quinta-feira, dezembro 30, 2004

Alguns Quilômetros

Em meio ao dilúvio dos últimos dias do ano, pegou o carro. Espairecer um pouco,pensava. Foi seguindo a rotina dos dias. Era tarde da noite, as luzes se confundiam com a chuva torrencial, mas mesmo de olhos fechados saberia fazer o caminho.
Com atenção apenas nas palavras que corriam ferozmente pelo pára-brisa, a música acompanhava cada traço de seu raciocínio indiscutível.Mereço uma resposta.
Revirava os acontecimentos e com todos argumentos transbordando pela boca, as razões claras do porquê de merecer alguma consideração.
Fechou os olhos e estava seguro agora.
Em algum lugar um pouco distante.


quarta-feira, dezembro 29, 2004

A Pena sobre a mesa

A pena sobre o suporte é sempre um convite. As folhas já alinhadas, uma tentação. Nesse misto de aceitar o convite e ceder aos próprios desejos, olha para o quadro pouco distante da mesa e imagina: Qual seria o destinatário?
Os primeiros traços parecem ser tradicionalmente impessoais, embora traga uma carga pessoal quase exagerada. Entre um e outro mergulho da pena na tinta, parece esclarecer quem poderia receber tal afloramento.
Coisas por resolver, sempre. Ao menos pela parte do remetente. Por ser assunto inédito, a parte do destinatário sequer poderia imaginar tal situação. Sorri quando do término, levanta-a da mesa e admira a própria criação. Leveza digna de nobres, delicadeza, concisão sem perder a clareza. Parla!
Indaga-se como fazer para entregá-la e confia no próprio destino, com certeza haverá uma janela e somente ela permitirá o tal envio. Enquanto isso, dobra a folha em três partes, tendo certeza da unicidade da forma de dobradura. No envelope, lacra com um brasão familiar. Novo problema: Como vai entregar?
Antes que qualquer tiro saia pela culatra, é necessário ter mirado e pressionado o gatilho. Sinais como ansiedade e hesitação devem ser plenamente evitados.
Problema maior daquele ato é quando nada ocorre, mesmo tendo certeza da bala na agulha e o gatilho ter sido pressionado. Questiona-se o meio utilizado, mas tem certeza de ter sido entregue, basta que a pessoa estenda as mãos. Talvez um silenciador tinha sido utilizado, enfim.
O grande problema de se expor é não ter resposta.
A dificuldade de falar alto é de não ter quem ouça.
As cartas se perdem.


segunda-feira, dezembro 27, 2004

Algo Mais do que Chá

Ritual de hora marcada que, mesmo sem tê-la de fato, sabe-se quando começá-lo.
No mínimo meia hora em que os problemas do mundo se tornam no ir e vir da colher por sobre o líquido. Os desenhos nesse tomam a forma que nós quisermos e se transformam no nosso mundo. No assustar-se pelas imagens líquidas pára e se fantasia com as figuras de vapor que se formam. Sempre se mostra um rosto com expressão e dizeres definidos, a presença de que nós tanto gostaríamos de desfrutar.
Iria para Pasárgada curar todos os meus problemas. Bastaria um pouco do emplastro e sentiria a vida percorrer novamente minhas veias.
Muito é o que ultrapassar as barreiras do chá.
Talvez não haja nada além do chá.


sexta-feira, dezembro 17, 2004

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Por que existe a distância de um oceano?
De fato, as coisas seriam menos complicadas.


segunda-feira, dezembro 13, 2004

Só um pêssego mesmo, obrigado.
Não precisa se preocupar.



quinta-feira, dezembro 09, 2004

Ps1:

Você tem certeza de que as folhas estão realmente completas?


quarta-feira, dezembro 08, 2004

Caderno novo

Há anos era naquele caderno que registrava os acontecidos. Futilidades, conhecimento... mas o que impressionava era o peso emocional que possuía. De fato, os erros e tapas, tropicões eram sempre descritos minuciosamente e, em seguida, as possíveis soluções para aquele ocorrido.
O caderno fora engrossando com o passar do tempo, até chegar ao fim. Ao virar a última folha, leu em voz alta o que ali escrito estava:

"Você chegou ao fim de uma etapa,
comece outra, noutro caderno."

ps: Não pense em apagar umas folhas pois
o que precisa é de um novo caderno.


Fechou-o. E assim permaneceu. Sem reação.


segunda-feira, novembro 29, 2004

Eu não pude.
Eu pegaria o carro e iria até você.


sexta-feira, novembro 26, 2004

María Tereza

Lê-se: /Ma/rí Te/rê/ssa. (É espanhol).

Fazendeira, do começo do século passado. Viúva desde os 20 anos, mulher de pulso firme.
Sentava na varanda da sede e apreciava o café de média torrefação, colhido e seco naquela terra que lhe dava todo o sustento. Também se não rendesse, viveria com toda a fortuna de seu falecido marido. Não havia se casado por causa disso, mas uma vez em seu cofre, não tinha intenção de se desfazer.
Não elevava seu tom de voz, sequer batia os dedos na mesa, sinal de nervosismo em alguma disputa tensa. Nem ainda suas expressões faciais se alteravam fim a dar alguma repreensão ou veredicto sobre assunto qualquer. O que tocava e causava o respeito de outrem, era justamente a frieza de agir.
Diziam que era dessa forma por causa d'um assunto mal resolvido, muito comum naquela época [se bem que, nos dias de hoje, também o é]. E, para que continuasse a se situar no mundo dos vivos, deveria deixar de lado o que sentiu no divisor de águas.
Dito e feito.
Uns a amavam, outros nada disso.
Odiar, talvez pela imparcialidade.
Não sobrou auto-biografia ou qualquer forma escrita de próprio punho.
No fim, um retrato fantástico de superação e forma viva de encarar o mundo.


terça-feira, novembro 16, 2004

Chega.
Oras, oras. Chegou a minha vez de fechar pra balanço.
Cansei de tudo isso. A hipocrisia do gostar, a futilidade das pessoas etc.
Puro o suficiente para parecer pura invenção e fingimento.
Cansei.
Cansei.

Quero que se explodam.


segunda-feira, novembro 15, 2004

Ó mar, quanto do teu sal
São lágrimas d'ódio desse mundo infernal!


Baile de Máscaras

Recebera o convite pela manhã, logo cedo. Parecia exclusivo: papel, escrito e dizeres muito refinados. Descrevia hora e local para um baile de máscaras. Embasbacado com tal convite - aquela manhã oferecia tão-somente o cinza chocho, marasmo tão trívio naqueles dias de outubro - e apressou-se em terminar o desjejum pragmático. Teria que pensar em qual carapaça se esconderia.
Eram modelos de formas e cores infinitas, fanstasias que saciavam vidas de vasta, mas também as de fútil imaginação. O céu na terra, uma paraíso para o então recém retirado do poço: Sr. K. De nada adintaria vesti-la se não a incorporasse de fato. Pôs-se então a meditar qual pessoa gostaria de ser ou, ao menos, que tipo de pessoa o faria interatuar melhor com esse mundo que odiava tanto. Ainda sim não era bem dessa forma que refletia, tentava, como fim, anular suas diferenças perante todos aqueles que viu pisar em seus pés, ou mesmo aqueles que um dia bateram palmas num de seus dicursos filosóficos. Queria ser um desses inócuos que estavam, atualmente, com as pessoas que desejava. Idiota, mas sábio.
Começou a viabilizar sua nova identidade com as perguntas existenciais que havia feito anteriormente, mas agora teriam respostas. Outras respostas.

Quem sou eu: Mais um desses que se encontra em meio à multidão, estuda e trabalha.
Disse logo em seguida:
- Muito Filosófico.
E refletiu por sobre os punhos cerrados:
- Sou uma pessoa normal. É isso!

Romantismo: Perda de tempo. Vou logo pra onde interessa.

Voltou a ter com o espelho:
- Acho que isso já me é suficiente. Sim, é pouco, mas acho que...está exagerado.
Disse cessando o ímpeto das descobertas.
- Talvez não seja exatamente isso.
Voltou às idéias.

Esfregava polegar-indicador em sua sobrancelhas e nada tinha como resposta. Mas ainda sim, novas idéias.

Se perguntasse quem era, responderia que não havia pensado muito no assunto e não tinha opinião formada. E perguntaria ao interlocutor a versão dele sobre isso.
Afinal, soava mais natural, e mais comum também.

E, sobre romances e o amor, não seria radical. Diria achar que ama-se deveras somente uma pessoa, uma vez na vida. E na ausência desse, viveria a vida como ela viesse. Deveria aproveitar, pois é curta. Estava assim resolvido o último percalço.

Estava agora um pouco mais satisfeito, pois pensava como se tivesse anos a menos. Alvorada de anular quem era hoje. Jogar fora os três sofríveis anos anteriores. E o melhor de tudo, o desenlace para com as premissas da semana passada, e todas as noites mal dormidas que, como início, jamais teria um fim.
Pedras à parte, estava pronto um começo.
Quem sabe um fim.
Quem sabe uma ida,
Sem volta.



quarta-feira, novembro 10, 2004

Façamos da seguinte forma então:

Eu finjo que esqueci e você finge que acredita que eu esqueci.
Ou prefere que mudemos de assunto?


terça-feira, novembro 09, 2004

Estou

Saudosista,
Romântico e
Platônico.

Enfim, amando todo o câncer de minha existência.


quinta-feira, novembro 04, 2004

Sou estranho a tudo e a todos.
Se num dia me conhece,
No seguinte já sou outro.

Se reclama disso,
Peço desculpas.
Não te conheço.

Fechou os olhos e disse Adeus.


domingo, outubro 31, 2004

Vemos mais no escuro do que podemos imaginar.


Perto das três da manhã escancarou seus olhos como se lhe ocorresse algum compromisso efetivamente necessário. Nada, um susto apenas. Longe de ter de volta o prazer de aproximar-se do travesseiro firmou seus pés no chão, esfregou o rosto. Um carro passou na rua e a luz correu a parede do quarto através das frestas da persiana. O ofuscar durou poucos segundos e pôde forçar-se em ver seus pés no tapete persa. Um volume estranho deixou-se revelar por sob este. Com a força que contém os semi-acordados, enrolou-o e deparou-se com o que pareceu ser um fechadura e uma passagem. Ambos de metal brilhante, um aço qualquer.
Graças à sua origem, pode passar pelo estreito buraco que se abriu no chão. O lugar parecia ter vida e sabia bem quando o turista viria visitá-lo, acenderam-se luzes suficeentes e pôs-se a caminhar por entre os corredores o tal turista. Dentre todas as portas possíveis, a intuição pôde guiá-lo a tocar apenas uma. Um pouco determinístico dizer que era ali que queria encontrar-se: uma estante de livros um bocado estranhos, mas que pareciam trazer a tão necessária reflexão.
A parede rústica abrigava lanternas a querosene e com uma destas aproximou-se do tal acervo.

"Ensaio sobre a paixão humana"...deixe-me ver...
"O bem-estar do servo para com a servidão"...talvez...
"O querer da paz em frente à loucura".
"Controle x razão".
"O sexo e as formas de amar".
"Preso em cela sem grades ou muros".
"Filosofia de tratamento dos mortos"..
"Psiquiatria voltado a racionais"..
"A estrada como forma de cura"..
"(Escreva aqui o título)"...

E nesse houve grande surpresa por parecer não definido, assim como todo o estado do sonâmbulo turista. O ambiente soava propício para tais reflexões, seria pouco díficil ficar horas e horas a fio sobre esse livro tão intrigante.
As primeiras páginas pareciam como um grande relato suicida, porém continham magníficas citações de grandes filósofos ou escritores, um tom levemente sarcástico que abandonava a hipótese inicial de deixar a vida. Essa atmosfera fúnebre que logo se fora, deu lugar a um entusiasmo pouco visto longe de crianças que acabam de descobrir o quão grande é o mundo. Como darwin fez ao descobrir a possibilidade de descobrir e um misto de saber que nada se sabe, lutou contra os olhos cansados e, sentando-se numa poltrona luxuosa, pois a decifrar os sentimentos do jovem escritor.
Parecia um grande teórico querendo deixar a ineficaz suposição para dar lugar à imensidão do experimentar com próprios sentidos.
Contou, em determinada situação, que poderia ver mais em lugares escuros do que poderia em lugares iluminados. A luz, segundo ele, limitava o nosso ver. Em contraponto, podíamos ver o que quiséssemos no breu de nosso ver. Ainda mais, na falta do que poderia se dizer da luz, tinha-se o infinito imaginar do escuro: a vontade de ver [e conseguir] o que tão escasso nos parece nos dias de hoje...
O livro caiu de suas mãos. E se uma vez esteve fugidio, não deveria pois forçar-se a tê-lo novamente como compania. Teve respeito e deixou-o como quisesse, a sós. Escreveu, pois, "A solidão necessária", na capa do livro.

Servo e servidão, escravo de sua própria necessidade de não fazer mal algum ao próximo. Na escravidão de ter a cousa amada como incontestável razão de vida, mesmo com a impossibilidade romãntica de ter em seus braços tamanho elixir de vida. Desses emplastros românticos fez sua vida, e não seria de uma lembrança que hesitaria o viver inócuo, demasiado complicado, das últimas semanas. O livro pediu, e o leitor abaixou os olhos e, com carinho, o pôs próximo ao outro que já úmido estava devido à frieza do chão.

Psiquiatria voltada aos racionais... o abrir do livro fez com que seus corpo fosse levado velozmente no caminho oposto ao que tinha inicialmente feito. Um enjôo fez-se perceber, viu-se novamente na cama deitado, num novo abrir de olhos.
Agora já era dia. O tapete escondeu a portinhola de metal.


quarta-feira, outubro 27, 2004

Jazia em algum descanso oportuno que, devido ao extremo cansaço, havia se estendido madrugada adentro.
Uma moça, alta, de longa capa de tons escuros, aproximou-se dele.
Curvou-se, abaixou o capuz - nada se pôde ver naquela penumbra.
Beijou-o nos lábios e levou-o ao paraíso.
A moça, chamada 'Morte', retirou-se com plena sensação de dever cumprido.


