sexta-feira, novembro 24, 2006

Nº 400

Neste post de número 400, homenagem ao mestre... Resume tudo.

"Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas."


Qual pretende ser?


quinta-feira, novembro 16, 2006

A Brisa e a Cortina

Estava deitado no sofá.
A brisa fresca dessas noites incomodava a cortina, que cedia aos movimentos e tentava segui-los. Sabia que contrariá-los era esforço inútil e tempo perdido por tempo perdido, preferia usar a experiência de seus antepassados e agiria da forma mais conveniente.

Para ambos, claro. O vento não queria adversários e, mais cedo ou mais tarde, ele voltaria e tentaria a mesma coisa. Não era a primeira vez e a história ajudou a amiga cortina a evitar atritos desnecessários. A questão fundamental cortinesca era o quanto precisaria fingir não ser incomodada pela brisa, mesmo sabendo em seu íntimo que essa não era a intenção dela, embora continuasse fazendo mesmo assim.

Fazia parte da essência da brisa. Historicamente era isso o que seus antepassados faziam e nunca houve acordo ou estudo que mostrasse o quão pertinentes eram os sentimentos da cortina. Certamente pouco importava.

A cortina poderia começar a gostar dos estímulos e até se tornar dependente dessa situação. A intermitência é a qualidade mais interessante de fatos desagradáveis, lembrando-nos freqüentemente das verdades que gostaríamos que não existissem. Mas a cortina pensava em outra coisa... quando aquilo iria parar?

O impasse poderia ser resolvido fechando a janela?

A brisa cedeu aos meus pensamentos. Dormi.


terça-feira, novembro 07, 2006

Vi

Hoje eu vi estrelas. Não que eu quisesse, embora eu agora queira, mas sim porque elas estavam lá.

Apareceram depois de um fenômeno mágico, causado por uma sucessão de desgraças de beleza ímpar. Um desfecho tosco para um reinado de campos de verdess férteis e de uma senzala bárbara.

Ainda sobre o reino, deveria comentar sobre a sala de tortura que sempre teve as portas abertas e que, mesmo fechadas, deixava seu conteúdo iluminar a mente sombria de humildes servos, uma brisa de 'risos' ecoados, mais hábil e culta que o conteúdo da caixa de bombons de marca "Pandora"... mas acho que falar disso seria um enorme desperdício.

Veneno por veneno, direto ou não, prefiro os de longa duração, que acorrenta sem ter antídoto ou salvação que valha. Dos remédios destrutivos, é refém de si mesmo, com o julgo próximo por encargo do tempo.

E continuei a ver estrelas, não sabendo se queria ou não, mesmo de olhos fechados.