segunda-feira, janeiro 26, 2015

Espuma

A cada fatia, parece sobrar menos. A ilusão é sacana. Fica sim mais duro, mais concentrado.
A preparação do ser fatiado é encolher-se e deixar o adiável para a superfície removida. Tende-se a achar que aquilo se foi, mas é bobagem. Essa camada é espuma, volumosa criação de uma efervescência íntima. Tirá-la só expõe o núcleo, obriga a uma nova camada e uma nova criação.

Pode-se ter medo de uma finitude. Bobagem!

O núcleo reage e se expande. Indefinidamente.



sexta-feira, janeiro 09, 2015

Esse...Essa...

Sombra.

Esconde-se quando não a percebo e me assombra em todos os outros casos. Ocupa mais tempo minuciar sua forma do que compreender sua razão de existir.

É como ficar ao sol e observá-la defasada. De meses, anos. Biênios, talvez? Sei que representa algo que tenta pertencer ao novo mundo.

Faz-se de bondosa, brincalhona. Só não cabe, não serve. As formas são outras e dificilmente se liga uma sombra desfigurada a um corpo mudado. É clichê pensar que só ocorre por causa da enorme claridade que surgiu nos tempos recentes? Pode ser.

Até se descobrir o que é realmente novo, ficamos com um clichê emprestado, como luva ou terno que não veste muito bem. O incômodo e desconforto causado é, na maior parte das vezes, de quem sabe da história ou é crítico, não de um observador externo qualquer.

O novo é um luxo que aflora, como a vida que da terra surge. Não se consome. Consome e nasce.