Tráfego

Difícil não poder tirar os olhos do tráfego tão fluido. Queria olhar-te nos olhos ao invés de dizer este simplório 'Eu te amo'.
Espero que me entenda.



quinta-feira, outubro 21, 2004

Assim como no fim de um Jornal Nacional com homenagem a alguém, onde têm-se os créditos apresentados em silêncio.
O jantar foi servido em pleno silêncio, os talheres se tilitavam e era o único som que se ouvia.
Acabou-se e levantaram-se.
O silêncio ainda persiste.


segunda-feira, outubro 18, 2004

Caos político, basta reparar em todo horário eleitoral gratuito. Não posso ficar parado ao ver tamanha agressão - de ambas as partes. Mas, nessa, prefiro ficar com o que ainda não teve chance em detrimento daquela que já esteve governando nos últimos tempos. Não explicito nomes pois acho desnecessário e distorceria as palavras nos meandros.
Por fim, não aceite demagogias. Não tolere que usem seu emocional para conquistar seu voto.
Use o racional.

Com amor e carinho,

O dono do blog.


sexta-feira, outubro 15, 2004

"E o tempo é só meu. Ninguém registra a cena,
De repente vira um filme todo em câmera lenta..."


Me lembro com saudade dos meus 20 anos. As noites eram longas e os dias não tinham fim. Indisposição era palavra banida do linguajar trivial do cotidiano.
Saíamos de balada quase todos os dias, não ficávamos condenados ao nosso próprio julgamento que emergia da fraqueza de nossa inócua existência. Românticos, sim. E sempre.
Olho meus pés e vejo como estão cansados, graças a outrora.
Seria inútil dizer que me sinto trancado em um asilo, tão condenado quanto todos aqueles que fizeram parte de um passado em rodapé de diários e colunas de escritos de outrem. Inútil pois, se não proferisse por livre e espontânea, não viriam aqui exigir minha vontade para tais escritos de longínquas memórias. Quase esquecidas, simplesmente.
Digo a vocês, jovens.
Vivam, pois o amanhã é triste.

Alfredo


quinta-feira, outubro 14, 2004

Heróina de dois mundos

Não era Bea. Sim, apesar de tudo.
A nova heroína de dois mundos prontificou-se para a batalha, levantou seu sabre com o intuito de enraivecer os peitos calmos com a fúria necessária para o vitoriar-se numa campana. Rumores quanto a ineficiência de seu instrumento de guerra, seja pela fragilidade quanto pela destreza escassa ao operá-lo, poderiam desestabilizá-la: impossível.
A certeza de sua luta era enorme e convincente. E assim, uma voz interior perguntou:
- Estás correta do que fazes? Tens o mundo e as pessoas em tuas mãos. Sabes o que queres?
E num lapso de tempo, caiu o sabre numa espessa lama. A poça engoliu o símbolo de uma revolução e tudo o que nele continha-se.
Foi-se então, Bea e heroína.


terça-feira, outubro 05, 2004

Um disse:

- Das poucas vezes que senti-me contagiado por algo, vi minhas mãos levemente dormentes e fugidias ao controle insistente. As últimas vezes que esteve presente fora ao ler 'A sombra do Vento'; um conto de Rossini e a escrita de uma carta própria.
Por fim, Bea há de entender que não existe ninguém tão puro no mundo quanto eu. Nem Meta, nem pássaros saberão da real existência a qual me condeno a cada dia. O cientificismo e o romantismo tão escassos noutrem e tão presentes em meu quotidie.
Se por uma vida de testes e conclusões terei de me fazer solitário, assim há de ser.


sexta-feira, outubro 01, 2004

Levantou sua abençoada mão sobre a cabeça de uma manada de descrentes. Em seu discurso inflamado disse que todos os desejos seriam cumpridos, que havia uma força maior que regia tudo e todos. Casamentos, crises financeiras, dificuldades de se conseguir amores. Por fazer parte disso, todos eles receberiam tal benção. Desde o pederasta ao mais imaculado dos seres receberia a graça que mereciam, mais cedo ou mais tarde.
Furor, emoção e muitos olhos fechados, lágrimas escorriam pela esperança de ter o conforto espiritual que todos esperavam. E precisavam. Não viveriam sem.
No clímax do discurso, o orador disse as seguintes palavras:
- Parem de achar que sou eu que crio tudo em vocês, se redimam dos seus erros e acreditem mais em vocês mesmos. Isso tudo o que eu disse só serviu para que vocês me ouvissem!!! Reparem que todos vocês têm problemas e dentro de vocês mesmos estão todas as soluções!!!
Ouvi a voz interior e crede! São vós mesmos e tudo, tudo e tudo.



quarta-feira, setembro 29, 2004

quinta-feira, setembro 16, 2004

(cont.)

Bea,

Diga-me que isso tudo é falso. Naquela tarde você não chegou na praça central na hora que marcamos e, por tanto esperar sua presença, me desfiz em trapos de um eu que nunca tinha descoberto.
Das vezes em que pude me deliciar em uma espera infinita, essa foi a mais prazerosa. Talvez tenha sido pela expectativa de encontrar seu olhar novamente, não ter de esconder os meus ao encontrar os seus, furtivos. O tom cinza dos ceús revelou uma enigmática sensação de conforto.
Na verdade, senti sua presença ao meu lado, o tempo todo.

Novamente, minhas declarações chegaram tarde demais. Não sinto que carregue parte em reciprocidade do apego forte que tenho por você.
Não a culpo e também não faço disso minha nova dor.
Mas, poderia ter sido diferente.
E viveríamos de forma diferente.

Espero que entenda....

Não me deixe sem respostas, é a única coisa que peço.


quarta-feira, setembro 15, 2004

Viu em Bea, um de seus possíveis amores. Aquelas cartas escritas a esmo, passaram a ter destinatário definido. Um caso de amor com a irrealidade.

Procurava nos cantos de seu quarto um refúgio para seu atormentado olhar. E nessa busca incessante, viu as definições dos objetos se perderem na dificuldade de manter-se com tantas lágrimas.

Fez da pena sua voz.

(e continua)


sábado, agosto 28, 2004

Estamos chegando perto das eleições e recordar é viver.

4 de Janeiro de 2003

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras
Onde não deveriam estar.
As plantas que aqui custam,
Custam mais do que lá.

Nossas avenidas não são praias,
Nossas várzeas são esgotos,
Reservas são lotes,
Motes nosso desgoto.


quarta-feira, agosto 25, 2004

Sinto uma vontade, uma fissura quase, de tentar escrever sobre a manipulação das pessoas, a nossa aceptabilidade à todas as coisas.
As lutas de classes, a cega luta de classes. Cega, lê em braille os livros de Marx. A falta de sentido em todas as palavras, e o tão lindo e perfídio 'bom senso' ou 'senso comum' em todos os nossos dizeres e conclusões de mesa de bar.

A falta de conhecimento que nos faz criar coisas tão absurdas dentro de nós mesmos.
Inclusive o erro de estar escrevendo isso dessa forma.


...regia uma orquestra de música eletrônica e ao mesmo tempo encarava a loucura do trânsito paulistano. Eu, observador nato, invadi sua privacidade ao observar pelo seu retrovisor um olhar descomprometido. Não se sentiria à vontade caso percebesse minha presença... Mas quem se importa? O semáforo abriu-se, ela se foi para o Jardim e eu para Pasárgada.


sexta-feira, agosto 13, 2004

Conversa

Estavam num balcão de bar -disse bar, não boteco. Quando da primeira rodada de chopp, os dois começaram a conversar:

- Viu que moça fantástica?
- Parece bem interessante, ela tem um charme... um 'não-sei-o-quê' bem distinto.
- Eu vou lá...

