quarta-feira, julho 07, 2004

Nébulas Inversas

Acordou antes do relógio, nem por isso ficou chateado. Tinha em mente o ocorrido do dia anterior e a noite fantástica passada em claro. As memórias dos olhares, cabelos e sorrisos, tudo passava sempre com leves suspiros, e dessa forma meia-noite virou três horas da manhã. Sem remorso.
Ainda com as sobrancelhas levantandas com ares enigmáticos, sentou à beira da cama a observar os pés. Parecia conversar com os dedos que se mexiam sorridentes e realizados com a fortuna de suas ações e virtudes, dizia com tom irrefutável e carecidamente envaidecido que se apaixonara por si mesmo e que mesmo uma pequena parte era o todo em sua infinita existência.
Não tinha porque sentir-se d'outra forma, os acontecimentos saíam de uma nébula tão densa e não se alteravam com a presença surpresa do observador. Receptivos ainda, procuravam iterar-se dos novos fatos, inclusive da reciprocidade válida de toda a metáfora.

E, desativou o despertador.


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