quinta-feira, julho 31, 2003

VI

Lembro-me das minhas viagens. As idas geralmente demoravam muito, e as voltas eram rápidas, mesmo que houvesse congestionamentos. Havia sempre algo que me puxava tão forte que fazia com que eu pensasse mais depressa, e nessa volta os pensamentos iam voando e num piscar de olhos estava de volta, aos braços do meu amor, imagino.
Não entendo a lógica dessa volta, se é que ela existe, esteja demorando demais para acontecer. Talvez seja porque eu esteja cá, perdido do mundo, livre das coisas materiais. Também pudera, não tenho nada aqui. E se o nada fosse algo, ausente estaria.
Mas isso não resolve o problema inicial, continuo num tempo que parece infinito. O sol não muda de lugar, a lua não aparece, sinto nostalgia das coisas que eu nunca tive, ou não sei se as tive, o tédio prevalece em qualquer das situações. Se o campo está florido, o tédio são as flores que se repetem, vermelhas, azuis, amarelas, brancas. Caso sejam as árvores, de inverno, verão, outono e primavera. Na cidade, o jardim a construção a árvore o carro o ônibus a grama as pessoas, tudo é o tédio, as coisas são o tédio.
Simplesmente por serem todas elas. Se não as fossem, tédio não haveria. E se as são por que haveria sê-lo?


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