Como faria sem ter elos, sem um ponto de contato qualquer.

Você existe, e faz falta.


Tão só

O trânsito parou em algum lugar desta estrada. No assento do passageiro a vi retocando o batom, e depois, sorrindo pra mim.

Onde está você agora?

Lembro-me daquela vez que virou pra mim, sorriu e foi-se, parecia feliz. Estava feliz. Não parecia, estava, deveras. E a cada instante que a vejo me sinto como uma gota de chuva a cair nas pétalas de uma flor, tendo conforto imediato. Basta um sorriso, e só. Ou tudo. É tudo. Sim.

As fotos que tirei em branco e preto dos jardins tem côres. Se são meus olhos, diga-me que o que vejo é de fato o que existe. Não tenho a capacidade de criar tamanho esplendor. Não devo estar errado.

Sinto sua falta.


Às vezes, deve-se não consultar os manuais

Os planos tornam-se, sumariamente, ineficazes.
Os nossos, claro. Somos adeptos de Murphy, não?

Mas esqueci de comentar o lado oposto, deste os planos podem funcionar, e e uma vez que fazemos parte deles, a coisa toda funciona. 'Coisa' chamo eu a máquina do mundo e da vida, da felicidade e alegria.

Ainda pode-se denominar por 'coisa' relacionamentos e bem-estar, humor geral, o destino.

Com que cara falo eu do destino. Mas é.



quinta-feira, maio 27, 2004

Negativo



O que devo dizer...? Se é que devo algo.
O copo persiste na mesa, eu, em algum lugar, persisto também.
Nas idéias e ideais. No bem querer, seja do pássaro rosa, seja do azul.


terça-feira, maio 18, 2004

Defeitos

O defeito pleno do ser humano é estar vivo. Não leve isso para o lado pior da situação, pois todos nós temos defeitos.
Uma coisa implica na outra. Sem mais explicações, toma como postulado para sofrer menos com a realidade.
O problema é considerar as pessoas como sendo vivas, e próprias, uma vez que tomam suas próprias decisões contra nossas vontades, ou a favor dessas.
Sinto-me em perfeita sintonia com as discrepâncias mundanas, e sentimentos incontrolados puramente mortais.
E tenho o dom de declarar impunemente, o defeito é estar viva. E a morte não anula esse defeito, uma vez que o defeito a faz humana.


quarta-feira, maio 12, 2004

Perdê-la

Vê-la só alegra, mas o viver poderia ser outro se imaginação fundisse à realidade. Sempre acaba assim. Não adianta pensar.

O que eu vejo eu sinto, e ponto.


domingo, maio 09, 2004

Eu, sei.

A depressão é sazonal. Não no estrito senso da palavra, mas sim no mais abrangente possível, no sentido harmônico se assim for compreendido.
Segundo as luas, segundo os domingos, segundo o charme da pessoa ao lado. Não segue o mais provável das alterações de humor, o clima não mexe comigo. Chuva e sol, nuvens ou azul, na essência, são iguais. Que maneira outra é possível acreditar em tristezas sem motivos aparentes e felicidades estrondosas com a mesma explicação.
Sim, está em mim e não sei exatamente como resolver. Não é tão grave mas ao mesmo tempo não depende de mim. Não estou fazendo nada de errado pra isso ficar dessa maneira.
Nasci assim, e estou lutando pra mudar.