Nesse instante, o último foi se levantando e interrompido pelo outro:

- Horácio, espere... mas o que dirá a ela?
- Alfredo, você tem alguma dúvida das minhas capacidades?
- Não, não tenho. Mas, olhe bem. As pessoas mostram muitas coisas das quais deveríamos ser observadores integrais. As pessoas felizes, tristes, curiosas... O mundo é lindo...
- Preciso conhecê-la, não nesses moldes, mas noutros nos quais me interesso. De que adianta supor tudo isso? Quero saber das coisas.

Gesticulou de forma ligeiramente exaltada, de certo deixou Alfredo sem graça. Não percebendo, continuou:

- Você precisa largar essa sua mania de achar que nossos olhos sentem todas as coisas, temos curiosidade. Me diga, sr.sábio, existe algo mais profundo do que o ato de conhecer o outro?
- Mas...já estivemos em situação parecida, sempre conseguimos contorná-la. Lembre-se daquela vez que estava quase cometendo um erro, e insisti para que respirasse um pouco mais fundo, sempre acaba bem. Nessa mesma vez, o senhor teve a oportunidade de falar-lhe com mais calma.
- Aquilo foi uma vez, e tenho minhas dúvidas se aconteceria por livre e espontânea vontade.
- Vai acontecer sim, com certeza.
- A única certeza que eu tenho é que estou no lugar errado.
- Nisso, concordo contigo.

Horácio continuou sentindo suas têmporas latejando não se conteve.

- Quero que você exploda. Essa sua necessidade de moderar todas minhas idéias e impulsos...! Cansa-me. Eu quero vê-lo mais velho, contando um monte de mentiras para os mais novos. Se não me impedisse, mostraria as verdades.
- Quem precisa desse tipo de verdade, a única existente é a implacável racionalidade do nosso pensar.
- Nosso? Como você se atreve? EU preciso e EU vou atrás.
- Somente se você me levar para onde for.
- Estamos acorrentados, você é o maior peso que qualquer um poderia, um dia, na vida, carregar. Por mais que eu tente qualquer coisa, sempre esse peso morto a ser carregado.
- Eu já vi tudo o que eu tinha que ver e, por isso, largo qualquer confusão p'rá trás e vou-me embora...

Interrompendo, com enorme satisfação, Alfredo insistiu:

- O senhor sempre toma boas decisões. Irrefutavelmente, tenho de concordar, que é a melhor coisa a se fazer. Vou contigo.

E assim, Lucas voltou para casa.


quarta-feira, agosto 11, 2004

Lua Minguante

Destrói o que resta de vitalidade das crescente e cheia. Maldições atordoadas pela lua amarelada e vil. Sequer há graça para ser mostrada quando seria o necessário.
Nem a maior frieza humana consegue controlar-se depois de tamanha confusão.
Agora, lhe pergunto: Ó leitor, faz algum sentido tudo isso?
Antes que queira esboçar reação, pense se não seria melhor ficar em silêncio. Pense se existe alguma forma de organizar as idéias...
Pense...
Pense...


quinta-feira, agosto 05, 2004

Chá

O coador de pano estava sujo com pó de café passado e tinha um resto desse café pronto que jazia há cinco horas na jarra.
Não tive dúvida. Deixei de lado a cafeteira, esquentei água e fiz um chá preto.
Não me arrependo de nada.


segunda-feira, agosto 02, 2004

Outro Dia

As horas passavam rápido, era cerca de seis e meia da noite. Às oito tomava o rumo de casa. Sem muito pestanejar, aceitou, com surpresa, a dispensa unilateral que o chefe lhe concedera.

Rua Jóquei Clube: Sem trânsito.
Av.Juscelino Kubitschek: Igualmente, sem trânsito.
Túneis, Sena Madureira, Vergueiro em obras: Sem trânsito.

Estava distráido demais pra perceber esse tipo de coisa.
Das cinco chaves, no escuro, acertou de primeira.
Abriu a geladeira, a última cerveja lhe sorriu como dádiva.

E-mails trouxeram boas notícias.

Um sorriso distante apareceu em seu rosto, ria alto como que por desabafo ou descrença.

Olhou para seus pés, eles se agitavam.


sábado, julho 31, 2004

Uma moça

Na verdade, mocinha. De olhos levemente arábicos, um pouco puxados e, na mesma leveza, maquiados com delineador. Apaixonante.
Um quê de ingenuidade. E curiosa procurava algo em mim que eu mesmo não pudera encontrar nesses últimos tempos.
Um sorriso, talvez fosse isto que de fato faltasse.
Faltava.


sexta-feira, julho 30, 2004

Visita

Vistei uma casa de bonecas. De porcelana, pano... Enfim, bonecas.
Sentei, conversei.
Sem mais, fui embora.


sábado, julho 24, 2004

Lua Crescente

De dia, triste.
De noite, Feliz.


Era uma vez, Sofia

Abriu a porta ruidosamente, resmungando pela chave empenada na fechadura. Seria a última vez que teria alguma utilidade.
Esses e outros problemas iriam, de certo, para um outro lugar se acompanhados de uma boa dose de bebida. Enquanto se servia de vinho, Sofia pensava em como seu chefe a atormentara nessas últimas semanas. Estas passavam sem que ela se desse conta da cor do sol ou mesmo da ausência desse.
Parecia um rito andar por entre a mobília e, percorrendo os olhos pelos quadros, conseguia organizar parte do caos que se fazia em sua cabeça. Sentou-se num sofá na sala de estar e pôs os pés na mesinha de centro, depois de alguns goles notou um silêncio incomum. Levantou-se rumo ao corredor que dá aos quartos e encontrou uma folha de sulfite dobrada, por entre as páginas de um livro cujo título era “A Sombra do Vento”. Abriu o papel, passando rápido os olhos já cansados pela saudação, corpo e assinatura. Sem entender absolutamente nada, tornou a le-la com mais vagar:


Querida,

Senti vontade de partir, como se quisesse nascer novamente a cada alvorada. A angústia se fazia crescente e não pude mais mantê-la recriminada. Sem esperar seu contato, fui-me embora. Confesso que tenho saudades de seu sorriso, seu olhar – de você -, mas a falsa proximidade que tínhamos revelou-se extremamente danosa quando não pude mais vê-la e do contrário, foi você que negou a reconhecer a minha essência em minha existência.
Não estou aqui para culpá-la, mas sim para me esclarecer. Falo isso, no fundo, a mim mesmo que tento me conhecer e, agora, cada vez mais, sem ajuda de ninguém.

Ass: Romântico.



Pela janela, via-se o pôr-do-sol de uma cidade fria e deserta. Lembrou-se do que tinha combinado dias atrás, mas nada mais podia ser feito agora. Ou poderia?


terça-feira, julho 20, 2004

Trincheira Parte II

Mais uma vez, herda o estado de indecisão proposta pelas trincheiras do campo de batalha. Desta vez enfrenta os dois lados, fazendo parte de um elo, mas ao mesmo tempo não representa dignamente nenhuma das partes. Afinal, não pertence a nenhuma delas.

Viver é estar indeciso, seja por ideias sociais ou mesmo a idéia de vida e de morte.


