quinta-feira, outubro 31, 2013

600-ésimo

A realidade não pode ser dura. Nunca é. Não se pode atribuir qualidade a fatos. Isto só é razoável por interpretação, comparação, projeção. Comparações são sempre estapafúrdias e enviesadas, bem com as interpretações que dependem muito de um plano de fundo e também pode estar sujeito às sensações. O ato de projetar é mais puro, embora o plano estrague tudo.

O problema é avaliá-las. Criar a lógica para poder conviver com algo é o ato duro, em si. Não acaba sendo o mundo duro por fruto de qualquer circunstância, mas sim a necessidade de absorver uma nova lógica que exige mudanças tão profundas as quais se perde o chão. E tenta se voltar à verdade íntima, no âmago. E passado o tempo, o resquício disso é a frustração de ter caminhado pouco ou quase nada!

Se almeja com toda a força uma nova lógica, uma outra razão que permeie nossos sentidos a esses estímulos tão contraditórios. Perde-se a força de ser crítico e deixa passar, por ausência de barreira e não por equilíbrio. Rompe-se a membrana. Deixa instável e meaningless.

Sua lógica para de servir a si próprio. Quanto mais distante do bom senso praticado, mais distante de acreditar em suas próprias crenças.

Um cansaço sincero, sadista, persistente.


quarta-feira, outubro 23, 2013

Tapas

Do ato de tapar, não estapear. Ou serviria como o fato de estapear a si mesmo para reconhecer o enorme vazio que conseguiu-se maquiar por esse bom tempo?

O problema é sempre acreditar numa espécie de progresso, proporcionado por uma ordem excessivamente regrada que, infelizmente, acaba por surtir efeito por período prolongado. Mas não infinito! Naquelas pausas necessárias quando se está andando a esmo e se é obrigado e interromper coisa qualquer. Inclusive o que permitia acreditar que o adorno feito com chantilly não tinha a simples função de cobrir as imperfeições da massa do bolo.

Ai. Ai. E se fosse possível iniciar tradições a partir do próximo instante? Se fabricaria, como estadunidense, com visual retrô e diria que existe há [espanto] um século!!!

Mas o que é um século afinal? Os bons cientistas que desenvolveram o que conhecemos e realmente influenciaram alguma coisa viveram tempos atrás. Mudanças sólidas ocorreram por tradições reais e não artifícios bobos, de um registro exagerado facilitado pelas novas técnicas.

Mais cedo ou mais tarde quereremos que essa nova tradição supra o vazio desse novo mundo, ainda que soe remendado, como tapa-buraco, manco, imperfeito. Há esse arquétipo que já conheceu um pouco de atenção e não mais pode ser ignorado. E se quer de volta, para a completude, a todo custo.



terça-feira, outubro 08, 2013

Capuccino

Tentava me concentrar em algo. Jurava ser importante. Daquela enorme lista de afazeres, ao menos alguns itens deveriam ser riscados. Era uma necessidade de controle. Pelo tom da coisa, andava tudo muito atrasado. E sabe-se lá qual era o tempo que regia ou demandava tal cronograma.

Incontáveis vezes que ameaçava se aproximar da caneca, até que passou a ouvir algo que atrapalhava. Incomodava. Não era ventilador, computador, carregador ou qualquer outro 'dor' que pudesse ser responsabilizado. Era som de efervescência. E aumentava cada vez que se prestava atenção.

Bolhas! Eram bolhas! Suicidavam-se e mal se via quem foram. A espuma do leite. Chamava atenção para esquecer qualquer coisa terrena, do mau uso dessa boa vontade que nos enlameia, do reconhecimento de situação tão delicada.

Se tornava menos espessa, naturalmente. E o som permitia meditar e observar a metáfora se aproximar, do núcleo. Removia carinhosa e despretensiosamente a barreira frágil que nos protege. Esse acesso fácil e o encolhimento de frio, ou um saborear desigual das infinitas possibilidades. Consumir é acabar com o que representa, observar é tornar inútil.


segunda-feira, julho 29, 2013

O que se quer ser

Não me lembro. Talvez tenha sido alguma coisa diferente do que hoje. Realmente importa?

"Sim".

Seria, antigamente, uma lembrança anterior a este plano, indicando-me o caminho que eu deveria trilhar? Ou seria apenas uma interpretação errônea de alguma figura vistosa?

Vi a branca de neve em manto escuro, muito recentemente. Não sei qual seria a metáfora adequada para a maçã, mas ela estava bem imóvel. Não sei dizer se haveria príncipe para resgatá-la de alguma profundeza. Não me lembro de querer ser príncipe. Nem protagonista de conto de fadas.

A realidade é dura, mas ainda guarda um pouco de razão. Os sonhos são agora projeções, que faria eu sem a realidade?

