terça-feira, novembro 25, 2008

Resumo da Ópera

O menino viu o que não devia, pôs as mãos no rosto e não conseguiu gritar. Correu de sua casa, o mais rápido que pôde, pulou o muro e continuou em disparada.

Somente parou por causa de um tropicão. O sangue queimou o rosto e percebeu que tudo era real. Entorpecido, desmaiou.

De desespero, novamente, quis gritar, mas viu que algo o calava e percebeu que ninguém o ouvia ou ouviria, decidiu não proferir palavra sequer.

Tempos mais tarde descobriu que havia pessoas próximas às quais poderia falar, mas elas ainda sim, não o entendiam.

Decidiu fugir, mas desta vez, de si mesmo, já que quem era errado naquele mundo, era ele próprio. Sem se despedir.


quinta-feira, novembro 06, 2008

Do Sentir

Recorrência é frustrante. Pois sempre se permite uma nova interpretação da inútil felicidade, enquanto o que poderia gerar aprendizado cria a tortura. Repetida, incessante, sábia até. Sentir a mesma desgraça duas vezes quase invalida uma pessoa.

O que pode haver de errado? O eufemismo "característica" muda bastante o teor. A importância de fazê-lo é o de tentar focar no aspecto prático e solúvel. Se houvesse! Pois a solução sempre está na nossa frente e nunca conseguimos acreditar nela, e resolver, também, tira todo o romantismo da cena. Enxergamos mais facilmente de longe, ou para longe. O que seria se tivéssemos visão plena?

Ser livre deixa possibilidade do não sentir-se. Afinal, as sensações são a visão da realidade que adotamos, inconscientemente ou não, para nós mesmos. O que desejamos realmente, sempre, é sentir algo que consigamos vivenciar e nos enganarmos sem chance de descobrir a verdade. Posto que não há tal possibilidade, jamais nos sentiremos enganados.
Sentir é chave para o bem-estar.

Sinto-me péssimo, eu diria.