sábado, janeiro 01, 2005

Aceita uma taça de champagne?

O maitre perguntou 'O que faria o senhor feliz'.
Disse a ele que 'uma garrafa de champagne a cada vez que esta chegar ao fim, e a cada nova garrafa, uma taça nova'. Para coroar a vinda do novo ano.
Em primeiro plano o borbulhar do famoso líquido na taça, em segundo a cidade de Paris repleta de seres apaixonados. Jurei por tudo que fosse de mais precioso em minhas ricas posses, que deveria passar o próximo réveillon acompanhado de alguma pessoa.
Que a mesa não se sentisse vazia, que a taça além da minha não tivesse de amargurar o clima frio de Paris da virada.
6ºC. É suficiente para dizer que preciso ver além do sorriso dos eternos namorados caminhando pela Champs-Elysées, promessas e juras de amor até o fim dos tempos. Um leve aceno ao maitre, Mais uma. Pareceu ecoar o aceno insensato do respeitável cliente, maitre já sabia do término de tamanha dádiva, teve apenas receio de supri-lo. Antes que pudesse haver qualquer forma de retaliação à demora, houve nobreza do maitre e um pedido de desculpas que soou exagerado. Em parte resolvido.
Uma moça passou com os olhos cheios de lágrimas, quis acreditar que fosse felicidade, embora não pudesse esconder a angústia dos amores pouco resolvidos. Aqueles que nos consomem enquanto estamos em tamanho desfrute de nossas atividades mais extravagantes. Chegamos à plena conclusão de podermos enfrentar o mundo, para que tenhamos saciado tamanha necessidade, encontro à plenitude do ser que nos propusemos a exercer. Mínimo, é o que se trata do mundo quando vemos em nós mesmos um motivo para encarar nossos próprios medos.
Sim, o mundo. O menor dos nossos impecilhos, o maior de nossos medos.
No fim das contas...
Sente-se, maitre. Brindemos maitre... às moças que um dia há de nos dar valor. O maitre consentiu.


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