De Olhos Fechados

Os pés fitaram os olhos, mas desta vez encontrava-se noutro ambiente. O piso de madeira era de peroba e não mais de marfim. O tapete em tons quentes deram lugar a um de tons azuis.
Significantemente nada mudou.
A menos que o leitor considere diferente o estado de um cristão no vaticano e um há milhares de quilômetros de distância. A reza é mais fervorosa no vaticano, mas a verdadeira fé não se altera pelo meio onde a pessoa se encontra.


quarta-feira, julho 07, 2004

Nébulas Inversas

Acordou antes do relógio, nem por isso ficou chateado. Tinha em mente o ocorrido do dia anterior e a noite fantástica passada em claro. As memórias dos olhares, cabelos e sorrisos, tudo passava sempre com leves suspiros, e dessa forma meia-noite virou três horas da manhã. Sem remorso.
Ainda com as sobrancelhas levantandas com ares enigmáticos, sentou à beira da cama a observar os pés. Parecia conversar com os dedos que se mexiam sorridentes e realizados com a fortuna de suas ações e virtudes, dizia com tom irrefutável e carecidamente envaidecido que se apaixonara por si mesmo e que mesmo uma pequena parte era o todo em sua infinita existência.
Não tinha porque sentir-se d'outra forma, os acontecimentos saíam de uma nébula tão densa e não se alteravam com a presença surpresa do observador. Receptivos ainda, procuravam iterar-se dos novos fatos, inclusive da reciprocidade válida de toda a metáfora.

E, desativou o despertador.


sexta-feira, julho 02, 2004

"Lembrei-me de ti"

Foram os dizeres encontrados entre a rosa e o poema.
...


terça-feira, junho 29, 2004

sábado, junho 26, 2004

Pasárgada, 23 de julho.

Sei que precisava dar satisfações de onde eu estava, por isso essa carta.
Cansei-me da vida que eu levava, não durmia há muitas noites, e o raiar do dia me remetia às frustrações de vê-la. Por ser intocável, me sentia cada vez mais indolente ao tentar lhe falar.
Sem lhe dizer adeus, parti. Penso que não deve estar sentindo minha falta, mas... bom, não sei.

Confusões à parte, não sofro mais. Apesar de tísico, mais feliz agora do que antes.
Peço desculpas por não ter sido o que imaginava. E te desculpo pelo mesmo.

Sem mais,
quando d'outra revelação, não serei criativo.

Pássaro Azul


sexta-feira, junho 18, 2004

Mais um dia

Trocar de estações nunca foi o meu forte - comentava. Hoje falava apenas das de rádio. Se de manhã pretendeu colaborar, no rush noturno, não mais - continuando o reclame.
Procurar a chave certa no escuro não é uma de suas grandes habilidades, mesmo assim conseguiu abriu a porta e entrou na sala. À primeira possibilidade, largou cachecol e casaco apoiados em algum sofá ou cadeira, queria mesmo é descansar de um dia tão estafante.
O tapete vinho e mostarda parecia aquecer de alguma forma a frieza de seu dia. Tantas coisas por dizer... Inúmeras formas... infinitas consequências....Olhava para os pés, sentado na cama, respirando fundo atrás de algo que os ares daquele dia não trouxeram.
Poderia ter sido hoje, não?



O creme do Espresso

Às vezes o espresso vem sem creme. Não sofra, pode ser que o barista sinta-se envergonhado e refaça com mais dedicação ainda, melhor que o esperado.


segunda-feira, junho 14, 2004

Conversa Cotidiana

Pessoa 3:
- Bom-dia!

Pessoa 1:
- ... festa, depois tivemos que ir em outra cidade e desistimos. Compramos outro convite e fomos para outroa balada...

Pessoa 2:
- Kkjasijasdnindaih.

Pessoa 1:
- Foi muito complicado isso....

Pessoa 3:
- [Acho que vou tomar um café].

Pessoa 1:
- Hjhaiuhkjnasiuhnjighnad.

Pessoa 2:
O mesmo.



sábado, junho 12, 2004

À Você

Meu fascino cresce cada vez mais, e por isso, peço que conversemos sobre nossa situação. Estamos sempre unidos quando a noite começa, até o dia cansar-se do obscuro e resolver levantar. Vê-la adormecer é a pura expressão de beleza que qualquer surrealista gostaria de experimentar. Eu posso dizer que deveria estar contente. E estou, sim.
Tê-la em meus braços em diversas situações nos remete a contos inimagináveis de ocorrências esplêndidas, consequências fantásticas. O mundo torna-se pouco e assim fazemos parte dessa nossa realidade.


- Precisamos de alguma forma mudar isso.
- Estamos bem, eu, você os jardins...
- Ninguém sabe o quão difícil é ver-te assim. Inconsciente da nossa existência.
- Amor, do que você está falando?
- Esqueceu-se que quando nós dormimos os outros acordam?


quarta-feira, junho 09, 2004

É Cíclico

Voltemos à parte boa da estória. Isso, a da impossibilidade de atingir, de alguma forma, a cousa amada. A distância que há até o verdadeiro amor, o platonismo puro e essencial.

As casas de época geralmente possuíam sacadas onde encontrava-se, tarde da noite, donzelas esperando os seus poetas românticos. Eles sempre existiram, mas serviam apenas para se saber que existia o verdadeiro amor. O rumo que as coisas tomavam era sempre contrário ao acontecimento daquelas noites típicas.

As cartas eram sempre fervorosas e pouco se preocupavam com os costumes. Estes não fazem parte do amor, nem nunca farão.
As donzelas liam romances enormes com água nos olhos. Sonhando, sim, sempre sonhando. Algumas se recusavam a acreditar que estavam sonhando, mas queriam o mesmo.

O dia clareava e o mundo voltava ao normal. Interessavam-se pelos sem graça e pelos acompanhados.


Café com Leite

Os fatos não aparentam estar acontecendo de verdade. Ao final de uma frase espera-se os risos e o comentário dizendo ser 'brincadeira' ou 'brincadeirinha'. O curso normal se segue, mas não consegue aliviar a sensação de um mundo irreal.
Um café nem quente nem frio daria basicamente a mesma sensação, levemente adocicado, porém sem sabor, um chafé precisamente.
Calmaria durante uma tempestade, sem ondas, ressaca ou vendavais. Estranho.
Numa canoa furada sem estar afundando nem sendo levada a lugar algum.

No fundo se sabe pra onde vai.

-Açúcar ou adoçante?
-Esquente um pouco.


sábado, junho 05, 2004

Console-me

Diga-me que os anteparos à nossa convivência são benéficos. Que o muro que nos separa de certa forma nos une, também.
Não se esqueça de proferir que quando pensava em você, bati o carro, mas não teve problema algum até agora, a não ser desaforo.
Tentaram roubar seu carro, mas não há problema algum, pois em parte será ressarcido.

Onde ficam os sentimentos? Sim, aqueles que não se vão com a solução dos problemas. Pra onde vai a necessidade de fugir desse mundo? Quem se responsabiliza por irresponsáveis deveria fazê-lo sempre?

Quem realmente deveria estar vivo nesse momento?


quinta-feira, junho 03, 2004

quarta-feira, junho 02, 2004

Brisa Paulistana

Sopra em nossos rostos pedindo fôrça. A mudança, de qualquer maneira e intensidade.
Há quem cubra a cabeça e se esconda. Mas há quem se livre de coberturas e defesas e encare o desagradável de frente. Um pouco exagero. Não é desagradável assim, é apenas diferente.
Quem agüentaria a vida a ver sombras? Quem agüentaria viver da História de outrem?
É preciso criar a minha própria.
Meu livro, minha filosofia.

