terça-feira, março 27, 2007

quinta-feira, março 22, 2007

Irresistível

Não evitei o espelho. Ao menos hoje não. Usei por dias a desculpa de que não havia tempo para tal luxo, ou ainda que não enxergava muito bem de longe ou de perto logo após acordar ou antes de dormir.

Saudoso, cumprimentou-me com fervor:

- E aí, tudo bom?

Entre as paredes de azulejo, nada poderia mais ecoar do que a voz do espelho. Reparei como tudo estava arrumado, subterfúgio necessário quando se quer outro assunto. Voltamos sempre a nós mesmos ao perder o controle do que estamos fugindo, isto é, não conseguimos por muito tempo.... Nem tudo ia bem, mas o que ia bem ia bem demais, o que não ia bem não ia de jeito nenhum.
Pelo balanço as coisas iam bem. Se bem que não havia bem ou mal, já que era tudo muito novo e expectativas são apenas os pesos necessários para rotular os acontecidos . O dia estava nublado, os pesos estariam errados.

Um tanto impaciente, o espelho insistiu:

- Quanto tempo, hein?

Pensei um pouco. Brasileiros são otimistas. Eu deveria ser otimista.

Logo em seguida, sem suspiro algum, disse:

-Pois é, faz tempo mesmo. Mais ou menos o tempo em que não vejo todos vocês. Tudo vai bem, caminhando para o que terá de ser...

Ares enigmáticos e uma breve respiração presa. Sobrancelhas levemente erguidas. Olhei para o lado direito e sabia que não havia mentido.

Estava satisfeito comigo mesmo. Apaguei a luz e saí.


sexta-feira, março 02, 2007

Dos Pontos

Determinado assunto está plenamente resolvido ao se definir os pontos que o caracterizam e, a partir disso, entendê-los a fundo.

Em geral a dificuldade está em determinar as características e peculiaridades do assunto, o que impossibilita a reflexão sobre os papéis dessas no todo.

Depois de definidos os pontos, a franqueza talvez seja o maior empecilho à resolução do problema há pouco criado. É difícil criar situações onde se encontre somente a resposta de um ponto a partir de um determinado estímulo, i.e., isolar as sensações e, posteriormente, descobrir a influência delas, tanto no contexto geral, como com as outras sensações. Antes fosse apenas multiplicar sensações por padrões de comportamento, como se faria com sistemas de coordenadas e matrizes de sensações. Felizmente os sistemas pessoais são mais interessantes...

Voltando à franqueza... Ainda acho que seja a chave para que o procedimento dê certo. Basta esquecer do problema completo, imaginando que para verdades menores bastam fatos esquecíveis. E, por o serem, custa pouco pensar na influência de muitos desses menores fatos num mar de muitos pontos.

O que preocupa, em geral, não é o que impede. No fim das contas, não importa o peso da cada ponto. O que acontece é que a resolução parcial de pouco adianta. Se adianta ao processo de decisões futuras, mas pouco sacia a dissecação moral necessária para muitos de nós.

Cada ponto com sua função. Sem invenções, talvez descobertas tardias.
Franqueza.