sábado, janeiro 18, 2003

III

Isso não é vida. De que valeu estar dentro da lei, não desrespeitar regra alguma? Cá não há regras, assim como querem os malditos malandros que aqui existem. Há ainda de um dia mostrarem, na mesma moeda, os danos por eles causados nas pessoas.
Tenho a impressão de terem omitido parte do aprendizado da vida, como se tivessem piscado os olhos por um longo tempo enquanto a ética passava-os à frente. Ou então desviaram a atenção para uma cena mais agradável à vida sofrida: carros importados, mulheres e poder. A qualquer preço torna-se o sonho deles serem líder de qualquer coisa, não importando mais se pisam em ovos, ou se escoram-se em espinhos, focam-se somente ao incessante desejo de dominar.
Que vítima me tornei, se por muito tempo aqui ficar não sei como deverei sair. Esse sistema há de acabar, agradeço ao meu único amigo - este caderno - que afastou qualquer opressão de mim, eles crêem que isso seja uma denúncia aos maus tratos dos Uniformes. Bobos eles não perceberem que critico eles. O sistema é vicioso, mas não há ninguém que sinta vontade nem capacidade de querer mudar isso. Se ao menos eu soubesse por onde começar... se matasse o líder teria de substituí-lo. Não, não faria isso...


sábado, janeiro 04, 2003

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde não deveriam estar;
As plantas, que aqui custam,
Custam mais do que lá.

Nossas avenidas não são praias,
Nossas várzeas são esgotos,
Reservas são lotes,
Motes nosso desgoto.

Que São Paulo é essa?

Palmeiras são para praias, não cidade.