terça-feira, agosto 20, 2002

A volta

Voltei, não que tivesse ido, muito menos que tivesse esquecido. É facil retornar ao ver que os mundos são bem diferentes. Durante o dilúvio vê-se o mundo a destruir-se, enquanto após este a vida se renova. Se refaz não por ter morrido, mas sim por ter sido encoberta pelos prantos dos céus; se refaz simplesmente pelo ponto de vista de quem viu que houve, e desconfiava da atual vida sob aquelas águas.
Depois do dilúvio não se encontra mais ódio, nem caos. É tudo calmo, cheira a parnaso. Não se preocupe pois há reflexão ainda. Não há conformação plena com todos os atos, mas talvez por uma desobrigação com a dor materializada, esqueço um pouco do prazer em sentir dor. Acabam-se as lágrimas e os olhos apenas ficam úmidos. Não há o esquecimento total das dores.
Volto a pedir a chuva, pois ainda sinto-me precoce demais p'rá esquecer de todas as fraquezas.


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