domingo, julho 13, 2008

Valsa das Abóboras

Em baile de gala da corte, inúmeras almejam a posição de princesa. Na verdade, quem não almeja, torce e tem ciúmes, já que não pode candidatar-se à tal posição.

Quem o príncipe escolherá? Não é uma questão do que ele quer, mas sim quem ele vai escolher. Ninguém se pergunta se o príncipe de fato goza de sua posição, deseja com muito afinco ou apenas que era hora. Isto é, as obrigações de sua posição sobrepujam sua individualidade.

De certa forma é até surpreendente o poder de escolha baseado na ausência de critérios. Como deixar tal importante decisão em mãos de quem faz apenas testes!

E, enquanto se é príncipe, não se pode fazer leis. Demora até virar um rei caudilho.
Antes disso ocorrer, prefere observar os astros e os fenômenos.
E só.


segunda-feira, junho 30, 2008

Daquilo

Com qual empenho devo cerrar os punhos e comemorar uma vitória de outrem. Digo, esta é mais de quem almeja do que a efetua. De certo, a conquista tem pré-sabor e o fato em si é curto demais para celebrar.
É estar preso não à necessidade de vencer, mas sim de festejar. Decide-se postumamente onde concentrar as energias e gritos.
Ainda sim, comemorar o quê? Se tudo não passa de estórias. Se tudo já não era para ocorrer de tal sorte que acabássemos em nós mesmos e em nossos lugares!!Ah...!!

Se não fôssemos mais desejosos de quebrar as regras, ainda que no fundo saibamos que, uma vez quebradas, deixam de sê-las. Certeza. Ainda se deseja certeza. Mesmo que de nada valha.
A certeza é instável. Tal que ela continua a mesma ainda que se mudem todos os caminhos e fatos e vidas. Não!
Por mil vezes, não!
Pelo divino! Não!
Não!
Pois tudo o que é certeza é luz, é óbvio, é nato.
Não!


IX

Mais dia menos dia surtiria efeito. Aqueles longos tempos fingidos e guardados às sete chaves, os cinco sentidos abafados em prol de algo maior. Mas tudo se esvai, o dique cede e deixa o nem tão impetuoso mar adentrar.

O dique protege o mar ou a terra? Bem.

Mas seus olhos brilhavam de cólera piscando certo de tudo o que concluía. Refletia maligno o que corria em suas veias depois de rugir o que quer que houvesse em sua cabeça.
A dor era insuportável, e real.

Precisava de algo. Fazer, talvez.
Estava certo e isso bastava.


Lalá

Lálalá... lálálálá! Lálalá! Lálalalalalalá.
Ufff...
Lalalalá... Lalalalalala. Lala! Lalá?

Lalá!!!!


quarta-feira, junho 25, 2008

Da fala

A fala é a fuga da feroz necessidade de remoer os dizeres guardados. Sempre acaba no eco das palavras ditas e na angústia de tentar entendê-las.
Já a escrita tem a segurança da dupla ou tripla verificação, ainda que por impulso inicial, há correção e melhoria dos vocábulos. E palavras medidas com precisão são rigorosas com significado bem definido, deixando apenas a interpretação através da história para unir os pontos.
Ocorre que a fala é torta. Sua lembrança oscila como pêndulo, com as intensidades pelo senso de quem ouviu. E ainda que as mesmas palavras sejam ditas e lembradas, não se reproduz o mesmo tom indescritível do locutor.
A fala é a certeza de que podemos entender e lembrar tudo da forma que quisermos. De que a realidade a ser passada pode ser a qual se quiser ou bem convir.

Quando escrito, há somente uma verdade.


Normal

A crítica ao semelhante incorre no risco de sofrer a mesma incursão em momento de fraqueza posterior. Sabido, certamente, que as semelhanças são acasos e qualquer dizer é apenas desabafo, sofremos por saber que a alteração de costumes é improvável, evitando a solução ao que incomoda diariamente. E, por mais que se diga, ouve-se orgulho sobre a real personalidade e culpa do inconsciente.
Assim sendo, refute as idéias. Mas tenha certeza de discordar delas com tal afinco que ficará em própria mente.
No dia seguinte, o inconsciente não cometerá o mesmo erro.
A projeção é normal.


domingo, junho 22, 2008

Serpente?

Entre a lua e o vermelho do pôr-do-sol. Violeta-púrpura, na verdade. Ainda que tudo isso exija atenção, estávamos preocupado com o trânsito, nossas mãos atadas a volantes, telefones ou no descanso a escorar rostos. O vermelho disputava com o freio da dona dos veículos, cuja intensidade imitava a maré. Ia, voltava, e sempre continuaria ali, quando em vez deixaria algum derrotado num porto seguro.
A lua está cheia, e poucos vêem isso.
Talvez nem seja real mesmo.


terça-feira, junho 17, 2008

Lentes Corretivas

Hipermétropes nasceram com a virtude de não conseguir enxergar, ao menos por muito tempo, coisas muito próximas. Míopes, com o prazer de tocar tudo o que os olhos vêem com exatidão.
De naturezas opostas, complementares.

