segunda-feira, novembro 19, 2012

Cápsula

Camada, bolha, cápsula protetora. Desejo infantil, ingênuo, de ter aquela pausa. Ou que o nosso tempo psicológico corra naturalmente, num mundo completamente parado. Uma vez que sempre está mais rápido, se perdendo no movimento inercial que o chão capricha em mostrar a todo instante.

Gera um desequilíbrio. A preocupação com a direção do chão faz esquecer o que ocorre fora da bolha. E o anúncio de chuva de meteoritos, uma constante, passa a ter uma preocupação enorme por se ter esquecido o efeito da camada atmosférica.

Enfim, nem tão espessa, nem tão inexistente. É simplesmente muita coisa de uma vez só. O tempo se encarregará de dar o peso certo a essas preocupações externas, enquanto se tenta ficar equilibrado nesse movimento todo.


quinta-feira, novembro 15, 2012

Regras

É necessário estar sob outras regras. Pois há esse equilíbrio duradouro entre pressão externa e interna... Faz com que o excesso de restrições já há muito ilógicas comecem a ser questionadas. Em verdade, não é questão de liberdade. É pura comparação. Se somente de longe são vistas as restrições, com o tempo, elas deixam de ser consideradas e se cria uma camada de armadura a toda e qualquer investida.

Se as novas regras são visíveis, sente-se mais livre. É uma segurança saber que, na perda de suas faculdades, haverá todo um sistema que absorverá essa oscilação indevida. É neste espaço, menor do que o anterior, que existe toda a libertação.

E, por tardia que é, não poderá ser ampla como se pode imaginar. E, julga-se, tampouco isso seria necessário. Pois os limites são menos subjetivos e permitem libertar-se, num confino seguro, fugindo da interpretação errônea dos julgos futuros. Como se, ao menos dessa vez, essa experimentação seja a via para continuar o caminho e não a busca dele, por si só.


Normal

- (...) e eu tenho essas reações, impulsos. Mas isso é normal?

(risos)

- Fala um pouco mais sobre o seu dia?

- Então, teve aquele ocorrido pela manhã (...)

- Seu comportamento tem sido esse ultimamente. Né? Reparou?

Novidades são raras. Tipicamente estamos sempre orbitando em volta de uma lâmpada, esperando que ela seja sempre nossa referência. Talvez com aquela ideia antiga de que a proximidade do centro faria com que se queimasse. Talvez, batido um pouco. Mas, o interessante é o uso de algo tão nocivo, tão deslumbrante, como um ponto de referência.

E, se o pouco que se vê é a solidão de um ser só, caminhando radialmente, questiona-se a normalidade de todos esses impulsos. Pois, de alguma forma, o que se busca é a certeza de que não se é sozinho nessa imensa confusão, nesse controle. Que se pode ficar tranquilo, consciente, de que se flui como tantas outras pessoas, com as mesmas questões, apenas com diferentes referências, distantes. Um parâmetro para a normalidade.


terça-feira, novembro 13, 2012

Não-tempo

O que antecedeu foi a grande correria. Pensava que havia data possível na qual encerraria todas as questões, acelerar o tempo que faria pausa.

E que pausa distante tranquila é desejo bobo. Mania de controle, na qual o mundo agradece o espaço para dar o seu toque pessoal, irônico. Encontra, por entre uma sólida edificação, frestas, suficientes para retirar o pensador avoado da irrealidade temporária.

Esta que possui seu capricho, também. Conduziu o personagem por inúmeros cenários, de histórias tão completas,  tão detalhadas! Como se tivesse tomado uma via de um desses planos paralelos. Mas, o elo forte faz com que seja possível viver uma projeção da realidade em fundos tão diferentes.

E, se o tempo possui seu próprio estilo de confundir, a palavra fica enciumada e se esconde, emudece a voz. Interior. Um bom tempo é necessário para que as frequências externas passem a harmonizar com as interiores, anteriores. Nesse meio-tempo, não há o tempo, há a transição provisoriamente longa e essa vontade íntima de que se ouça algo, ainda que incompreensível.

À espera do tempo conhecido. Atual, linear.

Pé no chão, naquele tempo.