terça-feira, outubro 28, 2003

Sonho de Morte

Que vontade que encontrar aqueles pares românticos, o qual a mão sobre a outra significa grandiosidade.
E o convite traz a certeza de um amor infinito.
As horas passam e nada. A mesa continua com a mesma forma, os casais do mesmo jeito, os quadros não mudaram de lugar.
Os ponteiros viraram.
Que vontade de esperar alguém no bar eternamente.


quinta-feira, outubro 23, 2003

Como Afogar uma Mágoa

Ingredientes:

- uma mágoa;
- entorpecente de qualquer ordem;

Escolha dos ingredientes:

Ao escolher a mágoa, prefira aquelas mais recentes, as muito antigas podem ter seu prazo de validade vencido, tornando a receita um fiasco. Mas caso seja a situação, pode utilizar uma antiga mesmo.
Quanto ao entorpecente, prefira os lícitos, pois estes não trazem remorços muito grandes. Um dos mais utilizados é a bebida. Mas veja bem, se a bebida fôr barata, o esforço é em vão, pois no dia seguinte lembra-se do porquê da dor de cabeça e remete diretamente ao problema.

Modo de preparo:

Vá a algum lugar que se sinta muito bem, os românticos iam a tavernas, os boêmios a bares/butecos. Eu vou ao fran's café ou num bar mesmo.
Pegue o cardápio e escolha uma bebida bem forte se você precisa tomar uma decisão que muda sua vida, por exemplo, partir para uma outra e precisa de um baque. Prefira as leves se você pretende chegar ao fim da noite chorando e acordar feliz no dia seguinte. Muitos utilizam das bebidas leves pois ficam um bom tempo ébrios, o que facilita muito a expressão. Grandes problemas parecem se resolver e a auto-estima melhora. (Mas tome cuidado, bebida sempre de boa qualidade, pois caso contrário a ressaca anula o bem-feito do dia anterior).

Sempre leve um amigo, que seja amigo mesmo, caso contrário você nunca mais o veria de novo. Tome cuidado com as declarações que fará ao se sentir mais leve. Amigos compreendem, e se entenderem a situação também ficarão bêbados, será, pois, uma noite de um verdadeiro aprendizado.

Mas lembre-se, existem mágoas que são anfíbias e não se consegue esquecê-las numa noite desse tipo. Mas com tantas tentativas de homicídio, chega-se à conclusão que vale a pena guardá-las, pois trouxeram tanto aprendizado que servem de amuleto e/ou símbolo de crescimento interior.

Portanto, pense se vale mesmo a pena cometer um homicídio ou tornar-se íntimo de si mesmo.




sexta-feira, outubro 17, 2003

Esse é platônico!

Nunca havia me ocorrido.
Mas aquele olhar inocente, ingênuo, antecioso... impossível não ficar impressionado.
Confesso que não tinha reparado em ninguém qualidades tão espirituosas. Gostaria de poder tocar naquele rosto tão belo. Não só belo por si, a palavra fala por si só, mas por mais, que estas não falam. É bem mais que uma singela beleza, sincera olhava todos meus trejeitos como se buscasse alguma atitude.
Olhava e olhava. Insistentemente, não sei se instigava às minhas palavras, mas pensei que fosse fatídica a insitência em manter as situações. O charme dos olhos supera o das palavras.
Não sei muito o que falar a respeito.
Mas esta foi a primeira vez que me interessei por uma menina de 15 anos.
Posso dizer que estou apaixonado, e esse amor é platônico.


quinta-feira, outubro 16, 2003

O contador está de volta.. mas eu acabei de zerá-lo... o anterior tinha mais de 1000 visitas...


sábado, outubro 11, 2003

Par de Olhos

Sobre a mesa havia um óculos, sob um óculos havia uma mesa.
O óculos estava sobre a mesa. Depois sobre o teclado. E ainda sobre a pia do banheiro.
Sob o óculos havia folhas escritas. Havia a mesa sob o óculos. Tinha o óculos sobre a mesa.
No meio do caminho tinha o óculos, o óculos sobre a mesa. Sobre a cama tinha o óculos, a cama sob o óculos.
Sobre o livro tinha o óculos. O óculos sobre a mesa e tudo o mais.


quarta-feira, outubro 01, 2003

VII

Era uma vez um garoto. Na verdade um jovem, tinha 17, quase 18 anos completos e sentia-se no direito de ter sua própria vida.
Brigara com seu pai na véspera de sua viagem a conhecer outro lugar, motivo fora a aspereza com a qual o patriarca tratava a modernidade e outros meios de vida.
Vencido certos obstáculos, juntou o que restava de si mesmo e começara a fazer o que achava que era capaz.
Escrever. Essa era a ferramenta que usaria daquele momento em diante. A música, as poesias, rimas e palavras fortes. Ele as diria e as pessoas entenderiam o teor de todas elas.
Talvez soubesse que teriam de ser muito densas, somente assim ressonariam tal qual planejara.

E ao caso descobriram todos os dotes que possuía. Como se passasse a música por um cantor e, tocando sua virtude, encantasse a alameda por unidade.
Num acaso disse palavras que veio-lhe à cabeça. Era, portanto, o mais novo escritor da vila.

Lágrimas eram rotina, bem como toda a lama que estas trazem. Porém não havia dor real que pudesse ser sentida por este rapaz. Tudo o que sentia era criado por si próprio.
A não ser as mágoas e tristezas por outrem. Quando tratavam-no bem, exageravam; sentia-se ingrato por tamanho amor e nenhuma retribuição. Era um misto de graça pelo zê-lo e mágoa por outros momentos inversos. Mas tudo isso fora quando criança.

Voltemos ao jovem que estava a descrever. Era cru como uma criança, inocente nos amores, também pudera, não teve sequer um romance real.
É justamente nessa parte que a estória muda. Um escritor precisa conhecer pessoas e lugares, inevitável ação é caminhar por ruas e vielas atrás de situações que mereçam o gracejo de um escrito.
É uma cidade. Pessoas andam por todos os cantos, moças também. Não preciso dizer o que acontece.
Eram muitas, ainda mais p'rá um alguém de fora. E como se houvesse alquimia e desejo pelo proibido, interessou-se por quem não devia. Amores amores, paixões noites sem dormir.
Agora sim podia escrever sobre o que tanto queria. Nada de Shakespeare. Era muito mais real, porquanto era real.
Antes que o tema se esvaísse e esgotasse as capacidades de ser explorarado, o fim tornou-se peça teatral de toda história. A morte. Interrompe qualquer dos amores que haja no mundo. Depois de todos impecilhos, a distância estrondosa entre o trovador e a cousa amada, a vida só e depois a vida em comum, o ser estar não ser. A vida antes de tudo. Agora, a morte.

Ao perder o grande amor de sua vida, por que viver?
Não há show para continuar.
Não há mais o que possa acontecer.
Agora que está registrado, adeus.