Se não da vontade de ser outrem, por que das lentes corretivas?
Ainda sim, nunca se fica completo.

Na normalidade das coisas, vejo longe... e não usarei nada disso.
Absolutamente.


terça-feira, junho 10, 2008

Um tanto real...

Incrível como circunstâncias suprimem o desejo da escrita
Lutarei como os bravos.
Ainda sim, falta um tanto de sentido...


quinta-feira, junho 05, 2008

O Respiro

A irrealidade é saudável por esconder nas ações a linearidade do tempo. Consegue, sem muito esforço, tornar os dias mais curtos para o bel-prazer daquele que pouco prazer tem nas atividades cotidianas. Seria covardia culpar compromissos fatídicos, ao menos os carregados de desprazer, como responsáveis por minguar o ímpeto da impossibilidade romântica.
Certa vez cri no ponderar das coisas como chave para importar aos fatos o real valor de sê-los, fazê-los e suprimi-los.
Ainda que houvesse certeza de que as conclusões eram boas, senão fantásticas, volta sempre o desejo de não tornar híbrida a vivência.
Qualquer forma de interpretação da realidade é uma criação fictícia e qualquer realidade de sonho não será bom como o mesmo.

O respiro é igual para as duas vidas.


quarta-feira, junho 04, 2008

Sobre Parte

A gota d'água que se espatifa no chão divide-se em muitas.
Fato é que não sabia ser mais de uma, antes de dividir-se.
Depois de dividida, não sabia que fora uma só, certa vez.


domingo, junho 01, 2008

Sobre Saber

Já não sei quem sou,
P'rá mim um recomeço,
O antes que esqueço,
Esqueci sem pavor.

Entre todo abrir de olhos,
Um pouco de fuga do grito,
Que a irrealidade cala
E a pergunta irrita.

Saber é pior que estar errado,
Pois engana a quem preocupa,
Envergonha quem sofre e
Tortura quem é.


À Paulista de Outrora

A minha Paulista não é mais a mesma. A chuva que nela cai cfertamente não é tão desejada, posto que poças inexistem e tudo o que lava, flui rapidamente agora.
O vento lapidou-a mais rápido do que se poderia prever, tornando em ruínas o meu passado, confrontando os olhos com tudo o que via e agora vê.
Agora tudo é segredo, na particularidade do que existia, certo e firme, não precisavámos de corrimões. Como bengalas, eles enfeitam a grande escadaria por onde vezes subi, diariamente - confiante ou não. A minha escadaria não existe mais.

A minha Paulista, menos ainda.

Não somos mais os mesmos.

Ambos.

Fato.


sexta-feira, maio 30, 2008

Emplastro 42

- Agora sim...claro!
- Hmmmm... o quê?
- O porquê disso tudo...a gente às vezes esquece.
- ...?
- É... um emplastro. Quase 42.
- Emplastro 42?
- A razão da existência de tudo isso. Simples.
- Se você diz...


Chuva na Endres

Ó Blog, o ausente perdoe!
Antes que tarde o sino soe
Do fim dos tempos idos,
Não se sinta comprometido

A esperar o tolo em vão,
Que cada vez mais fugido,
Sem aparente razão,
Sente as idéias, contido.

Que em outra rua senão,
Paulista de outrora,
Na Endres de novos tempos,
Nunca mais será são.


segunda-feira, março 10, 2008

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Meio tempo

Voltamos ao que somos, mais cedo ou mais tarde.
Assim como o dia vira noite. Da noite se fizera e retorna ao que é.

E se um dia houver o desejo pelo dia mais longo, cairá pelo mal da noite mais longa.
Certeza de que ambos terão a duração usual, porém as sensações prolongadas dos desprazeres será inexoravelmente vívida. Posto, claro, pelo desconcerto já há muito conhecido, as noites serão longas insones.

Carpe Diem dormindo. Os dias não têm a mesma cor de antes.
E como uma vontade absoluta que consome aos poucos, pelo desejo de desfazer-se em própria angústia, esvaindo o pouco que não se recompõe, um instante a mais na tentativa de torná-los: em vão. O dia merece pouco ou quase nada.

A noite tampouco.
Falta faz um meio tempo.


quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Ao Ódio

Bom dia!
Sente-se.
Aceita um café, um biscoito..
Água?
Ah..claro. Você está sempre bem.

Que bom!


quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Dos Sapatos

É fantástico o agradecimento pela ausência.
Pois sapatos não precisam ser de cristal para causar reviravoltas.

Nem precisam ser metáforas para fazerem sentido.
Não precisam ser de sapatos os pés da princesa, nem de sapatos a aspirante.

De pato a cisne não há ligação por sapato.
E agradeço a ausência devida de sapato.

Pois certamente, de sapato, haveria desculpa alguma.


quinta-feira, janeiro 10, 2008

Niver

"As pessoas ficam felizes por você fazer aniversário. Todas sorriem e te desejam tudo de bom...sorrindo!
Talvez seja mais importante para elas...
Ao menos não devemos interromper o momento de felicidade alheio".