Sombra.
Esconde-se quando não a percebo e me assombra em todos os outros casos. Ocupa mais tempo minuciar sua forma do que compreender sua razão de existir.
É como ficar ao sol e observá-la defasada. De meses, anos. Biênios, talvez? Sei que representa algo que tenta pertencer ao novo mundo.
Faz-se de bondosa, brincalhona. Só não cabe, não serve. As formas são outras e dificilmente se liga uma sombra desfigurada a um corpo mudado. É clichê pensar que só ocorre por causa da enorme claridade que surgiu nos tempos recentes? Pode ser.
Até se descobrir o que é realmente novo, ficamos com um clichê emprestado, como luva ou terno que não veste muito bem. O incômodo e desconforto causado é, na maior parte das vezes, de quem sabe da história ou é crítico, não de um observador externo qualquer.
O novo é um luxo que aflora, como a vida que da terra surge. Não se consome. Consome e nasce.
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