segunda-feira, maio 21, 2007

E a Metafísica

O sentimento de orgulho leva tempo para ser firmado, forjado. Um instante de luz faz questão de pôr em prova a realidade estúpida dos fatos.

Porque ansiar a fugacidade é a maior certeza que a reza surreal pode oferecer.

É saber justificado, com receio de reprovação e indúbito medo que nos faz engolir as próprias palavras. Sim, e daí? Porque nada disso me vale e, no momento fraco em que ser outrem é solução, essa parece ser boa saída.

Sinto-me sem borbulhar geniais, mas lembro Álvaro de Campos, contestando a metafísica. Ele tinha certeza de que não existia, e tinha pavor disso. Haverá algum meio termo entre saber que existe mas não ser visto ou ter certeza de que os dedos tocam tudo o que as idéias afastam. Será um misto disso tudo?

Porque minha voz é calma, difícil de ser escutada. Porque as coisas são assim mesmo. Porque o jardim do vizinho é mais verde e o abraço infreqüente é muito mais gostoso. Não sabemos por quanto tempo nos adaptamos a nós mesmos.

Não sei quanto tempo mais posso observar o mundo.