Ah! Brisa paulistana, se outrem a visse desta maneira ficaríamos realmente felizes, que olhos poderiam temer se esconder de você??
Abrace-me, vamos.

[e o vento soprou mais forte]

Será algum tipo de dilema?


domingo, maio 30, 2004

Presságio

O café caiu sobre a mesa.
Será um motivo pra levantar-se e tomar atitudes?...



sexta-feira, maio 28, 2004

"Dying is an art,
like everything else.
I do it exceptionally well."
(Sylvia Plath)

A realidade tem dessas coisas, cria romantismo e necessidade de torturas físicas, e não mais morais. A criação nos fez assim, paciente de nossa própria vida e ao mesmo tempo Deus dela mesma.


As pás do ventilador...
A música ambiente...
A câmera, da estante, apontada para o quadro abstrato.
Os pés, em primeiro plano, o armário em segundo.
Eu, deitado na cama.

As canecas de café, repousando sobre os livros.
Os relógios parados a me observar.
A sombra do abajur clássico no criado-mudo.
Este último, me dizendo alguns conselhos e palavras de apoio.
O telefone, que outrora inundava o recinto de luz, estava ocioso.
A tartaruga-deusa a pôr suas nadadeiras sobre o mundo e transmitir a calmaria.
Os livros românticos e exatas na estante. Empoeirados.

Minhas penas estão sem tinta, de tanto tentar escrever-te.

Como faria sem ter elos, sem um ponto de contato qualquer.

Você existe, e faz falta.


Tão só

O trânsito parou em algum lugar desta estrada. No assento do passageiro a vi retocando o batom, e depois, sorrindo pra mim.

Onde está você agora?

Lembro-me daquela vez que virou pra mim, sorriu e foi-se, parecia feliz. Estava feliz. Não parecia, estava, deveras. E a cada instante que a vejo me sinto como uma gota de chuva a cair nas pétalas de uma flor, tendo conforto imediato. Basta um sorriso, e só. Ou tudo. É tudo. Sim.

As fotos que tirei em branco e preto dos jardins tem côres. Se são meus olhos, diga-me que o que vejo é de fato o que existe. Não tenho a capacidade de criar tamanho esplendor. Não devo estar errado.

Sinto sua falta.


Às vezes, deve-se não consultar os manuais

Os planos tornam-se, sumariamente, ineficazes.
Os nossos, claro. Somos adeptos de Murphy, não?

Mas esqueci de comentar o lado oposto, deste os planos podem funcionar, e e uma vez que fazemos parte deles, a coisa toda funciona. 'Coisa' chamo eu a máquina do mundo e da vida, da felicidade e alegria.

Ainda pode-se denominar por 'coisa' relacionamentos e bem-estar, humor geral, o destino.

Com que cara falo eu do destino. Mas é.



quinta-feira, maio 27, 2004

Negativo



O que devo dizer...? Se é que devo algo.
O copo persiste na mesa, eu, em algum lugar, persisto também.
Nas idéias e ideais. No bem querer, seja do pássaro rosa, seja do azul.


terça-feira, maio 18, 2004

Defeitos

O defeito pleno do ser humano é estar vivo. Não leve isso para o lado pior da situação, pois todos nós temos defeitos.
Uma coisa implica na outra. Sem mais explicações, toma como postulado para sofrer menos com a realidade.
O problema é considerar as pessoas como sendo vivas, e próprias, uma vez que tomam suas próprias decisões contra nossas vontades, ou a favor dessas.
Sinto-me em perfeita sintonia com as discrepâncias mundanas, e sentimentos incontrolados puramente mortais.
E tenho o dom de declarar impunemente, o defeito é estar viva. E a morte não anula esse defeito, uma vez que o defeito a faz humana.


quarta-feira, maio 12, 2004

Perdê-la

Vê-la só alegra, mas o viver poderia ser outro se imaginação fundisse à realidade. Sempre acaba assim. Não adianta pensar.

O que eu vejo eu sinto, e ponto.


domingo, maio 09, 2004

Eu, sei.

A depressão é sazonal. Não no estrito senso da palavra, mas sim no mais abrangente possível, no sentido harmônico se assim for compreendido.
Segundo as luas, segundo os domingos, segundo o charme da pessoa ao lado. Não segue o mais provável das alterações de humor, o clima não mexe comigo. Chuva e sol, nuvens ou azul, na essência, são iguais. Que maneira outra é possível acreditar em tristezas sem motivos aparentes e felicidades estrondosas com a mesma explicação.
Sim, está em mim e não sei exatamente como resolver. Não é tão grave mas ao mesmo tempo não depende de mim. Não estou fazendo nada de errado pra isso ficar dessa maneira.
Nasci assim, e estou lutando pra mudar.


quinta-feira, abril 29, 2004

O dia em que senti ciúmes

Era das flores. Elas admiravam-na de tão perto, e o recíproco também ocorria.
Senti-me, em defesa própria, completo de ciúmes saudáveis, apaixonados.
Ternamente meus olhos contemplavam tamanho esplendor, ousando ter assinado cada verso das pétalas daquele bouquet.

Deveriam estar escritas, não?


domingo, abril 25, 2004




Eu sinceramente estou tentando me achar em algum lugar.
Voltando à parte consumista. Algum (in)utensílio servi-me-ia neste monte de tralhas. Achando alguma qualidade nestes objetos que de certa forma fazem parte do que sou agora.
Um monte de coisas sem lógica e sem explicações, fluindo.
Quem sabe eu me encontre em algum lugar, ou em alguma coisa.


Sem Mais




Preste Atenção





É o menino que dá a mão ao amedrontado adulto, não o contrário.




Seja bem-vindo, sempre





Estamos sempre de braços abertos.
Quando nada mais restar, lembre-se de nós.
Pasárgada, p'rá sempre pasárgada.
A solução de todos os seus problemas.



terça-feira, abril 20, 2004

Por que o passarinho rosa se vestiria de branco???
Talvez capa de chuva, mas ainda não.


domingo, abril 18, 2004

Algo em comum

A lágrima e o sorriso.
Amo ambos, embora tão distintos possuem a mesma singularidade: expressão pura, sentimentos à flor da pele.
Por que encarar somente o sentimento e não a beleza do fenômeno?
Amo as lágrimas.


quarta-feira, abril 14, 2004

Se existe um deus, este está em nós. E depende de nós.


Ao Consumismo

Já devo ter dito antes, sou consumista. Sim e daí? Hmmm... Novidade!
Descobri que não basta fazer compras, é preciso ter alguém para mostrá-las!


quinta-feira, abril 08, 2004

Povo Americano

Bom dia. Acorda Brasil, povo brasileiro, povo americano. Sim, americano.. nascemos na américa, não?
Pois bem, o inferno está caindo sobre nossas cabeças pois pode(re)mos ter armas de destruição em massa. E se uma imprensa norte-americana resolver achar isso, assim ocorrerá, e nosso país poderá ser devastado por causa dessa blasfêmia.
Querem descobrir nossa tecnologia, querem nossa amazônia e querem nos ver mortos.
Querem nossa água.
Hmmm.. não temos petróleo em grande quantidade.
Mas temos coisas que eles querem.

Brasil, abre o olho.
Está na hora de vermos o fim do EUA, um país que se julga ser a América! dizem ser os americanos... Nós somos americanos também. A diferença é que eles são do norte.
Não sejam tolos.

