sábado, julho 31, 2004

Uma moça

Na verdade, mocinha. De olhos levemente arábicos, um pouco puxados e, na mesma leveza, maquiados com delineador. Apaixonante.
Um quê de ingenuidade. E curiosa procurava algo em mim que eu mesmo não pudera encontrar nesses últimos tempos.
Um sorriso, talvez fosse isto que de fato faltasse.
Faltava.


sexta-feira, julho 30, 2004

Visita

Vistei uma casa de bonecas. De porcelana, pano... Enfim, bonecas.
Sentei, conversei.
Sem mais, fui embora.


sábado, julho 24, 2004

Lua Crescente

De dia, triste.
De noite, Feliz.


Era uma vez, Sofia

Abriu a porta ruidosamente, resmungando pela chave empenada na fechadura. Seria a última vez que teria alguma utilidade.
Esses e outros problemas iriam, de certo, para um outro lugar se acompanhados de uma boa dose de bebida. Enquanto se servia de vinho, Sofia pensava em como seu chefe a atormentara nessas últimas semanas. Estas passavam sem que ela se desse conta da cor do sol ou mesmo da ausência desse.
Parecia um rito andar por entre a mobília e, percorrendo os olhos pelos quadros, conseguia organizar parte do caos que se fazia em sua cabeça. Sentou-se num sofá na sala de estar e pôs os pés na mesinha de centro, depois de alguns goles notou um silêncio incomum. Levantou-se rumo ao corredor que dá aos quartos e encontrou uma folha de sulfite dobrada, por entre as páginas de um livro cujo título era “A Sombra do Vento”. Abriu o papel, passando rápido os olhos já cansados pela saudação, corpo e assinatura. Sem entender absolutamente nada, tornou a le-la com mais vagar:


Querida,

Senti vontade de partir, como se quisesse nascer novamente a cada alvorada. A angústia se fazia crescente e não pude mais mantê-la recriminada. Sem esperar seu contato, fui-me embora. Confesso que tenho saudades de seu sorriso, seu olhar – de você -, mas a falsa proximidade que tínhamos revelou-se extremamente danosa quando não pude mais vê-la e do contrário, foi você que negou a reconhecer a minha essência em minha existência.
Não estou aqui para culpá-la, mas sim para me esclarecer. Falo isso, no fundo, a mim mesmo que tento me conhecer e, agora, cada vez mais, sem ajuda de ninguém.

Ass: Romântico.



Pela janela, via-se o pôr-do-sol de uma cidade fria e deserta. Lembrou-se do que tinha combinado dias atrás, mas nada mais podia ser feito agora. Ou poderia?


terça-feira, julho 20, 2004

Trincheira Parte II

Mais uma vez, herda o estado de indecisão proposta pelas trincheiras do campo de batalha. Desta vez enfrenta os dois lados, fazendo parte de um elo, mas ao mesmo tempo não representa dignamente nenhuma das partes. Afinal, não pertence a nenhuma delas.

Viver é estar indeciso, seja por ideias sociais ou mesmo a idéia de vida e de morte.


De Olhos Fechados

Os pés fitaram os olhos, mas desta vez encontrava-se noutro ambiente. O piso de madeira era de peroba e não mais de marfim. O tapete em tons quentes deram lugar a um de tons azuis.
Significantemente nada mudou.
A menos que o leitor considere diferente o estado de um cristão no vaticano e um há milhares de quilômetros de distância. A reza é mais fervorosa no vaticano, mas a verdadeira fé não se altera pelo meio onde a pessoa se encontra.


quarta-feira, julho 07, 2004

Nébulas Inversas

Acordou antes do relógio, nem por isso ficou chateado. Tinha em mente o ocorrido do dia anterior e a noite fantástica passada em claro. As memórias dos olhares, cabelos e sorrisos, tudo passava sempre com leves suspiros, e dessa forma meia-noite virou três horas da manhã. Sem remorso.
Ainda com as sobrancelhas levantandas com ares enigmáticos, sentou à beira da cama a observar os pés. Parecia conversar com os dedos que se mexiam sorridentes e realizados com a fortuna de suas ações e virtudes, dizia com tom irrefutável e carecidamente envaidecido que se apaixonara por si mesmo e que mesmo uma pequena parte era o todo em sua infinita existência.
Não tinha porque sentir-se d'outra forma, os acontecimentos saíam de uma nébula tão densa e não se alteravam com a presença surpresa do observador. Receptivos ainda, procuravam iterar-se dos novos fatos, inclusive da reciprocidade válida de toda a metáfora.

E, desativou o despertador.


sexta-feira, julho 02, 2004

"Lembrei-me de ti"

Foram os dizeres encontrados entre a rosa e o poema.
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