quarta-feira, novembro 27, 2002

Sistema de Equações

I) Minhas indagações ultrapassam o plano metafísico.
II) No plano físico as coisas podem ser ouvidas.

De I em II:

As minhas indagações foram ouvidas. (III)

Donde, em III, conclui-se que parte das indagações foram atendidas e suas consequências, inesperadas. Foram, talvez, mal entendidas.

De I, II, III: não devia ter indagado, sequer dito. Assim não ficaria sem rumo. Obrigado.


terça-feira, novembro 26, 2002

Deusa do Mar e da Terra

Já foram muitas as ondas passadas. Contadas da areia pareciam finitas, tinham a esperança de que ela voltasse. Mas o que me faz pensar que ela volta?, deve estar no alto mar, a ver todas as constelações que tanto quis. Estrelas estas que não pude mostrar, e o inconsciente dizia ser por justa causa, o que sou para dizer "não" ao sábio destino?
Não teria cacife de dizer que a brisa do mar é preguiçosa e não fará força para trazê-la, seria o mesmo que tachar andarilho um alguém com família, casa, fixo.
Não faço promessas, além das já feitas. Não posso gritar seu nome a ecoar pelo espaço para quem sabe em algum lugar encontrá-la. De que adiantaria a voz e tê-la próxima como desejo se ainda sei que a distância faz certo bem.
Maldição.
Iemanjá, me abstenho de pedir misericórdia desde pobre pescador, só vos peço que interceda de maneira favorável. Devo algumas palavras a ela, não deixe que se vá sem que eu consiga proferí-las.
Que seu sopro de manhã possa trazer o perfume daquela que foi, e não mais voltou.



sexta-feira, novembro 22, 2002

Ó Byron!

Diabos, levem-na daqui,
Ou, deixem-na e vão.
Não entendo sua intenção,
Há inda o nada adquirir.

Nade, a contrariar a corrente,
Odeie o correto, vasto mundo.
E se na história há vagabundo,
Há de fugir descontente.

Infeliz daquele que pôde ouvir,
Suas palavras doces ao pé do ouvido,
E como finito o amor, teve de seguir
A fugir dos prantos falsos, fingido.

Mas a noite teve de esperar,
Não havia nada senão o perfeito,
Estava ele nos bares direitos,
Esperando o triste dia acabar,

Mas este, contraria o amor,
Quis demonstrar uma reflexão:
Não troque por nada a solidão,
Por mais que ainda haja dor.


quinta-feira, novembro 21, 2002

S. m. Bras. Pop. 1. diabo

Sorri, como poucos. Mui bem pode destruir tudo, e tu. Não, não fujas, dormes com este inimigo. O faz tal qual outrora já houve historia, não estranhes se tem cara trívia. Se fugires sabes bem que terá alvo definido, zela por mim.
Difere do mito por não apunhalar-nos pelas costas, mas pela frente e na frente. Olhos não vêem e o maldito coração ainda sente.
Se, se, se. Há de haver dia qual o momento-vida não seja sofrer.
Espero inda, amar o inimigo, que suma.


quarta-feira, novembro 20, 2002

Dorme-se

Eu durmo,
Tu dormes,
Ele dorme.

Nós dormimos,
Vós dormis,
Eles não dormem.


domingo, novembro 17, 2002

Desumana

Não devia ter feito.
Não devia.
O dia em que a Terra devia ter parado.
O dia em que acordei,
Não devia ter acordado.
Não me venha com aquelas palavras sábias,
Desista de dizer que não houve falha
Nem pena aceito porquanto não mereço.
Fruto dum ano inteiro,
Das horas extraordinárias,
Da farsa insistida.
O sacrifício de uma vida,
Em pouco tempo, destruída.
Pede, ainda, os olhos erguidos,
A cabeça levantada.
Não.


segunda-feira, novembro 11, 2002

Coexistência

Eu penso, coexisto.
Se existe uma avenida que todos conhecem e meu nome sequer existe, posso assim dizer que a existência exagerada do cartão-postal me leva à coexistência.
Sou mais um destes que nas ruas andam, cabisbaixos à espera de milagres. Como não existem, prefiro ficar somente com as sensações.
Ainda acredito não ser a solução destruir a avenida para a minha fama.
Há de no inverso crer, basta reconhecer quem está no pé de quem. Piso num cartão-postal.



Na Sarjeta, Sorrindo

Não tive o prazer de sentar na sarjeta e fumar um cigarro. Não gosto de cigarros.
Senti o vento sobre os meus cabelos, pude sorrir. Sinto como se conseguisse entrar na estrada que me levará ao lugar mais longo de minha vida. Tal qual as estrelas entraram desde a criação.
Se ainda acreditas que as estrelas são estáticas, precisas mudar de mundo.
Devo falar de mim e não de tu. Eu tive o dia.


sexta-feira, novembro 08, 2002

"Uma vez que você tenha aprendido a voar, você caminhará pelo chão com os olhos em direção ao céu; você já esteve por lá, e pra lá você espera voltar." (Leonardo Da Vinci)

Vôo pelo mundo estando com os pés grudados no chão. Vôo pois vejo nos teus olhos o desejo de estar junto a mim, a buscar os céus que tanto admiramos. Não há tormenta neste universo que possa nos derrubar, lembre-se que estás junto a mim, e de tudo te protejo.
Hoje nada me impede, sinto em mim a imortalidade dos Deuses. Por que ainda sentes em tuas mãos a frieza quando estás ao meu lado?
Acredito sim que as estrelas perdem sua graça quando estão próximas, as suas reais qualidades existem por estar distantes, no alto. Mas ainda insisto, por que ainda queres lamentar pelas estrelas, se estás tão alto quanto elas. Acredite, estás no topo do mundo. Ama quem está ao teu lado.
Vivas!Viva.


domingo, novembro 03, 2002

Ausência

Que faz mal fumar cachimbo eu sei, mas que eu poderia sentir vontade de beijar confesso ter sido surpresa.
Fugi pro meu sítio, e nada de novo me ocorreu, apenas um nova constelação que me lembrasse um voto de castidade, sua forma lembrava um terço. Definitivamente não sou católico, mas minha homenagem ao momento foi apelidá-la de Odranus. Tens dúvida alguma de que eu não deveria ter ido só?
Tudo o que eu mais queria era contar sobre e não as estrelas. Quem me dera se ao menos uma vez eu não fosse sozinho, e estivesse de olhos abertos.