sábado, janeiro 30, 2010

Notações sobre Planos

Num outro plano tudo deveria ser diferente. De cima a vista muda, mas não é disso que preciso falar.

Plano como esquema, a necessidade de acalmar as ideias depressivas ao saber que o futuro pode ser escrito e previsto. Nada disso é bem verdade, a não ser a tranquilidade que traz.

Mas o plano "B" necessita de um plano "B"... afinal, tudo precisa de um plano "B". Fato é que o plano "A" quer se tornar plano "B" de algum outro plano, ao menos nas ideias.

Já deveria haver estatuto proibindo os planos de desejarem ser algo! Planos não são donos de seus próprios narizes, se é que os têm! Em miúdos, deixe-me controlá-los, uma vez que são minha cria.

Estão me dizendo que os criei em "imagem-semelhança, para terem vontade própria" e que "deveriam seguir o próprio curso, me carregando"?

...

Isso não estava nos meus planos... mas eu confio em mim mesmo mais do que ninguém. Bom, assim sendo, eu deveria saber o que estava fazendo ao criá-los de tal forma. Que assim seja.


domingo, janeiro 24, 2010

Frio

Diferentes eram as estátuas que ontem vi. Estas se mexiam, sorriam, tinham as expressões de uma pessoa inteira. Eram belas na sua unicidade e confiança de sê-las. Leveza difícil de se concretizar nas formas fluidas em que o escultor, sabe-se lá com qual motivação, foi capaz de atingir. Ah! E os gestos! Enquanto corrigia a postura, convencia os cabelos a tomarem outro rumo, mas estes sempre voltavam pois tinham vontade própria. Uma harmonia levemente caótica, admirável!

Mas, por serem estátuas, seriam frias. É certo.

Estátuas são estátuas e estarão lá na próxima vez que eu for.


segunda-feira, janeiro 11, 2010

Nos velhos hábitos

Além de bela, vestia panos novos. Enquanto a fitava, media os traços e feições que jamais perceberiam minha presença: estava concentrada em outra coisa. Não tínhamos algo em comum, exceto a casualidade de tempo e espaço. Outras como elas havia, certas de que se perderiam na multidão num piscar de olhos.

Talvez esse fato as deixasse mais próximas de mim. A simples certeza de que não haveria compromisso qualquer.

Voyeurismo sempre fora apaixonante, ainda que não fosse descoberto mais tarde. Pois, apesar de tudo, as expressões sem palavras são sempre as melhores.

Começa a fazer sentido a razão dos hábitos, da certeza de poder se relacionar com o mundo externo gigante, mas seguro.


quarta-feira, dezembro 30, 2009

2009, Um Resumo

Sete ondas doces foram,
Pois semi-seco e não bruto,
Do despreparo foi fruto,
O não brindar como antes.

Metas do QG almejadas,
Uma proposta irrefutável.
Não há menos admirável,
Personalidade escrota.

Como alguém imaginaria
Estranho tipo Indiano,
Sentir-se americano,
Desfazer-se com rebeldia?!

Entre tiroteio, perspectiva.
Mas surge chefe tirano,
Cometendo grande engano:
Apossou-se sem tratativa.

Eram os bons contra os ruins,
Com o time mau no poder.
Não havia o que fazer,
Era sentar, esperar o fim.

Deveria haver planos...
Novos, antecipados
Que, antes, um meio ano,
Tinham de ser iniciados.

Tempo livre todo e à noite,
Esforço mais que em dobro,
Pôs à prova Mestrado-sonho.
Combustível: tanto açoite.

Difícil apoio precisar,
De quem deveria acreditar.
A voz: aprovação e incentivo,
A mente: desabafo negativo.

Foco temporário muda.
Na distração vi levar,
Muito mais que o olhar:
Esperança, vida e tudo.

Era saída juntar forças,
Últimos dias encarar.
Engolir o que pensava
Antes, e recomeçar.

Demasiada fora a avaria.
Dilema do saber e/ou não.
No fundo do coração,
Nem sabia dizer o que havia.

Não acredite no restrito,
No que desonrar é descrito,
Pois ainda que não físico,
Houve razão para terminar.

Tormentas, chuva e calma.
A luz própria a brilhar.
Este mote haveria de guiar,
Alimentar o resto d'alma.

Pois nem tudo são flores,
E nem tudo são amores.
Mas, de volta à casa,
Vida volta a ter sabor e asas!


sábado, dezembro 12, 2009

Interp

Roses are ashamed,
Violets are cool,
Water flows,
And so will you.


domingo, dezembro 06, 2009

Copos

Não resistem a quedas. Entre o momento em que escorre da mão e o estilhaçar, há um enorme silêncio, a ser preenchido com gargalhadas, susto e indiferença.

Pois se está sujeito a isso, talvez não por vontade própria, mas pelas circunstâncias e cobranças inevitáveis e por desculpas pouco confiáveis, batidas. Caímos no ciclo vicioso, forçoso, de gostar do que pouco nos agrada, ainda que a parte secreta seja a que causa o fingimento.

Bom mesmo seria não sentir! Mas as desculpas são muito falhas. E a verdade se fala somente próximo do fim, muito longe de resolver o que era necessário, justo. Mas só parece sê-la quando possui o peso do término, da certeza de que não haverá mais oportunidade de dizê-la. No fundo, pouco importa, sempre o dano já fora feito, irreversivelmente.

Mesmo assim, as pessoas continuam andando com copos. E vão continuar, pois o copo não é o principal e sempre haverá um substituto, naturalmente.


segunda-feira, novembro 02, 2009

Novos Ares

Sempre o pé esquerdo primeiro. Depois o direito se emparelha.
A vista está um pouco embaçada enquanto o mundo ainda gira.
O tapete tecido xadrez de azul, marrom e bege é novidade.
As preces chegam a Meca, ainda que pelo caminho mais distante.

As coisas mudaram, mas não é isso. No íntimo há um desejo de ser algo, embora não haja força para tal.

Estar preso pelas convicções é o amadurecimento necessário em hora inoportuna.
Se os mentores se afastam, é hora de mostrar que não são mais necessários.

Custe o que custar.


Pedra e Ponte

Tinha uma ponte por sobre um ribeirão. Pequena e pequeno.
O grande número de pedrinhas em que minha mão estava, passou pouco a pouco ao fundo d'água.
A água reclamava respingando, não sustentava o pedrisco, recolhia as gotas, e esse se depositava calmamente no leito.
Perdi a conta de quantas chegaram ao fundo, mas nenhuma seguiu a correnteza.


domingo, novembro 01, 2009



Pombas do tamanho de galinhas. Folhas secas no gramado tingido da terra vermelha, e que apesar do tempo seco, insiste em ficar verde. A terra cede e se desfaz, o que é vivo não.
Enquanto o vento briga com a água, esta cede, a árvore resiste.
Há de resistir.


sexta-feira, outubro 30, 2009

Miam

It's just that old feeling, but the physical pain remembers me that I'm awake.
How bad can it be when you don't want to sleep and neither keep fighting?

Ain't there a solution. In fact, invitations to avoid anything related distract enough to keep breathing...
Although it's nice to be far away, mind controlling isn't a strength anymore.
So, I'm going there just to proof that I shouldn't.

Well... I'm facing a lack of options.

So, never mind.

It'll be a nice weekend!


domingo, outubro 25, 2009

Eco

- Na verdade eu não sei ao certo.
- Mas é recente ainda, não é?
- Os ocorridos, sim. Mas as causas são mais profundas...parece.
- E por isso você está assim...
- É.
- É normal ficar impassivo quando não vemos saídas para as voltas que a vida dá.
- Mas não dava para eu ter visto antes? Como eu não vi?
- Você não deve se sentir culpado.
- A não? Se não sou responsável, sou cúmplice?
- Não é esse o ponto. Existem mais coisas que você provavelmente não sabe.
- Ah tá! E por que eu não sei? E o que eu faço enquanto isso?
- Você tem que esperar notícias do outro lado. Não é sua vida, somente.
- E eu não posso fazer nada? Como eu não consegui fazer durante todo esse tempo... E fico esperando... num é possível.
- Você fez algo que tenha tomado proporções maiores?
- Espero que não. Eu diria que me controlei bastante.
- Acho que chega por hoje.
- Mas... viver é uma droga mesmo...
-Você sabe que não é verdade.


Dos Papéis

Era uma vez um nefelibata. Por anos restrito a si próprio, a ponto de enlouquecer, encontra realidade, tangível. O tratado que pôs fim a terceira guerra mundial escrevia que deveriam ser minimizadas -senão aniquiladas- às fugas e que haveria abertura para degustar o que se chamava realidade.

Aos poucos, sem entender muito como deveria se portar, ouviu e observou atento, vivendo cada aspecto, tudo. Pois aquilo que, para realidade deveria ser evitado, era um mundo inteiro e não poderia ser perdido. Os pesos deveriam ser dados com o tempo, após cada vivência, pois tudo era novidade.

Mas os pontos de confluência das torrentes eram demasiado difíceis. Mas era novo. E isto dava um prazer diferente, e bom.

Mas somente a realidade fez bem ao nefelibata, pois o cansaço real causou o fim e pediu a inversão dos papéis ou o oposto. E nenhum nefelibata consegue mostrar que sonhar é uma fuga cruel, e que a sedução do mundo perfeito é triste, para quem não esteve do outro lado. Angústia. Isso é cruel.

Passou o tempo e a realidade deixou de acreditar no que o nefelibata dizia, que aquilo era a perfeição.

Mais duro é ver a realidade indo, pois a única missão do nefelibata era mostrar que o perfeito é ser real e o real era perfeito. E existindo. Não há mais chance.


quinta-feira, outubro 15, 2009

quarta-feira, setembro 30, 2009

No More Smog

É preciso olhar para o lado. Ao atravessar. Depressa.
Fica tudo mais borrado.
A cinza chuva da Endres fica na lembrança, apenas.

Pois, mais cedo ou mais tarde, sempre, voltamos à casa.
Não é possível impedir a chuva de seguir seu caminho, nem de formar poças, correntes e rios.

Nunca.


Das Entranhas

Pouco resta do sentimento original. O sabor é pálido e seco, enquanto os olhos ouvem as expressões tão incrédulas de fantásticas.
A face enigmática de admiração à proposta plausível, recheada com a lógica aceitação muito compreensível, luta para não se destruir o santuário como iconoclastas.
A marretadas e com profundo suspiro recupera-se o fôlego. Pois deve haver algo que a faça olhar além da estátua, o remorso das ações alheias que deveria sair das entranhas e calar.

O autor.


domingo, abril 12, 2009

Chocolate

O esquecer do desprazer contínuo, numa dose de infantil ignorância, um pedaço da cegueira que tanto é precisa.
U-hum.
Concorde com o que quiserem, preocupa menos o que quer que se diga do que o próximo aroma que esta mordida raivosa pode propiciar.
Entorpeça as verdades e a pouca vontade de se acreditar no que atrapalha.
Ah...
Cegue, surde, mude...
Mude.


segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Da Independência

Atravessa freis, doutores, padres e muita gente de nomes conhecidos até chegar a tal independência.
Com direito prendemos nós mesmos aos nossos olhos e à toda certeza de que as coisas acabarão bem.
O mundo é maior do que nós e tudo o que há de bom está mais distante que o braço esticado pode alcançar. Constatações à parte, temos pouco direito sobre a nossa esfera de ação.

A trincheira continua sem saber por está em fogo cruzado e qual partido tomar.
Na dúvida, descansa.


quinta-feira, dezembro 25, 2008

Pseudo

Não importa a época, o ato de perdoar continua sendo egoísta.
Pois o livrar-se de algo é necessário para aliviar o peso das costas e permitir o recomeço anual. O principal é abster-se do julgamento dos fatos já esquecidos, ainda que se mantenha o pé atrás, como que por reflexo condicionado.

O egoísmo é pleno posto que o arrependimento não é esquecido e a indisposição permanece para aquele que executou os fatídicos. O perdoante troca a roupa suja, e sorri de cara ao vento, enquanto que a angústia dos ecos dos erros atordoa, ou deveria.

Reconciliação é o bom-dia do fim de ano.


terça-feira, novembro 25, 2008

Resumo da Ópera

O menino viu o que não devia, pôs as mãos no rosto e não conseguiu gritar. Correu de sua casa, o mais rápido que pôde, pulou o muro e continuou em disparada.

Somente parou por causa de um tropicão. O sangue queimou o rosto e percebeu que tudo era real. Entorpecido, desmaiou.

De desespero, novamente, quis gritar, mas viu que algo o calava e percebeu que ninguém o ouvia ou ouviria, decidiu não proferir palavra sequer.

Tempos mais tarde descobriu que havia pessoas próximas às quais poderia falar, mas elas ainda sim, não o entendiam.

Decidiu fugir, mas desta vez, de si mesmo, já que quem era errado naquele mundo, era ele próprio. Sem se despedir.


quinta-feira, novembro 06, 2008

Do Sentir

Recorrência é frustrante. Pois sempre se permite uma nova interpretação da inútil felicidade, enquanto o que poderia gerar aprendizado cria a tortura. Repetida, incessante, sábia até. Sentir a mesma desgraça duas vezes quase invalida uma pessoa.

O que pode haver de errado? O eufemismo "característica" muda bastante o teor. A importância de fazê-lo é o de tentar focar no aspecto prático e solúvel. Se houvesse! Pois a solução sempre está na nossa frente e nunca conseguimos acreditar nela, e resolver, também, tira todo o romantismo da cena. Enxergamos mais facilmente de longe, ou para longe. O que seria se tivéssemos visão plena?

Ser livre deixa possibilidade do não sentir-se. Afinal, as sensações são a visão da realidade que adotamos, inconscientemente ou não, para nós mesmos. O que desejamos realmente, sempre, é sentir algo que consigamos vivenciar e nos enganarmos sem chance de descobrir a verdade. Posto que não há tal possibilidade, jamais nos sentiremos enganados.
Sentir é chave para o bem-estar.

Sinto-me péssimo, eu diria.