segunda-feira, março 25, 2013

Cigarro

Ao cinza já brindo, por vê-lo por tanto tempo. Aliás, motiva procurar algum tronco que ainda tenha folhas ou flores. É como se pudesse fazer bom uso de algo ruim.

Difícil é desviar dessa multidão desatenta. Que certamente não está procurando tais folhas, mas algo noutro lugar ensimesmados. O que mata, duramente, é ter de engolir o cheiro desse cigarro vagabundo.

Os pés das pessoas. A calçada suja e cinza, pisada, pesada. Casacos e gente.

E esse cheiro ardido, angustiante, sufocante.

Faz com que eu tenha que me prender, ensimesmar-me, de uma forma tão brusca que não tenho como fugir.

Ou prendo a respiração! Ando depressa, sabendo que o tempo é curto. Se for ainda mais difícil, fecho os olhos e sei que segurarão minha mão. Talvez seja fé que dê tal certeza de chegar desse outro lado.

Mas, sopre para o lado. Ou pra cima. E não jogue a maldita bituca na via. Você se vai e a fumaça vai continuar. Sem efeito.



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