sábado, março 27, 2010

Parcialidade

Lembranças são parciais. O suficiente para nos odiarmos por ter acreditado, de olhos brilhantes, naquilo que corria em branco-e-preto, com rostos felizes, em nossa mente tão carecida.
Tudo estava escrito. O tom da trilha sonora dá a felicidade que já existiu e parece saudosa tão ausente.

Na realidade, tudo isso é bem tricky, posto que esquecemos de alguns detalhes cruciais... A mão que andava dada à outra, a primeira corajosa que ousou tocá-la, foi a mesma que segurou firme um aparelho para proferir os mais danosos absurdos. Irrecuperável, visto que a vida não é conservativa, e a defesa natural é se afastar, abstendo-se.

Reduzir-se à própria invalidez, com a certeza de focar em algo que não deveria ser tão prioritário, alimentar do pouco fruto de uma estiagem extensa e crer que isso era melhor para uma sociedade inteira.

É fato que os caminhos, por mais tortuosos, sempre levam os protagonistas ao final almejado. Mas esses outdoors enganosos estão atrapalhando demais...

Como parar de crer na imparcialidade dos decoradores de ruas? E dos diretores de peças de teatro ao ar livre. E dos takes em ambientes movimentados, repletos de afeto, amor e compaixão? Existe alguém capaz de dizer a todos eles que isso não existe?

Questiono isso e também na vendagem de tal arte abstrata. Com a distância e tempo prolongado de ausência dessas experiências, sendo tão difícil de enxergá-la no íntimos dos comuns, como interpretar as falas de um conosseur parcial? Não é tempo de ficção.


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