Quando se sente bater
No peito heróica pancada
Deixa-se a folha dobrada
Enquanto se vai morrer!





domingo, abril 04, 2004

Senti-me

O cachimbo saciou a necessidade por entorpecentes.
Está escuro demais para ver.
Me sinto como se quisesse algo que não posso.
Busco mas não consigo...

A digo adeus ainda ao que não quero.
Adeus.


sábado, abril 03, 2004

A Maçã

Era uma vez uma maçã, daquelas bem vermelinhas.
Um dia ela viu um bicho da maçã e chamou-o para devorá-la.
E assim se safou dos seres humanos que iriam devorá-la por inteiro.


sexta-feira, abril 02, 2004



Já conheço a Fnac da Av.Paulista.
Não sinto mais essa vontade ao fumar uma cigarrilha.
Já conheço sua casa.
Não quero ouvi-la tocando violão.
Já desculpei sua falsidade.
Não me ganharás desse jeito.
Já vi esse filme.


quarta-feira, março 31, 2004

Passarinho Rosa

Os pássaros avoam, mas somente os rosas pousam para observar. Avoam, pousam e olham. Possuem charme, o que os difere dos demais. Chamam mais atenção que os vermelhos, amarelos e azuis, uma vez que não é a cor que nos chama a atenção.
Pousam,
Olham,
Voam e avoam,
Ameaçam decolar e voltam atrás.
Observam mais uma vez e decidem. O quê?
Não sei.



terça-feira, março 30, 2004

Retrato do Espelho

Fico a olhar as coisas e tentando voar alto, pensando não existir o ponto final das linhas, das estradas.. do céu.
Horizonte fica tão perto dos sonhos que é difícil sentir-se fraco. Mas ainda existe um quê de estranheza e leveza esdrúxula.
A moça jogou seu lenço ao vento e este não quis cair, e agradeci, pois aquele dia não previa gentilezas. Ela não percebeu, e quem perceberia? Era apenas um lenço, talvez o Senhor dos Lenços, não era previsível.

A barba está feita, o cabelo em ordem, o olhar profundo pede mudanças de agitação e perseverança, por outro lado pede descanso. Não sei no que acreditar...
O espelho, retrato dos nossos "eus", se confunde demais para ser levado a sério. A dois passos do abismo o fim parece distante, é fato querer algum motivo para estar deste ou do outro lado.
Na dúvida, sem dúvida fica onde se está. Nada de mudanças por ora.

Nada.
...
Ou tudo.
...
Ou não, ainda.


sexta-feira, março 19, 2004

Corpo e Alma

O corpo deprime-se, a alma nada pode fazer. Por fim o corpo deprime a alma.
A alma procura outro ser.


quinta-feira, março 18, 2004

Algo mais

O que é um copo d'água em cima da mesa, senão ele próprio.
Errado. Há mais do que isso e do que se imagina. A capacidade do copo d'água é subestimada, repare que o que está por detrás dele é distorcido pelo tamanho poder contido.
Você não entende nada da vida, nem eu. Por que não pegamos o mesmo barco?


domingo, março 14, 2004

Silêncio, não!!

O ataque na Espanha pode se tratar como uma profecia auto-sustentável. O mesmo tipo de método utilizado na economia, e nos EUA.
Em miúdos, Olha, o mundo está se tornando o caos. Podemos acabar com ele atacando as suas possíveis fontes.Inevitavelmente, aliado a algumas pressões invisíveis, governantes cedem. E, assim sendo, rebeldes -com razão- revidam um ataque político, cretino, etc.
Agora, eu imagino, virão governantes de todos os cantos dizendo novamente que precisam ir de encontro ao terrorismo, pois o próximo país poderá ser o seu. Bizarro.
Não invistam no Brasil pois este está em crise e não retornará investimentos, dito e feito, o Brasil ficou em crise e não tem recursos para resgate de investimentos... suspeito não, e se dissessem que está em alta....pensem nisso.

Pois bem, mais uma profecia está se construindo, cabe a vocês saberem como responder a tudo isso.
Digam não a tudo que for imposto, dito por telejornais sem questionamento. Qualquer coisa que seja tomada como verdade absoluta deve ser posta no lixo, a menos que for provada por fatos concretos.
Livre de tudo isso está nosso conhecimento, e nossa intuição. Não a de nínguém.


sexta-feira, março 12, 2004


A seda da pele pode trazer marcas, queridas ou não.
Mas de qualquer forma, elas são pra sempre!



Sinto-me em perfeitas condições.
Abri a porta, a janela. Que venha o mundo!




A noite. Somente ela me entende. Me ouve, se mostra.


quarta-feira, março 10, 2004

A dor é um dos melhores sinais de existência que uma pessoa pode ter. Briguem comigo!
É verdade.

A dor é o estado físico em que temos a sensação de estarmos vivos, caso sinta dores, sorria.


terça-feira, março 02, 2004

Mundo Limitado

Querem soluções sem testes.
Inovações sem projetos-pilotos.
Querem nosso sangue, de graça.

A vida por um dedo,
Raça na desgraça.
Benefícios escassos.

Maldito mundo limitado,
Querem nosso sangue,
Nossa alma, nosso tudo.
Que se dane.

No meu mundo, não há limites.
Perdoem-me os que não criam mas reproduzem,
Os que não testam, compram.
Permaneçam intactos,
Vocês farão meu arroz com feijão!!!


quarta-feira, fevereiro 25, 2004



Os seus olhos não vêem. Não mesmo.


Ontem, 1 Tipo

Minha dor cabeça começa ao abrir os olhos. Não há ninguém ao meu lado. Se não fosse bastante a ausência de fotos de cabeceira, as paredes ainda murmuram lembranças pouco fluidas e insistem nas tristezas próximas.
Plenamente intoxicada pela enchente de fumaça do carteado da noite anterior, minha cabeça lateja com a intensidade de um cogumelo nuclear e com a mesma reversibilidade.
Há quem pense ser exagero e pouca resistência. Resistência de 19 anos à tamanha desgraça não poderia escaldar-se impunemente, escoar como as águas de março ou finalizar-se na quarta de cinzas.
Parece ser muito mais terreno do que as péssimas existências passadas. O emplasto ainda seria de bom grado. Mas que esperança pode existir para resolver a má eficiência das soluções desses erros cíclicos e não forçados? Os conselhos nefastos e ajudas inócuas, métodos repetidos para problemas já conhecidos, nada funciona, caso contrário haveria somente uma e não a infinidade.
De olhos fechados é que me encontro, e tenho o melhor dos refúgios, o quarto escuro e os sonhos na mente, isso é tudo que consigo nos últimos meses, infelizmente.
Crescemos ainda para ver cada vez mais longe o fim do abismo, na beira deste, o fim não parece muito distante.
Cada vez mais próximo vejo o merecido emplasto.



terça-feira, fevereiro 17, 2004

Quase Disse

Para jamais me procurar, e que não teria porquê de continuarmos fiéis um ao outro.
Alfinetadas em ideologias alheias é algo destruitivo demais para um perdão.
Não telefone, não mande carta, não mande alguém me avisar.

