segunda-feira, dezembro 10, 2007

VIII

É tudo cinza.
Meu companheiro de cela ficou admirando um desenho infantil. Talvez seja de filha, sobrinha ou neta. De menino não era. Muita cor, felicidade e bochechas coradas, um menino não desenharia aquilo.
Controlei o impulso à novidade, evitando a repulsa da felicidade, da inocência e liberdade.
De tanto ele admirar o desenho, o colocamos no lugar da ínfima janela do cárcere.
A partir de então, aquele desenho seria nossa paisagem.
As cores pareceram menos cinzas.


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