terça-feira, fevereiro 14, 2006

- Você ligou para o número que acabou de discar. Posso estar ou não aqui, de qualquer forma, deixe seu recado. Talvez retornarei a ligação.

- Ermm... - risos - Bem a sua cara essa mensagem. Digo, pelo o que conheço de você, talvez eu tenha acertado o número e... é estranho conversar sem respostas, ou. qualquer gesto que me faça continuar. é tão... tão ... impessoal. Mas talvez eu imagine sua expressão de... surpresa, logo no começo.... e intrigada logo a seguir. Em algum lugar de sua casa... andando descalça, lendo o verso de alguma fotografia... olhando pros próprios pés... e..


Hmmm...
Sabe,...Algo me consumia numa angústia difícil de ser expressada....
na verdade a gente precisava conversar... eu preciso tentar entender porque observa a secretária eletrônica... ouve minha voz e continua assim...onde está....eu sei que você está aí... Tentar entender os dias anteriores e o porquê de eu não conseguir pensar em outra coisa senão você.


Não sei o que me fascinou em você... e eu não devo desculpas por isso.
Espero que um dia seja diferente. Sabe, você atendendo o telefone.

Adeus.



domingo, fevereiro 12, 2006

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

"São como as lágrimas da chuva, as gotas no meu rosto."


Se tornou tão famoso que passou a ser reconhecido por apenas 2 caracteres e 2 pontos. S.M.
Assinava com a certeza de poucos de que, entre cotoveladas e cochichos, não conheciam sua imagem, mas sim a criação abreviada. Bom, a compra seria um presente, meticulosamente escolhido, a uma pessoa que conhecia seus olhos, seu rosto e expressões, e tanto o que sabia desses, desconhecia as folhas de cheque que assinava.
Também não conhecia a coluna no jornal ou mesmo os autógrafos tão em voga nos últimos tempos. Alguém que gostava da conversa e do jeito, e que não perguntava seu nome.

Quando pisou na rua, deu-se conta do pouco que fizera das atendentes ou do caixa, a chuva, caindo pelo beiral do telhado, na porta da loja, deixou gotas em seus óculos escuros. "Tire esses óculos escuros quando estiver falando com alguém!". Lembrava dos dizeres mas não de quem disse. Tarde demais para voltar, envergonhado pela desfeita, abriu o guarda-chuva e caminhou até o café mais próximo.


domingo, fevereiro 05, 2006

Da Decepção

"Que entenda, inicialmente, que isso nada mais é do que uma exasperação - ainda que controlada - dos sentimentos antigos revividos há pouco."

Era o que pensava, ou ainda, que se fazia pensar, justificando suas idéias e se preparando para um possível questionamento externo. É sabido que, para uma mesma pergunta, haveria duas respostas: a para ele e para outrem. Tentando, inutilmente, unificar as duas coisas, passou a apenas refletir sobre o ocorrido. Ainda que dissesse a uma pessoa a realidade dos fatos, levaria tempo demais e este seria tão precioso que sentiu-se encorajado a reter-se.

Reflexões consomem a alma dos puros, pois inconsequência alguma passaria por sê-la simplesmente, busca-se sempre as razões daquilo. Por mais que não existissem, tentaria descobrir e tinha certeza que era forma de manter-se ocupado. Já tivera decepções antes, assim como todos os mortais, mas essa tinha um sabor diferente.

Decepções são combinações de imaginação e frustração, confrontos de ideal e real. Enfim, elementos necessariamente criados pela pessoa que se decepcionara. Mas, ainda que tivesse parcela de culpa, que tipo de responsabilidade seria essa quando se trata de surpresa? A mais limpa e clara, de onde, friamente, não se esperava passo algum. Até poderia culpar-se por ter acreditado no que lhe dissera, porque, de fato, aumentou o teor da surpresa. Ah!... Já se encontrava muito além de onde havia razão. longe de qualquer linha de raciocínio, ébrio e tão injuriado que tinha a visão turva e apenas via o filme recente do que tentou, muito, não ver. E que, mesmo de costas, sabia os passos e as expressões. E, ao menos dessa vez, não teria imaginado.

Nem tudo tem o tom fúnebre tão esperado, pois nem tudo que soa triste é enterro. A vivência com as situações mais reais cria a leveza dos mais duros castigos morais. E desses, deve-se ao menos saber qual lugar você ocupa. Mesmo de guarda-chuva, temos um pouco de nossas roupas molhadas, não estamos livres de questionar ou inflamar preceitos ao observar o mundo. Cabeça alguma repousa tranqüila depois de vários disparates.

E, quanto a decepção? Ainda que não sentíssemos coisa alguma, ainda existiria algo para nos decepcionar profundamente. O desprezo, a frieza... mas isso já é outra estória....