sábado, agosto 27, 2005

Should I stay or should I go now?


Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa

Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado


Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família ao Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos

Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua cabeça animal

E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para nosso belo quadro social


Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarda cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarda cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê

Assenta a sombra sonora de um disco voador



Levaria Flores...

Levaria flores. Se tua morada não ficasse tão longe de lugar qualquer e, se ao chegar lá, não tivesse que transpor a fossa de crocodilos e aquela grande muralha. E ainda, convencer cada um dos 37 arqueiros que eu só tinha que entregar as flores que se destruíram. Depois disso tudo, seria fácil percorrer a meia maratona que espaça a muralha de sua torre.
Sinceramente, ainda sim, levaria flores. Levaria muitas flores se você:

- desse valor ao meu esforço;
- se preocupasse com os meus arranhões;
- não reclamasse delas!!!

Enfim, entendesse que o que vale é a vontade e não os atributos que eu não tenho.


terça-feira, agosto 09, 2005

Um Passo

Esperamos o trem na plataforma e sabemos que estaremos a um passo do escapismo mais metafórico que poderíamos encontrar. Pegar o trem, para longe, ser passageiro e não ter de tomar novas decisões.
A maldição se faz plena quando as palavras ecoam em sua cabeça. Aquelas pessoas dizem que você 'não deveria', perguntando o 'porquê' disso tudo. Durante tal passagem te obrigam a parar de fazê-la.
Pedem para parar. Elas não querem, dizem tudo o que você não mereceria ouvir, embora sabendo... jogam baixo. Denigrem sua imagem, fazem de você persona non grata e juram que isso é o melhor para você.
Quando perde a força e desiste, cada pessoa vai para o seu canto e esquece que você um dia existiu.