Na realidade, não me lembro o que eu queria ser quando era criança. Hoje, se fosse criança, diria "mais velho". Pois naquela época, talvez fosse essa a interpretação simplista que eu teria feito de alguém com algum tipo de sabedoria. Uma caixa de ferramentas precisas para solução para o sofrimento cotidiano. Talvez houvesse paciência.

Melhor seria ter entendido que eu queria ser o que fizesse sentido em cada época. A cada sentido novo, uma nova pessoa. Durante o tempo que for necessário, até precisar de um outro código de conduta.

Mais ainda tem o papel de príncipe e outros que se precisa desempenhar, não? Para quando fica a minha vontade?

"Você é quem sabe".


terça-feira, maio 14, 2013

Um manifesto

Haveria então uma possível nova lógica? Uma teoria ou modelo que fosse capaz de englobar e sanar todo esse incômodo. Não para aniquilá-lo, mas para mostrar que isso sim é a normalidade.

Que não inserisse esses elementos ausentes e tratasse como novo. Pois, não poderia existir tal definição! Uma vez que já existe. Reconhecê-lo não o torna novo e também não deveria haver oposição a ele, como existe a tudo que é "novo".

Ainda assim talvez fosse não uma "nova", mas uma outra lógica. Um estalo que permitisse que as ideias caminhassem lado-a-lado, nunca sendo excludentes. Esse outro plano que permite tudo coexistir sem interferência destrutiva. Onde talvez nós sejamos mais nós mesmos do que jamais tenhamos sido e isso só inspiraria a buscar o outro a sua própria profundidade.

O grande problema existencial seria não tentar se enquadrar em coisa qualquer, mas sim descobrir o que realmente ressoa internamente. Seria preciso viver. Com necessidade e consequência imediata de não classificar tais existências, visto que o modelo criado é inclusivo, não restritivo. Seria cercar os pontos regulares, frequentemente encontrados, e estabelecer a importância de todos os outros inclassificáveis, tudo o que não se conhece. É ater-se ao inseguro!

E, nessa base diferente, seria difícil usar padrões atuais. Não daria para andar junto com a maré, nem ir contra, visto que essa referência de "todos" não existiria. Uma forma comparativa poderia ser somente o caminho seguido que, certamente, não poderia fornecer informações diretamente úteis para os próximos passos.

Um avesso que não possui, não possuiu, nem possuirá, 'dentro' ou 'fora'.


segunda-feira, maio 13, 2013

Transbordo

Uma passagem qualquer. No início, talvez fosse o foco em outra coisa. Era isso, chamava a atenção para a conduta do afastamento e perdia mais tempo tentando evitar que se enxergasse o que não queria, mas já estava vendo.

Desistira. Com não muito tempo viu que tal conduta não era melhor que a anterior. Nem xiita, nem sunita. Nem coisa qualquer. Era necessário um modelo que não havia sido definido, uma conduta que não se conhecia. Uma novidade que lidasse com tudo o que já se conhece.

Uma transferência.

Que não fosse o transbordo de quem quer um vaso de água limpa e o vê transbordar por atentar a outra coisa.

Mas a mudança de margem. Que fosse de uma borda a outra. Que depois da travessia não se reconhecesse nem onde estava, nem onde se está. Pois, fato é, não existe mais a borda de saída e, certamente, a de chegada é bem diferente do que se imaginou.

Nisso, transborda-se aflitivo. Fugitivo.

Positivo.


sexta-feira, maio 03, 2013

Jogo

(1)- E maaaata no peito! Carrega a bola com habilidade, finta com categoria a falta de recurso. Minha Nossa! Passou pelo trânsito caótico sem perceber. Não é, caro Quartarolloooo?

(2)- Sem dúvida! Parece um daqueles dias inspirados que, não adianta chover, nada pode parar o meia, César! Quer dizer...

(1)- Um maestro! Mas a zaga não é boba nem nada. Se não é com habilidade, deve seguir o que o professor manda.

(Quebra! Quebra! Quebra!)

(2)- Essa torcida está parecendo mais UFC que futebol, não?

(1)- Eu sei que deu resultaaaaado!!! Vem driblando pela meia e... Reforma do Apartamento raaaaAAAaaassssssgaaaaaaa bem na bola. Ou melhor, bem na perna.

(2)- Fama de cai-cai é isso. Juiz nem marcou.

(1)- Jogo segue!



quarta-feira, abril 24, 2013

Sem tempo

Parece o tempo correr apressado quando se foge. Vem lambendo os pés e garantindo a todo instante que a falta de ar nos pulmões é fatídica. E que não importa onde se meta a cara, mostrará um relógio estridente dizendo: "suma daqui, atrasado!". E vai insistir em cada tentativa de distração "tic-tac!". Tic-tac. Tic-tac.

Poderia tentar uma outra abordagem. Tic-tac. Não.

