segunda-feira, abril 05, 2010

Vestimenta / Imperícia

Do hábito, o monge. Apesar de a descrição de suas roupas, fora de contexto, soar vulgar, não estava e não era. Shorts curto, meiacalça preta, em tramas de losangos e uma camisa em tons claros de bege, com folhos adornados brancos. Se vestisse um chapéu, pareceria dançarina de cassino, mas nos poupou dessa pouco lisonjeira comparação.

O conjunto descontraído a fazia pertencer à festa. Como as máscaras que dão vida às personagens, as roupas dançavam o ritmo por si só e chamava atenção. E como! Embora a imperícia em espalhar o charme para o salão a fizesse apenas atrair os olhos de outrem para aqueles que bem perto estavam, provavelmente há tempos, numa órbita descendente.

O fato é: intrigava. Permanecia ao lado de um rapaz pouco apessoado, enquanto convencia outros a estarem perto, mas nem tanto. Afastava com a palma da mão na altura da cintura, num gesto secreto que impedia a execução de movimentos que seriam permitidos em outra ocasião. "Para! Não", e olhava para os lados para certificar que não fora vista. Era a dona dos ímpetos de tais rapazes, antes mesmo que soubessem o que queriam ou havia. Seria um esporte tal conquista, já que nenhum deles fazia seu tipo, sendo apenas passatempo pouco ponderado? Causas e consequências não eram preocupações.

A imperícia de lidar com as próprias conquistas satisfazia os espectadores. Mais precisamente, eu, que podia olhar sem censura alguma e não conter o riso com o olhar direto.


Nenhum comentário: