quarta-feira, junho 18, 2014

Um muro qualquer

Meu trabalho é usar a pá de pedreiro. Devo olhar bem para aqueles muros todos e garantir que estão lisos, lisos. Funcionou por bom tempo. Tinha aprendido que se ficasse ondulado seria ruim para futuros trabalhos.

Destraído naquele dia, feliz pelo romance, o azul do céu e o que mais pudesse agradar pessoa qualquer, desenhei os traços apaixonados, montanhas e vales, rios que, juntos, formavam a aura de felicidade que alguém poderia saber compreender.

Pude curtir do início ao fim do dia, até que me ordenaram acabar com aquilo tudo. A história da felicidade, depois de lisa, deveria pintar de uma cor sólida, chocha. Um branco ou bege, qualquer coisa sem graça que agradasse a falta de pretensão subordinada.

Apesar de triste, cabeça erguida. Em menos de 24 horas estavam lá cores e muitos desenhos, juras de amor. De muito mais gente que eu.

De certa forma, valeu à pena.