terça-feira, julho 20, 2010

Conjunto da Obra

Os dias terminam sempre muito tarde. No tempo em que a fuga era reclusiva, chegavam ao fim logo depois de não ter luz alguma. O suficiente para abrir os olhos com luz natural.

Talvez fosse medo do escuro. Mas não é bem verdade. A imensa vontade era de que os dias passassem rápido, para que os contatos não cansassem da mesma voz sem assunto algum, novamente.

O dilema era simples, se interferir ou observar. Observar dava um prazer diferente, de conseguir concluir de maneira lógica que fatos e ações culminariam em algo, previsto somente por uma pessoa. Interferir era impossível.

Impedir o tropeço necessário, as lágrimas e até os olhos de raiva. Mau, o suficiente para desejar um pouco de realidade aos que fogem da invariabilidade da clara sequência dos futuros acontecimentos.

Pontos de vista não fazem questão de mudar o que se vê, ainda que névoas sempre omitam detalhes, parcimoniosamente. Anseio sutil de convergir ideais, projetar as vontades divinas no filme sujo que corre aos olhos.

Sem a primeira observação, não há questão de fazer parte das imagens. O segredo é estar atrás das lentes, como quem controla o registro. O mais distante possível.


Um comentário:

Tassiana Resende disse...

"Pontos de vista não fazem questão de mudar o que se vê, ainda que névoas sempre omitam detalhes, parsimoniosamente."

Sou sua fã! De carteirinha.
Beijos