quarta-feira, dezembro 20, 2006

Pan

Depois de viajar perto de doze horas pude relaxar. Os efeitos da mudança do índice de refração do conjunto ar/asfalto já havia me entorpecido.

Fora um rally e tanto, mas enfim chegamos à fazenda.
Bela sede, enorme varanda. Magnífica vista.
Sentei-me em uma poltrona bem confortável e passei a ler Dom Casmurro.

O vento resolveu soprar e chamar a minha atenção. Levava bolotas de capim e criava vórtices, certamente para que eu admirasse. Chacoalhava a vegetação baixa de capim braquiária. Van Gogh ficaria enciumado com essa idéia que tiveram... e era só pra mim. A intensidade do sol certamente causou desequilíbrio e houve um aumento de temperatura, talvez tenha motivado os ventos.

Mas depois dessa leve distração, só conseguia lembrar do que me ecoava sobre o desconcerto do mundo. Mudando "bons" para alguma característica minha, que ainda não consegui resumir, e "maus" para a parte trivial do mundo. Se encaixa por resultados, talvez não pelos métodos, mas pela forma egoísta e necessária de encontrar respostas plausíveis - não necessariamente dignas - para os acontecimentos próximos.

Alguns chamariam essa busca por respostas de "dissecação moral". Esta serve para nos angustiar até que haja amargor suficiente para não nos enganarmos mais. Nesse ponto, estaríamos prontos para chorarmos feito criancinhas pelo tempo perdido e os sonhos [ridículos] cultivados em vão. Porque, apesar de terem valido como motivação naquela época, serviram de alavanca para as conquistas das quais, hoje, não se quer mais vangloriar ou mesmo possuir.

Crie um modelo com as premissas e as verdades absolutas. Mas ainda que fossem verdades, e esse modelo fosse, de fato, validado, quereria eu, mesmo, obter as respostas?


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