segunda-feira, setembro 23, 2002

Passeio Público

Frio, muito frio. Calçadas maltratadas pelas intempéres, racharam em mil pedaços tal havia sido a insistência. Cacos ao alto que tropicavam em mim, como se pedissem qualquer tipo de atenção ou aconchego. Mesmo sendo brusco o tombo, poderia ser conforto a um pedaço doce de concreto.
Já era noite, dentro e fora, frio como já havia dito, mas estava quente, e nada poderia fazer-me sentir frio ao passo que já sentia-me gelado como qualquer morto. Morto no amor sim, defunto romântico, romântico defunto.
Por incrível que possa parecer não esperei a névoa branca encobrir-me e levar-me para o inferno, gritei as dores a espantar qualquer resto de vida. E ainda insistia em dizer que me sentia frio.
Desde que o momento que você partiu -bem sei que nunca esteve comigo- restou um pingo da chuva que não seguiu os outros ao objetivo comum.
As árvores das praças nunca foram as mesmas pois foram arrancadas, a paisagem mudou. Tudo mudou, só eu não me mudei. Observo as novas construções e nada espero além de você.


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