sexta-feira, dezembro 22, 2006

Ao desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.

Luís Vaz de Camões


quarta-feira, dezembro 20, 2006

Pan

Depois de viajar perto de doze horas pude relaxar. Os efeitos da mudança do índice de refração do conjunto ar/asfalto já havia me entorpecido.

Fora um rally e tanto, mas enfim chegamos à fazenda.
Bela sede, enorme varanda. Magnífica vista.
Sentei-me em uma poltrona bem confortável e passei a ler Dom Casmurro.

O vento resolveu soprar e chamar a minha atenção. Levava bolotas de capim e criava vórtices, certamente para que eu admirasse. Chacoalhava a vegetação baixa de capim braquiária. Van Gogh ficaria enciumado com essa idéia que tiveram... e era só pra mim. A intensidade do sol certamente causou desequilíbrio e houve um aumento de temperatura, talvez tenha motivado os ventos.

Mas depois dessa leve distração, só conseguia lembrar do que me ecoava sobre o desconcerto do mundo. Mudando "bons" para alguma característica minha, que ainda não consegui resumir, e "maus" para a parte trivial do mundo. Se encaixa por resultados, talvez não pelos métodos, mas pela forma egoísta e necessária de encontrar respostas plausíveis - não necessariamente dignas - para os acontecimentos próximos.

Alguns chamariam essa busca por respostas de "dissecação moral". Esta serve para nos angustiar até que haja amargor suficiente para não nos enganarmos mais. Nesse ponto, estaríamos prontos para chorarmos feito criancinhas pelo tempo perdido e os sonhos [ridículos] cultivados em vão. Porque, apesar de terem valido como motivação naquela época, serviram de alavanca para as conquistas das quais, hoje, não se quer mais vangloriar ou mesmo possuir.

Crie um modelo com as premissas e as verdades absolutas. Mas ainda que fossem verdades, e esse modelo fosse, de fato, validado, quereria eu, mesmo, obter as respostas?


terça-feira, dezembro 19, 2006

Jealous

Lots of water flowed beneath the old bridge, and only by this time sky felt jealous about the tree green, it's comprehensible.

It has desired to be green.

When everybody was in hurry because on raindrops, sky painted itself green, just for 2 minutes.

I saw it.

And it was just beautiful.


sábado, dezembro 16, 2006

Das Informações

A grande ironia do Pôquer é a confiança. É sempre ela que define o ganhador da jogada. A ironia fica por parte dos espectadores que contém todas informações necessárias e sabem julgar - como ninguém - quando alguém acredita saber mais do que o outro.

É o jogo de se sentir superior e possuidor de algum conhecimento maior da situação.
Quando não, se impor como se soubesse é o segredo para obter bons resultados.

Por que isso não é regra? Afinal nem sempre funciona...

Pois se pode imaginar sobre o jogo, sobre as cartas e sobre como interpretar as caras....
Mas se não possui informações privelegiadas, tudo poderá ser um grande engano...


sexta-feira, dezembro 15, 2006

Rascunho de 24 de dezembro de 2004 - 1h31 da manhã (sem alterações Inédito)

"Guirlandas natalinas com velas. Sim, exato. Três velas longas, de modo que não ficarei sozinho enquanto escrevo. Acendo uma a uma, elas tremulam pela passagem do vento, mas se sustentam. Elas confiam em meu propósito."


Corriam as luzes da cidade sobre as gotas de chuva que insistiam em cair.

Temperamento diferente dos dias próximos ao natal. Estranha as pessoas que costumam sentir-se mais quentes, mais unidas, mesmo que distantes. As memórias dos dias sempre correm de forma que jamais se possa esquecer d'algum momento. Uma saudade tão boa de se sentir. Nos olhos das pessoas que pela noite insistem em passear vê-se tal sensação.

Por sobre as xícaras de chá das pessoas, uma conversa sem pé nem cabeça. Sorriem merecidamente as inúmeras conquistas. Sejam estas boas ou ruins. O que é ruim disso tudo? Diriam elas que nada.

Santa Claus talvez apareça com sua barba bem vivida, seu sorriso boníssimo. Adultos com olhos cheios de brilho observam crianças a se admirarem com o bom velhinho. Não se entra em questão quem possui o semblante mais feliz. A nossa [e a deles] felicidade está no que vêem. Costumam chamar de espírito natalino.