domingo, fevereiro 13, 2005

Ele partiu

O sol castigava,
Em seu rosto avistava
A poeira do vento e
Um breve esquecimento.

Abre e fecha os olhos,
Num devaneio profundo
Esquece-se do mundo,
Música em seus ouvidos.

Uma sombra newtoniana,
Sem leis nem frutos,
Apenas um tocar abrupto
De uma pessoa estranha.

Mas é carnaval e não,
Não me diga quem és.
Ou ainda diz e explica
O porquê do empurrão.

O pé esquerdo serviu,
Embora difícil posto.
Tinha um diferente gosto,
Um verde-feio quase vil.

Sugerira a cor por razão.
Dentre todas, feia-mor.
Não quis tirar nem pôr,
Vestiu-os e chutou sua mão.

Levantou-se do descanso
Atônito e perplexo.
Atitude muito complexa,
Inesperada e intrigante.

Havia outros ao lado,
Boquiabertos e sarcásticos.
Parecia um ato mágico,
Efeito psicótico, enebriado.

Muito mais do chá,
Ficou pleno sem reação,
Balançava as mãos,
e dizia 'O que há?'.

Foi se embora a moça,
Calçando o sério chinelo,
Que embora não fosse amarelo,
Era de tremendo malgosto.

Balançava a cabeça pasmo.
O que diria se perguntassem?
Coçava a cabeça e repetia incrédulo:
"É isso, roubaram meu chinelo".


Nenhum comentário: