quinta-feira, dezembro 12, 2002

A Ordem

Há maneiras de enfrentar os devidos obstáculos. Os afobados, ao verem o buraco próximo, continuam a correr e assim se atiram ao lado de lá, seguros, mas é provável que se encontrem distantes demais e possivelmente não terão forças para se erguerem em apenas um dos braços. Vêem, portanto, o chão mais próximo, e cada vez mais próximo até não ver mais nada.
Já o sábio, deixa os afobados se apoderarem de todo o abismo, mas não deixa tornarem-se sua ponte. É fraqueza pisar na incompetência alheia, já é superior, pensa. O inimigo acredita que ele se encontra amedrontado e precipita-se, mergulhando no fim. Enquanto isso o sábio dá um passo atrás para o pulo, e assim dá dois a frente, pois consegue tomar suas coisas de volta. Executa o que esteve em pensamento, sem olhar pra baixo.
Daqui o horizonte ficou mais amplo.


segunda-feira, dezembro 09, 2002

Inescrupulosos

Palavrões são formas sagradas de se expressar, cabendo apenas o momento e circustância serem definidores de suas intensidades. Tal qual demorei muito p'rá saber grande parte dos significados das palavras empregadas, acho um absurdo dizerem-nas perto de crianças, que vão utililizá-las sem ao menos ter idéia do que se tratam. Digo isso por ouvir crianças dizendo os maiores absurdos a seres inanimados, xingando arduamente seus ditos "criadores".
Que educação é essa que ensina coisas por osmose, malcria seres humanos. De tamanha violência parecem aprender que assim é a vida: os mais fortes sobre os mais fracos, sobre qualquer forma de intelecto. Qualquer utilização do dom humano para resolver os problemas externos são discriminados por uma cultura seca, dita da vida, que seus pais insistem em pôr-lhes na base da força.
Quando é que vão ensinar às crianças o poder do saber, a cultura, as vias de raciocínio, as maneiras de desviarem dos problemas comuns que enfrentam? Quando é que serão tratadas como seres humanos?


quarta-feira, novembro 27, 2002

Sistema de Equações

I) Minhas indagações ultrapassam o plano metafísico.
II) No plano físico as coisas podem ser ouvidas.

De I em II:

As minhas indagações foram ouvidas. (III)

Donde, em III, conclui-se que parte das indagações foram atendidas e suas consequências, inesperadas. Foram, talvez, mal entendidas.

De I, II, III: não devia ter indagado, sequer dito. Assim não ficaria sem rumo. Obrigado.


terça-feira, novembro 26, 2002

Deusa do Mar e da Terra

Já foram muitas as ondas passadas. Contadas da areia pareciam finitas, tinham a esperança de que ela voltasse. Mas o que me faz pensar que ela volta?, deve estar no alto mar, a ver todas as constelações que tanto quis. Estrelas estas que não pude mostrar, e o inconsciente dizia ser por justa causa, o que sou para dizer "não" ao sábio destino?
Não teria cacife de dizer que a brisa do mar é preguiçosa e não fará força para trazê-la, seria o mesmo que tachar andarilho um alguém com família, casa, fixo.
Não faço promessas, além das já feitas. Não posso gritar seu nome a ecoar pelo espaço para quem sabe em algum lugar encontrá-la. De que adiantaria a voz e tê-la próxima como desejo se ainda sei que a distância faz certo bem.
Maldição.
Iemanjá, me abstenho de pedir misericórdia desde pobre pescador, só vos peço que interceda de maneira favorável. Devo algumas palavras a ela, não deixe que se vá sem que eu consiga proferí-las.
Que seu sopro de manhã possa trazer o perfume daquela que foi, e não mais voltou.



sexta-feira, novembro 22, 2002

Ó Byron!

Diabos, levem-na daqui,
Ou, deixem-na e vão.
Não entendo sua intenção,
Há inda o nada adquirir.

Nade, a contrariar a corrente,
Odeie o correto, vasto mundo.
E se na história há vagabundo,
Há de fugir descontente.

Infeliz daquele que pôde ouvir,
Suas palavras doces ao pé do ouvido,
E como finito o amor, teve de seguir
A fugir dos prantos falsos, fingido.

Mas a noite teve de esperar,
Não havia nada senão o perfeito,
Estava ele nos bares direitos,
Esperando o triste dia acabar,

Mas este, contraria o amor,
Quis demonstrar uma reflexão:
Não troque por nada a solidão,
Por mais que ainda haja dor.


quinta-feira, novembro 21, 2002

S. m. Bras. Pop. 1. diabo

Sorri, como poucos. Mui bem pode destruir tudo, e tu. Não, não fujas, dormes com este inimigo. O faz tal qual outrora já houve historia, não estranhes se tem cara trívia. Se fugires sabes bem que terá alvo definido, zela por mim.
Difere do mito por não apunhalar-nos pelas costas, mas pela frente e na frente. Olhos não vêem e o maldito coração ainda sente.
Se, se, se. Há de haver dia qual o momento-vida não seja sofrer.
Espero inda, amar o inimigo, que suma.


quarta-feira, novembro 20, 2002

Dorme-se

Eu durmo,
Tu dormes,
Ele dorme.

Nós dormimos,
Vós dormis,
Eles não dormem.


domingo, novembro 17, 2002

Desumana

Não devia ter feito.
Não devia.
O dia em que a Terra devia ter parado.
O dia em que acordei,
Não devia ter acordado.
Não me venha com aquelas palavras sábias,
Desista de dizer que não houve falha
Nem pena aceito porquanto não mereço.
Fruto dum ano inteiro,
Das horas extraordinárias,
Da farsa insistida.
O sacrifício de uma vida,
Em pouco tempo, destruída.
Pede, ainda, os olhos erguidos,
A cabeça levantada.
Não.


segunda-feira, novembro 11, 2002

Coexistência

Eu penso, coexisto.
Se existe uma avenida que todos conhecem e meu nome sequer existe, posso assim dizer que a existência exagerada do cartão-postal me leva à coexistência.
Sou mais um destes que nas ruas andam, cabisbaixos à espera de milagres. Como não existem, prefiro ficar somente com as sensações.
Ainda acredito não ser a solução destruir a avenida para a minha fama.
Há de no inverso crer, basta reconhecer quem está no pé de quem. Piso num cartão-postal.



Na Sarjeta, Sorrindo

Não tive o prazer de sentar na sarjeta e fumar um cigarro. Não gosto de cigarros.
Senti o vento sobre os meus cabelos, pude sorrir. Sinto como se conseguisse entrar na estrada que me levará ao lugar mais longo de minha vida. Tal qual as estrelas entraram desde a criação.
Se ainda acreditas que as estrelas são estáticas, precisas mudar de mundo.
Devo falar de mim e não de tu. Eu tive o dia.


sexta-feira, novembro 08, 2002

"Uma vez que você tenha aprendido a voar, você caminhará pelo chão com os olhos em direção ao céu; você já esteve por lá, e pra lá você espera voltar." (Leonardo Da Vinci)

Vôo pelo mundo estando com os pés grudados no chão. Vôo pois vejo nos teus olhos o desejo de estar junto a mim, a buscar os céus que tanto admiramos. Não há tormenta neste universo que possa nos derrubar, lembre-se que estás junto a mim, e de tudo te protejo.
Hoje nada me impede, sinto em mim a imortalidade dos Deuses. Por que ainda sentes em tuas mãos a frieza quando estás ao meu lado?
Acredito sim que as estrelas perdem sua graça quando estão próximas, as suas reais qualidades existem por estar distantes, no alto. Mas ainda insisto, por que ainda queres lamentar pelas estrelas, se estás tão alto quanto elas. Acredite, estás no topo do mundo. Ama quem está ao teu lado.
Vivas!Viva.


domingo, novembro 03, 2002

Ausência

Que faz mal fumar cachimbo eu sei, mas que eu poderia sentir vontade de beijar confesso ter sido surpresa.
Fugi pro meu sítio, e nada de novo me ocorreu, apenas um nova constelação que me lembrasse um voto de castidade, sua forma lembrava um terço. Definitivamente não sou católico, mas minha homenagem ao momento foi apelidá-la de Odranus. Tens dúvida alguma de que eu não deveria ter ido só?
Tudo o que eu mais queria era contar sobre e não as estrelas. Quem me dera se ao menos uma vez eu não fosse sozinho, e estivesse de olhos abertos.


quinta-feira, outubro 31, 2002

Matar-se ou Morrer

Suicídio não é morte. Confesso que já pedi p'rá morar em outro lugar senão este, mas nunca pensei em mudar por vontade própria.
Calmamente olhando as pedras do chão, em pleno movimento, atravesso as ruas sem olhar, justo no momento em que puis o pé na faixa de pedestres fecha o sinal. Como de praxe, nada acontece. A chuva, tão adorada por românticos, nada conseguiu além de me molhar. As abstinências não pertubaram quando era madrugada, e o fim não vinha por mais que eu insistisse muito. As perguntas não tiveram respostas, porquanto não foram ouvidas, não mesmo. Esbarrava na multidão e sentia-me estranho por não tocar ninguém. Estava com todos mas não ouviam.
Café estava quente, e os pães-de-queijo frios. Não era sonho. As sombras eram idênticas, mas o reflexo das coisas fez sentido.


Extraordinária

A sucessão aos acontecimentos foi óbvia, sabia bem que não chegaria no alto da montanha, cheguei aos pés, mas incapaz, nada fiz além de observar.
Mas a grandeza do Olimpo se dá por ser inescalável, daí vejo o Olimpo em minha montanha.
Se soubesse que poderia tê-la jamais a teria amado, dito que gostaria de tê-la em meus braços.
Gostaria porque eu não gosto. Amaria como se fosse a primeira, morreria de amor pois não morro nunca.
A ordinária escolha dos dias e sóis fez uma magnificante tranquilidade, sequer a burrice se fez por sabida.
Se houvesse amor em algum lugar, outros não existiriam.


terça-feira, outubro 22, 2002

Há chão!

Devo desculpas a mim, e somente a mim.
Os nomes farão partes de placas de bronze, citações, listas de contatos, listas.
As desculpas são para o erro de crer em outrem romanticamente o correto, não que não estivessem, mas que seus erros humanóides fizeram destruir suas próprias imagens.
Neve, sol, chuva, frio. Vejo de novo, tudo de novo.
A tática de guerra do inimigo era parecida com a que eu tinha, tanto que não vi necessidade alguma de roubá-la. Mas descri em meu exército nefasto, problemático, desrespeitoso e descrente de qualquer possível permanência em vida.
Antes de morrer devemos, pois, pôr nosso papo em dia. As fofocas devem espalhar-se antes do fim.
Devia ter poupado minhas malditas palavras, tenho eu culpa se a existência dos outros não me pertence, e se são estúpidas, porquanto de nada seguem o que elas próprias dizem. Que eu seria? Exemplo???? Que maldito exemplo, não é ouvido. Ótimo exemplo não ser ouvido, prova pela negridão das nuvens que os exemplos não são seguidos. Mais um caso que a ignorância alta prevalece sobre a voz baixa de cultos.
Falem! Cansem e repitam.


quinta-feira, outubro 17, 2002

Sem Título, Sem Lógica, Sem Motivo, Sequer Emotivo

Já não bastasse a neura intermitente que insiste em indicar o futuro sem ter base, não há motivo p'rá viver o dia.
Pára de pensar, imaginar como devia ser.
Chora ao saber que esteve errado esse tempo todo, e como se adiantasse os dizeres insiste inda em derramar lágrimas como se destruissem os erros de antes.
Ri da idiotice estupefata e lamenta ter braços curtos.
Tem medo, e anseia um locus amenus. Finge estar ótimo longe do caos urbano. Acredita em suas próprias mentiras, erro grave.
Os remédios d'antes não mais funcionam. Encara a maldita realidade e finja que é a cura.
Para o desejo romântico compra antibióticos.
Usa a chuva e quebra o pacto, causa impacto.


sexta-feira, outubro 11, 2002

Keep Walking

Não foi humilhante. Apenas as portas do fundo estavam escancaradas. Mais bem-ido pelos fundos do que pela frente.
Mas a volta é gloriosa. Fale o que quiser, mas fale sobre.
Idolatre o que acredita ser o melhor, ser o bom, o ser único. Abre os olhos e vê o novo, vê o que não queria, vê o que não teve olhos p'rá ver.
Imagino já enfeitados todos os muros e mentes desenganadas. Imagino, imagino. Imagina! não dão o braço a torcer.
Sorria, o mundo novo é mais belo que o antigo. O é por ser o atual, o que não é e não tem nada de imposto. Sem antigas instituições.
Curte o momento que é somente seu.



terça-feira, outubro 08, 2002

Penso, Logo Sofro

A vida que quis ser e que não foi.
Resistir ao oásis chamativo, em pleno deserto. Mais vale a sombra da palmeira do que a água refrescante. Sabe-se muito bem que não é real. É molhada, refresca, mas não é real. Não toque. Não mexa. Alguém deve ter esquecido por aqui, e por isso parece só.
Nunca esteve na sua frente, é apenas miragem. Miragem. Mira e vê que não é, que não pode ser. Vê que acorda quando sai da sombra.
Sai, vê a lua.


Wie Nana Di

Tenho não amores e sim dores,
Cãibras e choro.
Tenho ainda amigos verdadeiros,
Aqueles que não conheço,
Sinceros e confiáveis.
São reais, bem como eram pra ser os amores.
Oferecem abrigo da chuva,
Dizem as verdades do mundo,
Desenham o que se quer,
São o que se quer,
São reais.


Mente Limpa

A vida não pode ser isso.
Não pode ser isso.
Não pode!

Por quê?
Porque é estúpido, é infantil.
É egoísmo.
É idiotice.
É a burrice encarnada.
Sou eu.