segunda-feira, dezembro 19, 2011

Registro

Começava sempre com uma sensação de tempo perdido. Diferente daquela de 'arrepender-se e querer voltar atrás', corria como uma busca incessante por justificativa que satisfizesse o dia. Não queria reescrever pois não possuía ideia nova, não tinha criatividade para tal. Queria passar a régua, poder começar novidades, algo que se justificasse por si só, sem precisar de lógica, explicação. Algo suficiente, dogma, sabe?

Caía sempre na discussão do que seria registro e controle. Se o relógio transcrevia fielmente as horas e os dias, era registro. Se se mirava os dizeres do relógio, era controle. E vinha carregado de vontade, u'a mentalização que o fizesse girar mais rápido ou devagar, parar, até. Mas, imbuído com a ideia de que era registro, passou a assinar acontecimentos com o tempo, o horário mesmo, tal que pudesse ser fiel à todas as mudanças, o que seu próprio nome nunca foi, ao menos ao se apresentar com frequência.

Ao observar todo esse registro, constante-mutável, achava que tinha o controle.

Mas, era apenas registro. Mesmo!


quinta-feira, dezembro 15, 2011

Chuva

As cortinas não impedem o contato visual mais.

Bastou abrir bem os olhos e não se restringir às primeiras ocorrências, desculpas falhas, suficientes para quem tem sede de se justificar. Ou quem não lida bem com a pluralidade de afazeres e anseia, angústia, um tempo ocioso regado a descontentamento.

Seria mais fácil encarar a chuva. É.
Que tudo é motivo para se aproximar e expandir o que se tem, tal a reduzir o efeito antigo às outras pessoas. Pois conhecimento deve ser partilhado, atitudes também.

Vai que contagie?

Contaminados com a ideia de um todo carente de participação, uma criança que apenas quer contato visual.

Chuva não atrapalha.


segunda-feira, dezembro 12, 2011


10

Não seriam dez anos se não houvesse o primeiro. Como qual, no noturno romantismo de mesa de bar ou, mais precisamente, num programa qualquer de comunicação eletrônica surgiu a ideia de escrever um "blog". Na época, nem era tão popular assim e por que não estar na vanguarda?

O mote era escrever, mas não para ser lido. Ou ao menos era essa a justificativa para não alardear os quatro cantos do mundo sua existência. Nossa existência. Desejos sinceros, ocorridos ou não, um desabafo de como a realidade tornava o sonho tão triste. Não o contrário. Dilema foi carregar sempre uma possibilidade distante, ainda que em órbita, tal a não precisar voltar atrás nunca! Estava sempre ali, uma estante com as estórias que queríamos ou deveríamos ter, em relatos que nos distanciassem do fato e nos permitisse vivê-los.

Não era possível prever dez anos. Nem um ano ou mês. Era algo elegante num sabor de novidade. Acabaria logo, certamente.

O que não se sabia era que, mesmo nascendo despretensiosamente, poderia representar tão bem. Tão forte, que seria uma violação retirá-lo de seu autor. Uma parte tão completa que, em seus silêncios, tornava reticente a própria página. Sempre foi reflexo de inquietude, expansão. Molde de uma realidade cabível, controlada para fornecer alguma reflexão útil.

Tanto parte do cotidiano que as reflexões continuarão a vir para cá. Ao menos é o que parece. Sem muito planejamento ou esperando que resolva a vida de cada um. Mas sabendo que, uma vez que não estamos sozinhos por aqui, haverá de retratar algum momento único, como uma foto, uma música, algo que se perderia sem relato. A voz que murmura quase silenciosa, mas com ouvidos; registro rápido de uma ideia que logo se foi.

E haverá sempre relato.

Sem dúvida.

..

O meu muito obrigado por tanto tempo de leitores e comentários. Seria mais difícil sem vocês...
Agradeço, também, ao vídeo (link aqui) idealizado por NMB que faz tudo ser tão gratificante!!


=) !


segunda-feira, dezembro 05, 2011

Braços

Não se trata das ideias cujos braços não abraçam. A questão reside na forma receptiva clássica: bem abertos.

Estendidos ao horizonte como apaixonado, pronto, incólume! Mas susceptível a hordas de sensações. Em verdade, nunca tão pronto estaria. Pois o ímpeto, a valentia, é sempre baseado em fatos passados, nunca alinhados com as novidades. Um adulto confiante em assuntos infantis... mas, enfim, resolvidos. Se não se ater a tal possibilidade, ainda que tardia, viveria sempre incompleto?

Oras, mas não é exatamente esse o ponto. É apenas saber que não se consegue manter os braços abertos por muito tempo. É necessário pausa, abraçar o mundo bem próximo, um universo inteiro, para então poder traçar estratégia de como permanecer em tal estado por mais tempo, sem máscara qualquer.

Por enquanto, talvez eu me deite um pouco.

Cada vez por menos tempo.

Até pleno.