Não disse isso, embora quase, a necessidade varia voltar atrás em poucos instantes. E não preencheria o vazio que a falta de martírios morais e tristezas reais causam. A única gota se torna o oceano e a própria d'água.
É estranho viver o ócio.
É triste não existir.
Isso, é tudo.


domingo, fevereiro 15, 2004

O despertar da chuva

Foi por ela que acordei neste dia tão insignificante. Respingava em meus dormentes olhos a água insípida. O pulo fez derrubar o óculos que estava sobre a mesa, e as fotos pelo chão ficaram. Não mudou muita coisa.
A casa ficou alagada e peguei meu carro.
Na paulista, a chuva. A chuva da paulista. A chuva. Somente ela. Sobre os carros, sobre a gente, querendo fazer parte de cada um de nós, mesmo que assim a realidade não fosse.
O café não fez sentido, deixei o carro onde estava e fui caminhando para o lugar dos sonhos.
Tudo o que eu mais queria era chegar em casa, e guardar esse dilúvio no varal de roupas.


quarta-feira, fevereiro 11, 2004

A Despedida



Uma despedida poderia ser feita através de cartas. Mas quem leria? A pessoa já partiu para um outro mundo e não podemos dizer nada que possa ser respondido.
Sim, uma grande pessoa se foi, há 7 dias atrás.
Acredito que tenha ficado a grande lição de ter na vida a alegria do sempre viver, o sorriso e bom-humor mesmo em dias desfavoráveis.
Parece paradoxo, mas não derramei até agora uma lágrima, não que tenha ficado feliz com tudo isso, mas que acredito que ela não ficaria contente com lágrimas, nunca vi seus olhos úmidos, não teria porque oferecê-los.
Continuará para todo sempre, imortalizado em nossas mentes a grande pessoa que é. Pois ainda existe. O espírito permanece em nossas mentes, não há motivo para dizer o consumado "Adeus".
Me contrariando e sendo difícil de continuar, agradeço a estada neste curto tempo, mas muito proveitoso, que não há nada que faça terminar. A Deus.



quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Grandes Reinos

Grandes príncipes perderam seus reinos por evitarem a realidade.
Eram luxuosos castelos e palácios, mesas fartas. O sol batia no rosto deles e ainda não estavam acordados. A chuva caía molhando seus pés, e mesmo assim não se retiravam do terraço ao observar o horizonte que ali tinham pela frente. Eram donos das terras, das vidas das pessoas.
Foram derrubados, pois não conheciam suas tropas, nem o que se passava por debaixo de seus narizes. Julgavam-se em posição superior, não conheciam o que ditavam ser inferior.
Houve aprendizado, não foi de tudo perdido, mas foi uma atitude irremediável.


A Pedra

E uma pedra caiu sobre isso. E lá ficou.


A Sinceridade, acima de tudo.

Nego. Ou melhor, não nego.
Disse, porém tenho a certeza que posso afirmar que não sou dono da verdade. Este não cometeria tamanho delito.
Talvez em algum anseio oculto, tal qual gótico, desejar algo diferente, tal qual antes tivesse quisto.
Não, a embriaguez não justifica. Não mesmo.

Deve fazer parte da minha evolução, nenhuma sensação tão ruim faça rever tão bem conceitos. Evitar preconceitos inconscientes. Minimizar a falta de consideração com as coisas que desconhecemos. Isso mesmo, coisas que desconhecemos.

Nenhum esforço pode ser desprezado.

A parte racional entende. A expressionista, não.
Lamento.




terça-feira, fevereiro 03, 2004

A Embriaguez

Estado em que os olhos atingem foco díspare. Sentimo-nos deveras alegre pela situação boa ou talvez conveniente. Alegria alheia nos toma a ponto de partirmos para o bar e assim bebemos.
Bebemos e atingimos o estado divino, a alegria do papo e das conquistas.
Dane-se o que vão pensar.
Eu sinto vontade e faço.


quinta-feira, janeiro 29, 2004

quarta-feira, janeiro 28, 2004

Eu adoro objetos cortantes.


Dilema da existência Blogueira

Existem momentos na nossa vida que surgem dilemas. Mas dilemas internos são facilmente contornados, mesmo que se engane a si próprio para resolvê-los sem que faça parte do conhecer público. Mas em outras situações percebe-se que é clara a presença do público.
Espectadores ou não, segue os opostos de o público ser o primeiro lugar de minhas atenções blogísticas, ou, ao contrário, passaria ser somente um diário, porém não secreto. Mesmo sabendo que um diário não seria dúbio nem codificado muito menos exposto. Ao menos o meu não seria, a totalidade talvez não.

O ano é novo e as idéias não muito.

A propaganda deveria ser feita por si só ou deveria ser pentelhada a todos os indivíduos?

Deveria continuar a escrever para mim mesmo, ou escrever para você, leitor fugaz?

Continuo sem resposta p'rá isso.

Meu eu diria que não gostaria de curvar-me ao mundo, mas por outro lado, vejo a necessidade de explanar as idéias, talvez sirva para alguma coisa, ou alguém.

Sim, permaneço em cima do muro. Ou seja, sou o muro, como arranha céu balanço para um lado em determinada estação, e depois de estafar-me vou ao outro lado. E nesse vai-e-vem eu nunca soube as minhas reais intenções com tudo isso.

Como diria Renato Russo: "Eu adoro ser idolatrado... Me amem".
É mais ou menos isso.
Se vier, tudo bem, mas não sei se devo mudar-me totalmente para chegar a tal feito, o propósito poderia perder-se. Não. Será que não?


Se existe entitulação de algo que possa ser inútil. Já sabe


Pois bem. Confesso. Sou a maldita mariposa preta. Sim.
Se no auge do verão puder existir doença grave, não penses em gripe, sou eu o ponto.
Alvo porém não claro, escarra na boca que queres beijar.

Três noites são passadas da vontade de sair daqui, vontade. Sem desejo. Maldição.
Fazem dias que não consigo olhar pra fora da janela, e prefiro ficar quieto a falar qualquer coisa.
Depressão, sem saudosismo.

O saudosismo ainda traz esperança. Que herança tenho eu neste mundo fétido. Desprezível.

Por que não me leva pros braços do criador de uma vez por todas. São 3 dias de iguarias. Se quer um sinal da existência de um dia pós o outro.
Se for pra ser assim...


Seis por meia dúzia.
A honra da palavra antiga, mesmo que proferida tempos depois, vale mais que a real palavra, não rebuscada e dita pausadamente.
É postulado. Assim você não precisa perder tempo pensando.



terça-feira, janeiro 20, 2004



O café, esquecido na mesa.
Já estava frio quando precisava dele.


segunda-feira, janeiro 19, 2004

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Tenho saudade.
É o saudosismo, de novo.


Quando te vi

O amor pelo amor. Dentre todas aquelas, uma apenas. Com um sorriso confuso, escondido pelos cabelos, estes que não lembro como eram. Mas vê-la era algo especial, como se estivéssemos nos encontrado por causa dos mapas da vida.
O tempo era curto, não pudemos sequer trocar palavras, fica somente, só, ela e eu.
Num túnel de flores brancas e avermelhadas, uma névoa branca, suave, névoa. E lá me vi, as flores imitavam a tatuagem que tinha nas costas.
Se o tempo pudesse ser distinto. Longo seria, e poderia dilatar-se ainda mais, poderíamos nos conhecer.
Sim, você teria voltado quando fui olhar seu rastro por aquele camplo vasto. E pareceu mais romântico p'rá você continuar andando, quem sabe poderia escrever mais coisas num lugar qualquer. Talvez um blog, talvez não.
Diário.