quarta-feira, junho 25, 2008

Da fala

A fala é a fuga da feroz necessidade de remoer os dizeres guardados. Sempre acaba no eco das palavras ditas e na angústia de tentar entendê-las.
Já a escrita tem a segurança da dupla ou tripla verificação, ainda que por impulso inicial, há correção e melhoria dos vocábulos. E palavras medidas com precisão são rigorosas com significado bem definido, deixando apenas a interpretação através da história para unir os pontos.
Ocorre que a fala é torta. Sua lembrança oscila como pêndulo, com as intensidades pelo senso de quem ouviu. E ainda que as mesmas palavras sejam ditas e lembradas, não se reproduz o mesmo tom indescritível do locutor.
A fala é a certeza de que podemos entender e lembrar tudo da forma que quisermos. De que a realidade a ser passada pode ser a qual se quiser ou bem convir.

Quando escrito, há somente uma verdade.


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