Pois um dia você se sente acorrentado. E não pelo costumeiro pensar, da evolução de um relacionamento que tolhe qualquer coisa. Afinal, ainda que haja corrente - o que não é o caso - esta pode ser removida a qualquer momento.
Simplesmente não é o caso. A cabeça muda, junto com as ideias e a consciência do que realmente se deseja. E tudo melhora.
As correntes aos quais me refiro são as invisíveis, pequenas, que vão aderindo ao seu corpo e exigindo inúmeros detalhes e bobagens que se aquiesce e, pouco tempo depois, percebe que está parado. É um 'deixar para depois' que a burocracia convida, 'contornar' exigências estúpidas. É perder tempo. Ao que fomos criados: produzir, imaginar, inventar, pesquisar. Ao que nos tornamos: preenchedor de papeis para ...
Para quê mesmo?
Para justificar a padronização d'algo? Facilitar a vida de alguém, alguém cujo trabalho é exatamente esse, talvez?
E se terceiriza as responsabilidades, o serviço e tudo o mais? Não se terceiriza a falta de paciência. Tampouco o que nos torna únicos. Não há como explicar que se deve pensar dessa maneira ou outra, ou sugerir uma pausa para um café e esperar que alguém tenha 'aquele' estalo e venha dizê-lo à você.
Desejam que sejamos máquinas de uma produção sem sentido. E, no dia-a-dia, até nos convencem.
Mas nem sempre é assim.
Tem dia que dói. Que a carteira já está aberta, os paus mexidos e nem assim anda. Se sente congelado, recebendo lambidas de provocação e risos pelas costas. Numa outra vibração, olhos e vista turvos.
É dia doído. Peso.
E se deseja saber de nada disso e fechar os olhos mais cedo. Até conseguir esquecer um pouco e voltar ao que era antes. Um pouco de invisibilidade, novamente. Se nunca houve estado sem essas correntes, a memória curta fará se acostumar novamente, rápido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário