segunda-feira, janeiro 02, 2012

Formas

Tentava atingir a perfeição. Em meticulosa atividade, pensando e repensando, todos os novos atos. Avaliava os passados também. Deveria ser correto, lutando contra os fantasmas da decepção escancarada nos olhos dos outros. Olhos baixos, mãos que diziam em movimento sem volta: "não continue!". Era possível extrapolar para outros ambientes, tal a intensificar a sensação de medo paralisante: acenderiam as luzes, desligariam o som; um holofote o iluminaria enquanto o eco da voz interior tomaria proporções audíveis!

Cortaaa!!!

O passo era diferente. Era agir, ainda que fosse necessário adicionar remendos à estátua; permitir que os contornos fossem nascendo por infinitas iterações, ao invés de viver no imaginário do escultor. A forma ficaria sem vida alguma, errada, por impaciência, sairia andando como armação de ferro, antes que tivesse minimamente formada.

Ideias não ficam como obras inacabadas. A menos que fossem desenhos e esboços e estudos.

Não há mais roubo de ideias ou patentes.

Deve haver um equilíbrio entre ideias, segredos e surpresas.


Um comentário:

Tassi disse...

Caramba!
Acho que ja li 3 vezes.
Perai, vou ler de novo.

Beijos