quarta-feira, fevereiro 25, 2004



Os seus olhos não vêem. Não mesmo.


Ontem, 1 Tipo

Minha dor cabeça começa ao abrir os olhos. Não há ninguém ao meu lado. Se não fosse bastante a ausência de fotos de cabeceira, as paredes ainda murmuram lembranças pouco fluidas e insistem nas tristezas próximas.
Plenamente intoxicada pela enchente de fumaça do carteado da noite anterior, minha cabeça lateja com a intensidade de um cogumelo nuclear e com a mesma reversibilidade.
Há quem pense ser exagero e pouca resistência. Resistência de 19 anos à tamanha desgraça não poderia escaldar-se impunemente, escoar como as águas de março ou finalizar-se na quarta de cinzas.
Parece ser muito mais terreno do que as péssimas existências passadas. O emplasto ainda seria de bom grado. Mas que esperança pode existir para resolver a má eficiência das soluções desses erros cíclicos e não forçados? Os conselhos nefastos e ajudas inócuas, métodos repetidos para problemas já conhecidos, nada funciona, caso contrário haveria somente uma e não a infinidade.
De olhos fechados é que me encontro, e tenho o melhor dos refúgios, o quarto escuro e os sonhos na mente, isso é tudo que consigo nos últimos meses, infelizmente.
Crescemos ainda para ver cada vez mais longe o fim do abismo, na beira deste, o fim não parece muito distante.
Cada vez mais próximo vejo o merecido emplasto.



terça-feira, fevereiro 17, 2004

Quase Disse

Para jamais me procurar, e que não teria porquê de continuarmos fiéis um ao outro.
Alfinetadas em ideologias alheias é algo destruitivo demais para um perdão.
Não telefone, não mande carta, não mande alguém me avisar.

Não disse isso, embora quase, a necessidade varia voltar atrás em poucos instantes. E não preencheria o vazio que a falta de martírios morais e tristezas reais causam. A única gota se torna o oceano e a própria d'água.
É estranho viver o ócio.
É triste não existir.
Isso, é tudo.


domingo, fevereiro 15, 2004

O despertar da chuva

Foi por ela que acordei neste dia tão insignificante. Respingava em meus dormentes olhos a água insípida. O pulo fez derrubar o óculos que estava sobre a mesa, e as fotos pelo chão ficaram. Não mudou muita coisa.
A casa ficou alagada e peguei meu carro.
Na paulista, a chuva. A chuva da paulista. A chuva. Somente ela. Sobre os carros, sobre a gente, querendo fazer parte de cada um de nós, mesmo que assim a realidade não fosse.
O café não fez sentido, deixei o carro onde estava e fui caminhando para o lugar dos sonhos.
Tudo o que eu mais queria era chegar em casa, e guardar esse dilúvio no varal de roupas.


quarta-feira, fevereiro 11, 2004

A Despedida



Uma despedida poderia ser feita através de cartas. Mas quem leria? A pessoa já partiu para um outro mundo e não podemos dizer nada que possa ser respondido.
Sim, uma grande pessoa se foi, há 7 dias atrás.
Acredito que tenha ficado a grande lição de ter na vida a alegria do sempre viver, o sorriso e bom-humor mesmo em dias desfavoráveis.
Parece paradoxo, mas não derramei até agora uma lágrima, não que tenha ficado feliz com tudo isso, mas que acredito que ela não ficaria contente com lágrimas, nunca vi seus olhos úmidos, não teria porque oferecê-los.
Continuará para todo sempre, imortalizado em nossas mentes a grande pessoa que é. Pois ainda existe. O espírito permanece em nossas mentes, não há motivo para dizer o consumado "Adeus".
Me contrariando e sendo difícil de continuar, agradeço a estada neste curto tempo, mas muito proveitoso, que não há nada que faça terminar. A Deus.



quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Grandes Reinos

Grandes príncipes perderam seus reinos por evitarem a realidade.
Eram luxuosos castelos e palácios, mesas fartas. O sol batia no rosto deles e ainda não estavam acordados. A chuva caía molhando seus pés, e mesmo assim não se retiravam do terraço ao observar o horizonte que ali tinham pela frente. Eram donos das terras, das vidas das pessoas.
Foram derrubados, pois não conheciam suas tropas, nem o que se passava por debaixo de seus narizes. Julgavam-se em posição superior, não conheciam o que ditavam ser inferior.
Houve aprendizado, não foi de tudo perdido, mas foi uma atitude irremediável.


A Pedra

E uma pedra caiu sobre isso. E lá ficou.


A Sinceridade, acima de tudo.

Nego. Ou melhor, não nego.
Disse, porém tenho a certeza que posso afirmar que não sou dono da verdade. Este não cometeria tamanho delito.
Talvez em algum anseio oculto, tal qual gótico, desejar algo diferente, tal qual antes tivesse quisto.
Não, a embriaguez não justifica. Não mesmo.

Deve fazer parte da minha evolução, nenhuma sensação tão ruim faça rever tão bem conceitos. Evitar preconceitos inconscientes. Minimizar a falta de consideração com as coisas que desconhecemos. Isso mesmo, coisas que desconhecemos.

Nenhum esforço pode ser desprezado.

A parte racional entende. A expressionista, não.
Lamento.




terça-feira, fevereiro 03, 2004

A Embriaguez

Estado em que os olhos atingem foco díspare. Sentimo-nos deveras alegre pela situação boa ou talvez conveniente. Alegria alheia nos toma a ponto de partirmos para o bar e assim bebemos.
Bebemos e atingimos o estado divino, a alegria do papo e das conquistas.
Dane-se o que vão pensar.
Eu sinto vontade e faço.