Vou adiantar o rascunho. Tic-tac.

As equações? Não. Tic-tac.

E... tic-tac.

Tic-tac.

Tic-tac.

Tic-tac.

Já não sei mais. O que eu deveria...?

Tic-tac! Tudo errado!

Consumido e triste.


terça-feira, abril 02, 2013

Insano

E tem essa violação. Do espaço. nos jogando um pouquinho mais pra lá. Do que vemos, oferecendo algum líquido para nos ajudar a engolir.

Difícil fechar os olhos. Melhor, não dá. Já se viu o bastante para deixar de se conseguir imaginar.

E essa dor toda faz pensar a razão de todo esse rancor. A vontade de apedrejar e, no fundo, sentir esse medo absoluto de sentir o impacto de cada pedra na própria carne.

Vítima e agressor. Culpando-se por projetar-se vítima e olhar-se através dos olhos do terceiro. E o contrário, desejando saber se se percebe as reais emoções de agredir, em tudo isso.

Se, nessa fase houvesse uma possível troca de papeis, ficaria tudo em paz? Não tornaria amena essa dualidade? Haveria um vilão e um heroi?

Seria menos sombrio conter ambas as personalidades? E muitas mais? Tal que não se fosse possível encontrar um estereótipo detestável, pronto para ser julgado e estraçalhado por quem não pode assumir que possui alguma parcela. De culpa, de ideia e de pensamentos tão detestáveis.

Ocorre que não somos senhores de nós mesmos. Há bastante tempo. Rezamos, diariamente, para conseguir separar as mensagens noturnas das loucuras diárias. Sem sucesso. Dá sempre aquela sensação de não estarmos vendo o que realmente ocorre; sendo na maior parte do tempo benvindo. Noutras, caímos na real.

La la la la la! La la la la!!

Bim bom, bim bom!

Tá tá tá.

Zzzzz


segunda-feira, março 25, 2013

Cigarro

Ao cinza já brindo, por vê-lo por tanto tempo. Aliás, motiva procurar algum tronco que ainda tenha folhas ou flores. É como se pudesse fazer bom uso de algo ruim.

Difícil é desviar dessa multidão desatenta. Que certamente não está procurando tais folhas, mas algo noutro lugar ensimesmados. O que mata, duramente, é ter de engolir o cheiro desse cigarro vagabundo.

Os pés das pessoas. A calçada suja e cinza, pisada, pesada. Casacos e gente.

E esse cheiro ardido, angustiante, sufocante.

Faz com que eu tenha que me prender, ensimesmar-me, de uma forma tão brusca que não tenho como fugir.

Ou prendo a respiração! Ando depressa, sabendo que o tempo é curto. Se for ainda mais difícil, fecho os olhos e sei que segurarão minha mão. Talvez seja fé que dê tal certeza de chegar desse outro lado.

Mas, sopre para o lado. Ou pra cima. E não jogue a maldita bituca na via. Você se vai e a fumaça vai continuar. Sem efeito.



terça-feira, março 19, 2013

Alguma Ordem

Seria mais facilmente obervada se estivesse em total bagunça? Ou se estivesse em perfeita ordem?

Talvez não seja essa a situação. O presente vazio é resultado das escolhas. Como se se comprometesse em tropeços periódicos para, de quando em vez, firmar os pés com alegria; estendendo os braços como se houvesse conquistado o mundo.

Logo depois volta à inquietude.

Sinto que há convergências para esse lugar mais estável. Mas a maior instabilidade se foi já há algum tempo. Como se, na verdade, os braços abertos fossem para receber outros braços abertos.

E, fora dessa condição, voltamos àos cascalhos, pedras, poças e lama.

Sim!

Certamente! Os braços abertos!

Estabelecem, de novo, o sentido positivo, alguma ordem nessa coisa toda tão insensata.

Ordem? Sentido... Ou motivo?

Motivo.



segunda-feira, março 11, 2013

Asd

O convencional ficou para trás há bastante tempo. Melhor, a percepção da inexistência de um "convencional" surgiu há pouco. Materializou-se com todas as provas de que, mesmo que haja semelhanças e condutas tão parecidas, a história entre duas pessoas sempre é e será diferente. E reforço com toda a certeza de que podemos nos preocupar com os tropeços de outrem noutras trilhas. Mas, não como projeção, como quem quer bem a quem nós é próximo.

Devemos viver o bem, os acontecimentos de nossa trilha, antigos e recentes e futuros... inspirado na felicidade que sempre emanará dos próximos. Se é para termos inspiração, façamos direito: a mistura de um sonho e realidade sem muitas adaptações.

Se vivemos o sonho em vida, não fechamos os olhos e nem temos medo de acordar.

Simplesmente estamos e somos. E não incomodará, nada.

Dia após dia.

Um