sábado, agosto 24, 2002

O Trem

Foi-se junto ao tumulto, a minha amada de olhar único. Tal qual a olhava, respondia-me com questionados olhos, bem como os meus estavam.
Não acreditei quanto o trem parou, com o abrir de portas ela saiu. Como se me olhasse dizendo um adeus sem ao menos ter dito um oi.
Saía mantendo os olhos fixos, por cima dos ombros do tumulto me olhava ainda. Portas, vidros...apenas o concreto barrou-nos a observação mútua.
Lá se foi o meu grande amor. Mais um dos grandes amores que me abandonam. Tenho certeza que era o meu amor, bem como todos os outros amores que me foram embora, amei com toda a intensidade que pude, os quinze segundos que estive próximo a ela. A única retribuição que tive foi um jogo de cabelo, e um belo desprezo. Desceu no Paraíso e deixou-me sem escolha senão ir até a Consolação.


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